A última visita guiada deste ano ao Cemitério do Bonfim acontece neste domingo (24/11), às 9h. Considerado um museu a céu aberto, a necrópole mais antiga de Belo Horizonte revela, por meio da atividade gratuita, histórias da cidade que atravessam mausoléus, lápides e jazigos espalhados pelo local.

 

 

Nesta última edição de 2024, guiada pela historiadora e professora Dra. Marcelina das Graças de Almeida, da Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), o tema será “Esportes e esportistas no espaço cemiterial”.




 

“Pensamos em personagens do futebol mineiro que estão sepultados ali, como o Jair Bala, do América, ou o Roberto Batata, expoente do Cruzeiro. Além de explorar outras personalidades e práticas, como o escoteiro Caio Martins”, conta Marcelina.

 

A necrópole mais antiga da capital revela, por meio da atividade gratuita, histórias de Belo Horizonte

Leandro Couri/EM


Segundo a professora, serão feitas visitas aos diversos túmulos que conversam com o tema, além de discutir a importância do esporte e, especialmente, do futebol mineiro “mediante o clima de duas equipes mineiras, o Atlético e o Cruzeiro, participando de eventos importantes como as Copas Libertadores e Sul-Americana e podendo conquistar títulos internacionais tão relevantes”.

 


A parceria entre a UEMG e a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte se deu ainda em 2012 e, desde 2018, propõe roteiros mensais específicos, pensando e pesquisando os temas.


Os percursos do lugar, que nasce em junto à capital mineira em 1897, são desenvolvidos em um calendário anual, com a previsão de visitas no último domingo dos meses de fevereiro a novembro, e dura em torno de duas horas.

 

São disponibilizadas 40 vagas com inscrições prévias pelo site da prefeitura, neste link (é preciso selecionar a categoria Parques e Zoobotânica e o serviço da visita guiada). Os participantes devem chegar com dez minutos de antecedência para orientações gerais.


Para aproveitar melhor o passeio, recomenda-se que todos estejam com roupas e sapatos confortáveis, chapéu ou boné e levar sua garrafa ou copo para utilização dos bebedouros. 

 

 

Marcelina destaca que o projeto é muito mais que uma simples visita, mas uma oportunidade para  conhecer a cidade e sua memória. “É feito para ver arte e entender que o cemitério pode ser um espaço de contemplação, apreciação e aprendizado. É uma oportunidade de conhecer novos tempos, legados e ressignificar o espaço como uma maneira de não permitir que pessoas de fato morram, pois isso só acontece quando são esquecidas”.


  

No cemitério, o visitante depara-se ainda na entrada com os dizeres “morituri mortuis”, em latim, e antes que qualquer pessoa alcance os túmulos, seja pela visita ou o desassossego da morte de alguém querido, relembra a finitude da nossa vida. O “momento mori”, ou seja, a lembrança da nossa mortalidade. 

 

Arco de entrada cravado pelos dizeres em latim: "morituri mortuis", aqueles que um dia hão de morrer

Leandro Couri/EM

 

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A professora comenta que a vida é feita de inúmeras camadas, do que está presente e do que passou, mas, sobretudo, dos ancestrais que o compuseram.  

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

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