À medida que a noite avança sobre Belo Horizonte, a Praça da Liberdade se transforma em um espetáculo de luzes, sons e tradições. Nas escadarias do Palácio da Liberdade, agora chamado Palácio do Natal, mais de 250 artistas se reuniram, na noite desta segunda-feira (2/12), para um dos momentos mais aguardados do Natal de Mineiridade: a cantata "Cante Comigo".
Em cena, corais, bailarinos e atores uniram música, dança e dramaturgia para celebrar não apenas o Natal, mas também o aniversário de 304 anos de Minas Gerais, em um evento que mesclou tradição e modernidade. Um mapa feito com velas representou os 853 municípios mineiros, com uma vela maior destacando a capital.
O público, inicialmente tímido, logo foi atraído pela curiosidade típica mineira, parando para admirar o evento em meio à decoração deslumbrante. A alameda principal da Praça conduzia os visitantes por um túnel de luzes vibrantes até a imponente fachada do Palácio, adornada com símbolos natalinos e iluminada como nunca. À frente do edifício, um presépio artesanal criado pela artista Anísia Lima, em homenagem ao Vale do Jequitinhonha, encantava com figuras que refletiam traços típicos da cultura mineira.
No palco, tradição e modernidade foram representadas pela história de Dona Maria, uma avó do interior de Minas que viaja à capital para reencontrar os netos universitários. Entre diálogos cheios de humor e afeto, ela rememora a simplicidade das estações de trem e o cheiro do pão de queijo, enquanto os netos lhe apresentam um mundo tecnológico de telas e redes sociais.
“O espetáculo traz uma brincadeira geracional e mostra como, apesar das mudanças de linguagem e das gerações, tudo se resolve ao redor de uma mesa com um bom café mineiro e um pão de queijo quentinho. Essa é a essência de Minas: acolhedora e rica em cultura”, comenta Felipe Barros, produtor cultural e diretor-geral do espetáculo.
Para ele, o espetáculo reflete os contrastes de um estado que abraça o passado e o futuro, e representa a pluralidade de Minas Gerais. "Essa é a realidade que vivemos hoje. Enquanto a tecnologia avança, ainda há cidades no interior de Minas sem acesso à internet, onde a tradição segue pulsando. A melhor forma de conectar todo o estado é equilibrando tradição e modernidade, e foi isso que trouxemos para o roteiro do espetáculo. Esse conceito é o fio condutor das músicas", disse em entrevista ao Estado de Minas.
Música e a dança como fio condutor
No repertório da cantata, canções natalinas que dialogam com a narrativa ganham vida nos intervalos do espetáculo, como “Seio de Minas”, da cantora Paula Fernandes. Mais de quatro corais participaram da cantata, incluindo o Black to Black, Black to Black Kids, El Shamah e Kerygma. O coral infantil, composto por cerca de 150 crianças, permaneceu em cena durante todo o espetáculo, enquanto os corais adultos se revezavam nas apresentações. Bailarinos da Cia. de Dança Makários também abrilhantaram o palco, integrando coreografias que dialogavam com a narrativa.
Além da performance artística, o cuidado com a inclusão foi um destaque. O evento contou com interpretação em Libras, áreas reservadas para cadeirantes e uma sala adaptada para crianças com transtorno do espectro autista, onde o espetáculo foi transmitido ao vivo. A apresentação também pôde ser acompanhada pelo canal da Cemig no YouTube.
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O evento faz parte do Natal da Mineiridade, promovido pelo Governo de Minas, que conta com 800 eventos distribuídos por 450 cidades do estado, oferecendo uma programação gratuita para todas as idades. Até 6 de janeiro, o público poderá conferir cantatas, exposições, shows, presépios e apresentações de teatro e dança. A iniciativa busca posicionar Minas Gerais como um destino atrativo para o fim de ano, com destaque para suas riquezas culturais, naturais e históricas.