O homem filmado  “chicoteando” um homem negro em Itaúna, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, preso nessa quinta-feira (21/11), tem passagens por furto e violência doméstica. De acordo com a Polícia Civil (PC), o homem, de 44 anos, foi identificado depois de as imagens repercutirem nas redes sociais e teve a prisão preventiva cumprida.

 

 

O vídeo, divulgado nas redes sociais neste mês, teve grande repercussão no Dia da Consciência Negra, celebrado na ultima quarta-feira (20). As imagens mostram um homem branco oferecendo R$ 10 a um homem negro, visivelmente em situação de vulnerabilidade, identificado como Djalma. Para receber o dinheiro, Djalma precisaria aceitar ser agredido com um cinto. A violência mediante humilhação fez alusão à chicotadas.

 

Segundo o chefe do 7º Departamento de PC, Flávio Destro, a polícia tomou conhecimento dos fatos na noite de quarta e início do dia de ontem e logo começou a investigação. As imagens, que chocaram os internautas, também revoltaram os profissionais que apuraram os fatos.

 



 

O chefe do departamento Flávio Destro disse que Djalma não deveria ter apanhado por ser usuário de drogas ou uma pessoa em situação de rua. Ele ainda ressalta que o mais preocupante do vídeo foi o autor do crime gravar e ainda divulgar as imagens legitimando a violência, naturalizando a “ação covarde”.

 

 

“Confesso que nunca me deparei com um vídeo tão forte, com imagens tão marcantes como essa. Embora a gente encontre ao longo da carreira casos graves de homicídio, com mortes, casos de violência física extrema, mas o contexto em que esse vídeo foi gravado [mostra] não apenas a violência em si, mas a humilhação imposta à vítima. O que causa repulsa é o contexto do vídeo”, conta Destro.

 

O agressor, natural de Pará de Minas, na Região Central de Minas, foi encontrado em Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro, e foi intimado a prestar depoimento na delegacia. Ele responderá pelos crimes de racismo e tortura. A pessoa que filmou a ação, também já identificada pela polícia, vai responder por omissão diante da agressão.

 

 

"A princípio, o autor é investigado pelos crimes de racismo e tortura, podendo inicialmente a pena ser superior a 15 anos, mas outros eventos também podem ser apurados diante da complexidade da investigação", afirmou o delegado Leonardo Moreira Pio.

 

Inicialmente, Djalma foi identificado como uma pessoa em situação de rua, mas a Prefeitura de Itaúna informou que ele possui casa, familiares e que faz acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) desde 1995. Segundo o Poder Executivo municipal, Djalma é acompanhado diariamente nos CAPS AD e CAPS II para ações de redução de danos e acompanhamento multiprofissional.

 

 

A vítima, inclusive, compareceu ao CAPS AD nessa quinta (21), foi acolhido e recebeu assistência dos profissionais, cujo trabalho rotineiro de acompanhamento será continuado. A Polícia Militar (PM) esteve no CAPS colhendo informações sobre o caso.

 

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Em relação ao vídeo, a Prefeitura afirma que a responsável legal e curadora dele já foi devidamente orientada sobre representar o boletim de ocorrência. A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Rede de Apoio Psicossocial (RAPS) local, “lamenta e repudia o ocorrido, colocando-se à disposição para acolhimento tanto do Djalma quanto de seus familiares”.

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