O skatista Josinei Menezes frequenta o parque Lagoa do Nado diariamente  -  (crédito: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press)

O skatista Jolzinei Menezes frequenta o parque Lagoa do Nado diariamente

crédito: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press

O Parque Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, Região Norte de Belo Horizonte, foi reaberto nesta terça-feira (3/12) depois de 20 dias do rompimento da barragem no local. O acidente, que ocorreu em meio às fortes chuvas registradas no dia 13 de novembro, impediu os frequentadores de terem acesso ao espaço de lazer por quase um mês.

 

 

"Quando aconteceu [o rompimento da barragem], eu me senti praticamente um desabrigado. Eu me senti como se fosse minha casa, porque eu não saio daqui", conta o skatista Jolzinei Menezes, frequentador assíduo do parque. Agora, com a reabertura, ele diz que pretende retomar a rotina e aproveitar as variedades de uso do parque.

 

 

Jolzinei, conhecido também como Jhony, conta que desde a construção da pista de skate no local, em 2016, ele passou a utilizar o equipamento para ensinar a filha, na época com 17 anos, a praticar o esporte. Ao ver a adolescente se divertindo, ele também encarou o skate como um novo hobby e pratica a atividade no local, às vezes, acompanhado da filha e da esposa.

 

O skatista mora na Região Norte e relata que sempre gostou muito do Parque da Lagoa do Nado, principalmente por apresentar diversas formas de lazer, como quadras, espaço para caminhadas e piqueniques, além da biblioteca.

 

 

"Foi muito ruim ter ficado esse tempo sem isso aqui. Eu fui pra Lagoa Santa, que também tem uma pista de skate bem estruturada, porque aqui em BH só tem outra no Parque do Mangabeiras, mas eu moro na Região Norte e o Mangabeiras fica na Região Sul", relata.

 

No período em que o local esteve fechado, ele optou por frequentar outros espaços, mas logo pela manhã de hoje, quando o local foi reaberto, já estava marcando presença. Jhony fez a limpeza da pista de skate para realizar algumas manobras.

 

"Aqui faz parte da higiene mental que eu faço. Eu venho pra andar de skate, mas depois eu dou uma volta no parque, vou na biblioteca. Quando a lagoa estava aqui ainda, eu ia na lagoa. Você consegue aproveitar mesmo aqui, nem parece que você está na cidade", conclui Jhony.

 

 

Para o funcionamento desta terça, todo o fluxo de entrada e saída do parque será feito pela Portaria 2, localizada na Rua Hermenegildo de Barros, 904. O parque estará aberto de terça a domingo, das 6h40 às 21h, mas a entrada, que é gratuita, é permitida somente até as 20h30, pela Portaria 2.

 

 

Diretor de parques e zoobotânica Clair Benfica usa óculos, camisa branca e colete cinza. Ele conversa com a reportagem sobre a reabertura do Parque do Nado

Segundo o diretor de parques e zoobotânica Clair Benfica, o Parque do Nado é um espaço de lazer importante de BH

Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press

 

O diretor de parques e zoobotânica Clair Benfica comenta sobre a expectativa positiva da reabertura do espaço. Isso porque, segundo ele, o local possibilita o momento de lazer de muitas pessoas da região e também de outras áreas da cidade.

 

"A área que está sendo reaberta é a de uso intensivo, com as quadras de peteca, a quadra poliesportiva e a de tênis, a pista de skate, área de piquenique, o bosque que tem o teatro e a tenda de eventos e o Centro de Referência da Cultura Popular. Os outros 80% do parque são da área de preservação, que já tinha um uso restrito, por ser mais próximo a Lagoa. Lá está interditado", conta Benfica.

 

Para ele, é muito importante que a comunidade volte a frequentar o parque, pois a participação comunitária existe desde a construção do espaço.

 

Reabertura

 

De acordo com a PBH, a abertura será feita parcialmente, com prioridade para a área onde estão localizados o playground, a academia a céu aberto, as quadras de peteca, de tênis e poliesportiva, a biblioteca e a lanchonete, a pista de skate, a tenda do bosque e a praça do sol.

 

As outras áreas do parque seguem fechadas para que sejam feitas obras de recuperação e reconstrução da lagoa. Na última sexta (29/11), a PBH finalizou o relatório técnico que detalha as causas do incidente, ao mesmo tempo em que foi multada em R$ 68.393,66 por danos ambientais, pelo Governo de Minas.

 

Barragem da Lagoa do Nago se rompeu durante fortes chuvas em 13 de novembro

Barragem da Lagoa do Nago se rompeu durante fortes chuvas em 13 de novembro

Edésio Ferreira/EM/D.A Press

 

A barragem, que continha cerca de 60 milhões de litros de água — o equivalente a 25 piscinas olímpicas —, não suportou a pressão gerada por chuvas intensas. Apenas no dia do rompimento, em 13 de novembro, 74,4 mm de chuva foram registrados na região, o que corresponde a 31,5% da média mensal. O talude cedeu, liberando um fluxo violento de água e sedimentos que avançaram pela Avenida Dom Pedro I, e interditou temporariamente a via.

 

Causas do acidente

 

De acordo com o Prefeitura de BH (PBH), o relatório técnico preliminar elaborado por uma comissão especial da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), indica que a causa provável do rompimento foi a redução da capacidade de vazão da água.

 

Essa redução da capacidade de vazão teria sido causada pela instalação de um dispositivo para controle do nível de água. A medida e as fortes chuvas registradas no dia do acidente, fizeram com que a barragem, que é de terra, não suportasse o volume de águas e se rompesse.

 

 

O documento aponta ainda que, em relação à gestão de segurança, manutenção e operação da barragem, desde a regulamentação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), em 2019, todos os procedimentos adotados estão em conformidade com a legislação vigente e as boas práticas da engenharia.

 

Em nota, a PBH informou que um relatório foi encaminhado ao Ministério Publico (MP) e uma sindicância para apurar a responsabilidade pela instalação do dispositivo que teria resultado no rompimento será aberta.

 

Multa por danos ambientais

 

O Governo de Minas multou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em R$ 63.356,40 pelos danos ambientais provocados pelo rompimento da barragem da Lagoa do Nado, no parque municipal de mesmo nome, no Bairro Itapoã, Região Norte de Belo Horizonte. A PBH também foi responsabilizada por falta de permissão para a barragem, no valor de R$ 5.037,26, totalizando R$ 68.393,66 até o momento. A PBH informou que ainda não foi notificada sobre a multa e, assim que o for, apresentará defesa administrativa.

 

Os valores foram estabelecidos pelo Núcleo de Emergência Ambiental (NEA), após a realização de fiscalização ambiental na área. A supressão de vegetação e a derrubada de árvores e palmeiras ainda será analisada por órgãos competentes e pode gerar uma nova autuação.

 

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De acordo com informações divulgadas pelo Governo do estado, não foi possível precisar o total de superfície coberta pela deposição do material na fiscalização realizada no último dia 14. Foi estimado que pelo menos 4 mil metros quadrados de material sólido atingiram a área de preservação permanente. Embora 613 animais tenham sido resgatados, a reportagem do Estado de Minas flagrou filhotes de cágados mortos.