O governo do estado de Minas Gerais inaugurou nesta quinta-feira (21/11), em Belo Horizonte, o Centro de Inteligência em Defesa Civil (Cindec). A estrutura foi montada na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, no bairro Serra Verde, Região de Venda Nova. O centro tem como objetivo integrar uma rede de bancos de dados de diferentes áreas do governo, para realizar análises mais aprofundadas sobre situações de risco e desastres e para prevenir situações de emergência, desde os períodos de chuva e de queimadas, como a situação das barragens localizadas no estado. 

 

 

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), foram investidos R$ 12,5 milhões no projeto. A estrutura conta com um painel de monitoramento de dados em tempo real, além de uma equipe de especialistas para analisar informações meteorológicas, geológicas e pluviométricas que poderão auxiliar na tomada de decisão dos entes federativos envolvidos e da própria Defesa Civil de Minas Gerais.




 

Para o Coordenador da Especialização em Gestão Pública, Proteção e Defesa Civil, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jordan Henrique de Souza, a notícia é animadora, mas o trajeto rumo à “resiliência a desastres ambientais” ainda é longo. O coordenador explicou que o uso da palavra resiliência para o tema é usado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e diz respeito à aptidão de um determinado sistema, no contexto ecológico, de recuperar o equilíbrio depois de ser submetido a perturbações no ambiente.


 

Essa ideia de postura “resiliente", que segundo Souza, foi “sequestrada” da psicologia pode ser um dos objetivos deste centro de inteligência. Com a formação de um banco de dados sólidos sobre infraestrutura, saúde e meio ambiente os órgãos públicos podem capacitar melhor os profissionais, que através de cálculos matemáticos conseguirão prevenir os desastres ambientais e principalmente, os danos humanos.

 


“Nós acadêmicos, na verdade somos contrários ao uso do termo ‘desastre’ natural. O evento é natural, a chuva e o deslizamento são eventos naturais. Mas o dano humano não. A gente precisa que essas tecnologias previnam que essas pessoas sejam prejudicadas”, destacou o professor.


 

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, esteve presente no evento e, de acordo com o MPMG, declarou que a Cindec pode contribuir para tornar Minas Gerais referência nacional na prevenção de desastres, além de fortalecer o apoio que a Defesa Civil Estadual presta aos municípios. Jordan Souza destacou que projetos como este estão focados na defesa civil, mas podem ter impactos em diversos outros setores, como na própria mobilidade urbana.


É o que explica o o chefe do Gabinete Militar e coordenador estadual de Defesa Civil, coronel Paulo Roberto Rezende: "O período chuvoso, por exemplo, coincide com o período de férias, e com um período de intensa movimentação das estradas. Muitas vezes, as estradas estão mais perigosas por estarem molhadas e escorregadias. Então, teremos um banco de dados do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG) acoplado no Cindec. Fora isso, temos uma série de monitoramentos que também servirão de bases para cruzarmos essas análises”. 

 


Ainda segundo o MPMG, na prática, o Cindec irá integrar uma rede de bancos de dados de diferentes áreas do governo. Esse trabalho irá permitir que outros setores, como os de infraestrutura, saúde e meio ambiente, por exemplo, possam contribuir com informações em um único sistema, organizado pelo Centro de Inteligência.


A promotoria informou ainda que o Cindec estará integrado com ao sistema de monitoramento de barragens do MPMG. O coordenador explicou que incluir o monitoramento de barreiras artificiais como responsabilidade também de um centro de inteligência é muito importante: “Muitas vezes o processo de comunicação entre as mineradoras e a defesa civil é muito manual e longa, com o centro podemos ter uma comunicação mais automatizada e agrupar as informações em um só local”.

 

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Manter as informações em um lugar só é um tema pertinente para área da defesa civil, já que, segundo Souza, os profissionais tendem a não permanecer muito tempo nesses órgãos, o que impossibilita o desenvolvimento de trabalhos mais longos: "A constante movimentação destes profissionais faz com que se perca o conhecimento desenvolvido nos municípios, prejudicando a criação de um banco de dados sólidos e estudos históricos”. 


O coordenador frisou que o trabalho realizado por uma  equipe multidisciplinar como a que vai ser formada no Cindec, impacta principalmente a realidade de municípios que ainda lidam com tecnologias precárias e por vezes possuem apenas um agente da Defesa Civil em serviço. “Se o estado está forte com essas informações, e com mais profissionais capacitados para receber esses alertas, a população fica mais segura e fica mais fácil planejar as cidades”.


O governo do estado informou que, em breve, o Cindec estará disponível para acesso da população, gestores e especialistas, como uma plataforma gratuita e online.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos

 

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