Seis testemunhas foram ouvidas durante o primeiro dia de audiência do julgamento de Marcélio Lima de Barros, de 57 anos, nesta terça-feira (26/11), em Belo Horizonte. O homem é acusado de matar o funcionário de uma concessionária na Região da Pampulha. Dos intimados a prestar depoimento ao júri, cinco eram da acusação, e um, da defesa. O segundo encontro foi marcado para fevereiro de 2025, quando outras testemunhas e o réu deverão ser interrogados.


 

O crime aconteceu em 28 de maio, no Bairro Liberdade. Alexandre dos Santos Queirós, de 65 anos, trabalhava no momento em que foi surpreendido pelo atirador e alvejado, ao menos cinco vezes, na cabeça e costas. Ele era casado há 40 anos e deixou três filhos e três netos. 




 

De acordo com a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, onde ocorreu a oitiva, dentre os ouvidos pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) estão dois colegas de trabalho, o irmão e um filho da vítima. Eles afirmaram em juízo que presenciaram o momento em que Alexandre foi alvejado pelo acusado. 


Além disso, um policial civil, destacado para as investigações iniciais, no dia dos fatos, também depôs. Ao júri, o agente afirmou que ao ser questionado, ainda em flagrante, o réu assumiu o crime e revelou que o motivo seria a insatisfação com a manutenção do veículo. 


 

A última testemunha a ser ouvida foi uma pessoa que já manteve um relacionamento com Marcélio há dez anos. Ela afirmou que, mesmo após o término, manteve amizade com ele e ficou surpresa quando soube dos fatos, uma vez que o considerava uma pessoa calma e com jeito apaziguador. 


O crime


Marcélio foi detido no dia do crime ao tentar fugir em seu carro. Ele foi interceptado por uma guarnição do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), na Avenida Pedro I, no Bairro Itapoã, na mesma região que a concessionária. O veículo usado para fuga, a arma do crime e uma faca de caça foram apreendidos. 


À Polícia Militar, o suspeito informou que, em 2022, levou seu carro até a concessionária para resolver um problema de “bomba d’água”. Na ocasião, a vítima passou a ele um orçamento de R$ 3 mil para reparos. Uma semana depois da manutenção, outro problema teria aparecido no veículo, após uma tempestade. Ao procurar a vítima, o autor alega que foi tratado de maneira “grosseira e arrogante” e, por isso, resolveu buscar outro fornecedor de serviço, que cobrou mais R$ 2.500. 


Apesar do desentendimento ter acontecido há, pelo menos, dois anos, o atirador afirmou que continuou revoltado com a situação. Ainda conforme seu depoimento, o homem decidiu se vingar do funcionário depois que ficou desempregado e por acreditar que a vítima teria estragado seu veículo de propósito. 

 

A pistola usada teria sido comprada pelo suspeito em 2001, em um clube de tiro no Bairro Gutierrez, na Região Oeste da capital, por R$ 2 mil. O equipamento estava com o número de série raspado. Aos policiais, o proprietário afirmou que apagou a inscrição há cinco dias, já premeditando cometer o crime. Também foi autuado por porte ilegal de arma.


Homicídio


Imagens de câmeras de segurança flagraram o ataque. Nas gravações, é possível ver o funcionário andando até seu guichê, logo depois do mostruário de veículo, na parte interna do imóvel. No canto do vídeo, o suspeito vestindo camisa preta aparece seguindo a vítima. 


Ao se aproximar, o homem saca uma arma de fogo e começa a disparar sem se preocupar com a loja cheia de clientes e funcionários. A vítima então cai no chão, mas o atirador continua descarregando o revólver. O crime foi presenciado por funcionários e clientes que estavam dentro do estabelecimento. Nas imagens, um homem que estava ao lado da vítima tenta se esconder atrás do seu guichê.


Informações preliminares da perícia indicam que o funcionário foi atingido por, ao menos, cinco disparos, sendo dois no rosto e três nas costas. O Serviço de Atendimento Móvel (SAMU) chegou a ser acionado, porém a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal  Dr. André Roquette (IML), na capital. 


Por meio de nota, o Grupo Líder, proprietário da Concessionária Mila, onde os fatos ocorreram, afirmou que o suspeito nunca foi cliente da empresa. A empresa diz ainda que desconhece qualquer episódio que envolva acordo comercial que não tenha seguido os protocolos e as normas do grupo.

 

O Líder ainda se solidarizou com os familiares e amigos da vítima. “Cabe ressaltar que o funcionário de longa data da Concessionária, até então, sempre cumpriu com afinco as funções a ele atribuídas."


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A morte de Alexandre deixou amigos e familiares consternados. Ele foi sepultado no Cemitério Bosque da Esperança, na Região Norte de Belo Horizonte. A pedido da família, foi permitida apenas a entrada de parentes e amigos. A única manifestação foi feita por um funcionário da empresa, colega da vítima, que disse que "todos esperam por Justiça".

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