Morreu, nessa terça-feira (3/12), o menino de 12 anos que estava internado no Hospital João XXIII, no centro de Belo Horizonte, desde o dia 19 de novembro, com suspeita de envenenamento. A morte foi confirmada por parentes e amigos nas redes sociais.
O menino foi internado junto com a irmã, uma jovem de 18 anos, que também morreu com indícios de envenenamento. A mãe das vítimas, de 40 anos, é a principal suspeita dos crimes e foi presa em flagrante pela Polícia Civil horas depois da morte da filha.
Na última quarta-feira (27/11), a mulher teve a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), ela está detida no Presídio de Vespasiano. Em caso de julgamento, ela pode pegar mais de trinta anos de pena devido aos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado.
Relembre o caso
De acordo com relato da suspeita em registro policial, no dia em que os filhos deram entrada na Upa, o almoço foi arroz, feijão, chuchu e frango feito em casa por ela. As vítimas teriam almoçado, mas a mãe conta não ter se alimentado por estar sem apetite. Na janta, a mãe relata ter comido a mesma comida que o filho.
Perto das 21h30, a criança começou a sentir dor de cabeça e suor. A mãe relata ter colocado o menino no chuveiro, quando a criança começou a ficar pálida. Diante da situação, a mulher conta que gritou para a filha mais velha ligar para o pai e pedir ajuda. O homem mora na casa vizinha com a irmã. O pai, junto com o tio das vítimas, levou a criança para Upa Venda Nova.
A menina, de 18 anos, ficou em casa, começou a passar mal perto das 22h e também foi para a Upa Venda Nova. Quando a jovem chegou à Upa, o irmão já havia sido reanimado com sintomas de envenenamento por meio de medicamentos. Os médicos constataram os mesmos sintomas na menina e as duas vítimas foram transferidas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII.
Cinco dias depois de dar entrada no hospital, a menina, de 18 anos, morreu. De acordo com a Polícia Civil, o corpo da jovem foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para necropsia. A mãe das vítimas recebeu voz de prisão e foi conduzida até a sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), local onde foi ouvida e encaminhada ao sistema prisional.
Ainda conforme a Polícia Civil, a perícia já esteve na casa da família, onde realizou os procedimentos de praxe e recolheu material para análises. Os trabalhos da equipe de investigação já começaram. A necropsia constatou que a filha que veio a óbito teve como causa da morte intoxicação exógena por carbamato/organofosforado, substâncias de inseticidas comuns, evoluindo com choque séptico com foco pulmonar.
De acordo com o Ministério da Saúde, a intoxicação exógena é causada pela interação de substâncias químicas com o sistema biológico. Pode ser causada por exposição a substâncias presentes no ambiente, como ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos, ou por substâncias isoladas, como agrotóxicos, medicamentos, produtos de uso doméstico, cosméticos, drogas, entre outros.
Em depoimento, o pai das vítimas informou que se separou da autora do crime há cerca de cinco meses devido a desentendimentos entre o casal. Ele alegou, ainda, que 15 dias antes do envenenamento, ele foi a um sítio da família da mulher, em Lagoa da Serra, em Jaboticatubas, na Região Central de Minas Gerais.
No local, ele ingeriu apenas café, feito pela mulher, e passou mal horas depois. Ele apresentou fortes sintomas de espasmos intestinais, além de diarréia e vômito. O homem relatou ter encontrado também uma caixinha de veneno para insetos, mas não imaginou que teria sido envenenado. O pai disse, ainda, que há cerca de três meses a mulher e os filhos sempre estavam passando mal e que o menino estava com "o pé inchado".
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
No dia do envenenamento, o pai conversou com a médica que realizou os atendimentos das vítimas, que lhe informou que a dosagem de veneno ingerida por elas foi muito, "para matar". O homem relatou que a filha mais velha dele recebeu uma mensagem da autora dos crimes, no dia 6 de novembro, com os seguintes termos: “muita gente vai chorar; quando isso acabar; mais a maioria por não acreditar na gravidade da situação; minha família sempre foi desgovernada; cada um vivendo por si”.
Ao ser questionada pelos policiais sobre a causa do envenenamento dos filhos, a mãe disse “nada saber”. Os policiais também a questionaram sobre uso de medicamentos psiquiátricos, ocasião em que ela afirmou que faz uso do medicamento Venlafaxina 37,5mg (antidepressivo) e Hemifumarato de Quetiapina (para esquizofrenia). Já o irmão da mulher informou que a irmã "não estava boa de cabeça".