A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte suspendeu a aplicação de vacinas contra a COVID-19 após os estoques do imunizante se esgotarem. O mesmo ocorre com a vacinação contra a Varicela, também conhecida como catapora, que segue interrompida. Em setembro, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou ter recebido uma quantidade insuficiente de doses contra a doença.
Ainda não há previsão para o recebimento de novas remessas das vacinas, afirmou a PBH, que também disse ter acionado a Secretaria de Estado da Saúde (SES) sobre a situação. A SES é a responsável por receber as doses do Ministério da Saúde e distribuí-las para os municípios. A reportagem entrou em contato com a SES, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que “não há falta de vacinas” e que, apesar da produção limitada de vacinas em todo o mundo devido a problemas com fornecedores, houve redução na quantidade de imunizantes enviados para os estados, sem deixar de atendê-los.
Em outubro, a pasta enviou doses da vacina contra a COVID-19 para todas as unidades federativas, que chegaram a Minas Gerais em 25 de outubro. Em relação à vacina contra a Varicela, o ministério explica que problemas com um fornecedor internacional impactaram a oferta do imunizante.
“Para atender à demanda nacional, o Ministério da Saúde buscou outros fornecedores e fechou aquisições no total de 8,2 milhões de doses para regularização dos estoques. Em 2024, foram entregues 1,5 milhão de doses da vacina contra a Varicela e 2,9 milhões da tetraviral”, explica a pasta em nota. Ainda segundo o ministério, foi realizado um pregão para a compra de mais 69 milhões de doses de vacina contra a COVID-19, que garantirão o abastecimento por até dois anos.
Alerta
A escassez de estoques de vacinas nos postos de saúde tem sido alertada há meses pelas secretarias de saúde de todo o estado. Tanto que, em setembro, a Associação Mineira de Municípios (AMM) enviou um pedido de explicação ao Ministério da Saúde, após receber queixas de gestores de municípios sobre a falta de imunizantes.
A apuração da equipe técnica da associação apontou a falta das vacinas Tríplice Viral, Hepatite A, Febre Amarela, Varicela, Raiva em cultura celular/vero, Meningocócica Conjugada grupo C e Meningocócica Conjugada ACWY.
O médico infectologista Leandro Curi explica que o atraso no calendário vacinal é motivo de preocupação, pois algumas doenças têm caráter sazonal, com pico de infecções em determinada época do ano. Ainda assim, a falta de estoques da vacina contra a COVID-19 em Belo Horizonte não é motivo de alarde. “Algumas semanas de atraso, eventualmente meses, podem não representar necessariamente um aumento drástico de infecções”, defende.
O especialista ressalta que, tão importante quanto manter as doses em estoque, é garantir que as pessoas vão aos postos de saúde. Conforme explica, as taxas vacinais de todos os imunizantes têm diminuído. “É fundamental que, quando disponibilizados os calendários vacinais, seja feita a vacinação correta da população-alvo”, finaliza.
Números
A vacinação contra a COVID-19, ofertada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), chegou à quarta dose (ou segunda dose de reforço), destinada a pessoas a partir dos 5 anos de idade que tenham maior vulnerabilidade ou condição que aumente o risco para formas graves da doença. É o caso de pessoas imunocomprometidas, com comorbidades, com mais de 60 anos, entre outros.
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Os números gerais da imunização contra a COVID-19 na capital mineira são de 94% da população vacinada com duas doses, 65% vacinada com três doses e 25% vacinada com quatro doses. Os dados foram atualizados em 19 de novembro pelo Ministério da Saúde.