Um áudio compartilhado em grupos de aplicativos de mensagens tem causado alarde entre moradores de Belo Horizonte. De acordo com um suposto biólogo e trabalhador da Vigilância de Saúde de BH, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Venda Nova e hospitais da Região Norte estariam registrando casos de tuberculose transmitida por moscas domésticas ao pousarem sobre a pele humana. No entanto, especialistas ressaltam que a informação é falsa.

 

“A tuberculose, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é uma doença que não se transmite por moscas, nem por mosquitos. É uma doença de transmissão respiratória, por contato com pessoas doentes, por contato próximo. Não existe nenhuma possibilidade de transmissão por vetores como moscas ou mosquitos”, diz a médica infectologista Cláudia Murta de Oliveira.

 

 



 

De acordo com ela, a tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, passada de pessoa para pessoa pela tosse, espirro ou fala. Portanto, não é possível ser transmitida por moscas, insetos ou outros animais. Questionada, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que a informação não procede, pois não há casos de tuberculose transmitidos por moscas, já que o animal não pode ser infectado pela bactéria Mycobacterium tuberculosis.

 

 

“O município reforça que a propagação de informações inverídicas pode causar alarmes desnecessários à população, prejudicando a atuação do poder público”, disse a PBH, em nota.

 

 

Devido ao falso alarde, muitos moradores da capital mineira manifestaram medo, apreensão e dúvidas. No Google, a palavra “tuberculose” ficou em alta nos últimos dias. Dados do Google Trends, ferramenta que mostra as pesquisas realizadas, além de temas, expressões e assuntos em alta, indicam que o estado de Minas Gerais liderou as pesquisas, principalmente de quarta-feira (20) para quinta-feira (21).

 

 

Ainda de acordo com o Google Trends, as palavras “diptera”, “mosca-doméstica”, “verdade”, “Poços de Caldas” e “fake” apresentaram um aumento repentino nos assuntos relacionados. Já as pesquisas em ascensão mostraram os termos “mosca”, “mosca tuberculose”, “mosca transmite tuberculose”, “Maicon tuberculose” e “tuberculose transmitida por mosca”.

 

Além de Belo Horizonte, o áudio afirmava que na cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, também havia casos de transmissão. A recomendação do biólogo na mensagem era que a população não deixasse acumular lixo doméstico dentro de casa, para não atrair moscas, que transmitiriam a doença.

 

Segundo Cláudia Murta, a tuberculose acomete principalmente os pulmões, mas pode atingir vários órgãos, como linfonodos, fígado e, raramente, causar meningite. O tratamento, que pode curar a doença, é disponibilizado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A especialista, no entanto, chama a atenção para outras doenças transmitidas por insetos.


 

“O que precisamos nos preocupar é com a transmissão de doenças que são transmitidas por mosquitos, como todo mundo já sabe: dengue, chikungunya. Essas sim, devemos nos preocupar. Fake news aparecem a todo momento, por isso, devemos ter cuidado com o que é falado e com o que é divulgado”, conclui a infectologista.

 

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Em meio à divulgação falsa, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte divulgou um informe afirmando que a pessoa que gravou o áudio não trabalha na Rede SUS-BH. A pasta reforça que “a propagação de informações falsas pode causar alarmes desnecessários à população, prejudicando a atuação do poder público”.

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