A mulher suspeita de envenenar os filhos de 18 e 12 anos no dia 19 de novembro, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, teve a prisão preventiva decretada nessa terça-feira (26/11). Os filhos deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (Upa) da região na semana passada, mas a jovem de 18 anos faleceu no domingo (24). O menino, de 12 anos, segue internado no Hospital João XXIII, na Região Centro-Sul de BH, em estado grave.

 

A mulher, de 40 anos, é a principal suspeita e foi presa em flagrante pela Polícia Civil (PCMG) horas depois da morte da filha. Agora, a prisão foi convertida para preventiva. De acordo com relato da suspeita, em registro policial, no dia em que os filhos deram entrada na Upa, o almoço foi arroz, feijão, chuchu e frango feito em casa por ela. As vítimas teriam almoçado, mas a mãe conta não ter se alimentado por estar sem apetite. Na janta, a mãe relata ter comido a mesma comida que o filho.

 



 

Perto das 21h30, a criança começou a sentir dor de cabeça e suor. A mãe relata ter colocado o menino no chuveiro, quando a criança começou a ficar pálida. Diante da situação, a mulher conta que gritou para a filha mais velha ligar para o pai e pedir ajuda. O homem mora na casa vizinha com a irmã. O pai, junto com o tio das vítimas, levou a criança para Upa Venda Nova.

 

 

A menina, de 18 anos, ficou em casa, começou a passar mal perto das 22h e também foi para a Upa Venda Nova. Quando a jovem chegou à Upa, o irmão já havia sido reanimado com sintomas de envenenamento por meio de medicamentos. Os médicos constataram os mesmos sintomas na menina e as duas vítimas foram transferidas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII.

 

Cinco dias depois de dar entrada no hospital, a menina, de 18 anos, não resistiu e morreu. De acordo com a Polícia Civil, o corpo da jovem foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para necropsia. A mãe das vítimas recebeu voz de prisão e foi conduzida até a sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), local onde foi ouvida e encaminhada ao sistema prisional.

 

 

Ainda conforme a PC, a perícia já esteve na casa da família, onde realizou os procedimentos de praxe e recolheu material para análises. Os trabalhos da equipe de investigação já começaram. A necropsia constatou que a filha que veio a óbito teve como causa da morte intoxicação exógena por carbamato/organofosforado, substâncias de inseticidas comuns, evoluindo com choque séptico com foco pulmonar.

  

De acordo com o Ministério da Saúde, a intoxicação exógena é causada pela interação de substâncias químicas com o sistema biológico. Pode ser causada por exposição a substâncias presentes no ambiente, como ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos, ou por substâncias isoladas, como agrotóxicos, medicamentos, produtos de uso doméstico, cosméticos, drogas, entre outros.

 

Em depoimento, o pai das vítimas informou que se separou da autora do crime há cerca de cinco meses devido a desentendimentos entre o casal. Ele alegou, ainda, que há 15 dias antes do envenenamento, ele foi a um sítio da família da mulher, em Lagoa da Serra, em Jaboticatubas, região Central de Minas Gerais, para passar uns dias com os filhos.

 


No local, ele ingeriu apenas café, feito pela mulher, e passou mal horas depois. Ele apresentou fortes sintomas de espasmos intestinais, além de diarréia e vômito. O homem relatou ter encontrado também uma caixinha de veneno para insetos, mas não imaginou que teria sido envenenado. O pai disse, ainda, que há cerca de três meses a mulher e os filhos sempre estavam passando mal e que o menino estava com "o pé inchado".


No dia do envenenamento, o pai conversou com a médica que realizou os atendimentos das vítimas, que lhe informou que a dosagem de veneno ingerida por elas foi muito, "para matar". O homem relatou que a filha mais velha dele recebeu uma mensagem da autora dos crimes, no dia 6 de novembro, com os seguintes termos: “muita gente vai chorar; quando isso acabar; mais a maioria por não acredita na gravidade da situação; minha família sempre foi desgovernada; cada um vivendo por si”.


Ao ser questionada pelos policiais sobre a causa do envenenamento dos filhos, a mãe disse “nada saber”. Os policiais também a questionaram sobre uso de medicamentos psiquiátricos, ocasião em que ela afirmou que faz uso do medicamento Venlafaxina 37,5mg (antidepressivo) e Hemifumarato de Quetiapina (para esquizofrenia). Já o irmão da mulher informou que a irmã "não estava boa de cabeça".

 

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Diante dos fatos, a Justiça determinou que a prisão em flagrante da mulher fosse convertida para preventiva. Em caso de julgamento, ela pode pegar mais de trinta anos de pena devido aos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado.

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