O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), composto pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pelas Polícias Civil (PCMG) e Militar de Minas Gerais (PMMG), apresentou os primeiros resultados da Operação Êxodo, desencadeada na manhã desta quarta-feira (27/11) e que tem como alvo o grupo carioca do tráfico de drogas Terceiro Comando Puro (TCP). Foram cumpridos 106 mandados de prisão, busca, apreensão pessoal e domiciliar, em Belo Horizonte, Contagem, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu (PR), Praia Grande (SP), Ribeirão Preto (SP), São Bernardo do Campo (SP), Paranaíba (MS), Sinop (MT) e Britânia (GO). No total, foram bloqueados R$ 345 milhões, dinheiro desviado pela suposta organização criminosa.
Em Belo Horizonte, a operação se concentrou nos bairros Alto dos Pinheiros e Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste, e teve a participação de nove promotores de Justiça, três delegados, 100 policiais civis, 80 militares, dois policiais penais e servidores administrativos da PCMG, bem como cães dos canis da PCMG e da PMMG e os helicópteros das polícias.
Para a coordenadora do Gaeco em Minas Gerais, Paula Ayres Lima, a operação é resultado de cerca de dois anos de investigações, e o resultado mostra a importância do trabalho conjunto das forças de segurança. “Além da apreensão de drogas e armas, combatemos também a exploração de lícitos feitos pela organização criminosa, que são a internet e o gás. Eles montam empresas fictícias para a lavagem de dinheiro. Essas empresas não têm funcionários e não pagam impostos, são montadas apenas para lavar o dinheiro do tráfico”.
Segundo o delegado Marcos Vinicius Lobo Leite Vieira, da Polícia Civil e que integra o Gaeco, as investigações identificaram uma organização, “Sala Vip”, montada somente para burlar a investigação e a fiscalização. “Ela era vinculada ao TCP e servia apenas para lavar dinheiro e despistar a polícia."
Conforme o delegado, foram mapeados integrantes em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. “Esses integrantes mexiam, na verdade, com o tráfico de drogas, tráfico de armas e lavagem de dinheiro."
No total, somente no primeiro dia, explica o delegado Marcos, foram cumpridos 79 mandados e presas 14 pessoas nos sete estados. Em Minas Gerais, aconteceram dez dessas prisões. Além disso, foram apreendidas 188 barras de maconha, um fuzil, dois revólveres, duas pistolas e munições. No Rio de Janeiro, um celular foi apreendido dentro de um presídio.
BH é diferente
O tenente-coronel Flávio Santiago, do Centro de Jornalismo da PMMG, lembra que "Minas Gerais é o dos poucos estados em que uma viatura da Polícia Militar consegue subir uma favela, sem ser retaliada". "Os segmentos tentam se estabelecer no estado, mas o combate é positivo até agora. Minas é um exemplo de combate ao tráfico de drogas no Brasil. Quem manda em Minas Gerais são as forças de segurança", diz.
A coordenadora, Paula Ayres, fez um elogio ao Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), do Rio de Janeiro, que possibilitou a entrada das forças do Gaeco, em um aglomerado da cidade do Rio de Janeiro.
O delegado Marcos Vinícius diz que três dos mandados de prisão ainda não foram cumpridos, um deles, contra Paraíba, um dos líderes do tráfico no Alto dos Pinheiros e Cabana do Pai Tomás. Mas dois de seus irmãos já estão presos.
O principal foco, nesse momento, segundo o delegado, é o dinheiro: R$ 245 milhões bloqueados pela Justiça. “A lavagem de dinheiro foi o foco principal. O grupo criminoso usava pessoas físicas sem envolvimento com o crime. São pessoas que recebiam para emprestar o nome. Além deles, pessoas jurídicas criadas especificamente para lavar o dinheiro do tráfico. Cada uma dessas pessoas, que foram alvos dos mandados de prisão, são aqueles que agiam de livre e espontânea vontade”, diz o delegado.
Marcos Vinícius e Paula Ayres ressaltam ainda que os grupos criminosos usavam, em Belo Horizonte, a mesma tática usada no Rio de Janeiro, de copiar símbolos, como a Estrela de Davi, de Israel, e slogans evangélicos, mas que não há envolvimento de nenhuma igreja. São menções do antigo testamento, que servem para convencer as pessoas a participar do grupo.
O Gaeco anuncia novas operações contra grupos de traficantes. Os locais não foram anunciados, mas é certo que os alvos são o Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), além do TCP.
A operação, que se concentrou em Belo Horizonte e Contagem em Minas, nesse momento, vai acontecer em todo o estado, pois sabe-se que essas facções atuam, também no interior. “O que temos em Minas, não são esses grupo cariocas, mas sim grupos locais, ligados a essa turma do Rio de janeiro”, afirma o delegado.
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