A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) divulgou os números da cobertura vacinal da capital nesta quarta-feira (04/12). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), durante a campanha de vacinação, de 4 a 29 de novembro, foram aplicadas 81.927 mil doses.
Na comparação com o mês de outubro, que registrou 42.646 aplicações, houve um aumento de 92,1%. Entretanto, a cobertura vacinal de diversas doenças ainda ficaram abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Saúde, de 90%.
“Estamos muito satisfeitos com os números dessa campanha porque eles demonstram que tem um movimento favorável na nossa cidade a respeito de se vacinar. A gente ainda está com os números aquém da cobertura desejável, mas esse movimento é bastante significativo e nos deixa esperançosos de que Belo Horizonte vai fazer essa virada e retornar aqueles níveis de cobertura vacinal que já tivemos anteriormente”, disse o secretário municipal de saúde, Danilo Borges Matias.
Baixa adesão
A vacina contra hepatite A apresentou um crescimento de apenas três pontos percentuais, saindo de 87% para 90% no público de 1 ano. A aplicação dos imunizantes contra febre amarela aumentou de 82% para 86% na faixa etária de 4 anos, e meningite, de 48% para 52% em menores de 1 ano, ambas com diferença positiva de quatro pontos percentuais.
Ainda no público menor de um ano, a cobertura vacinal da BCG ficou estagnada em 66% e a de rotavírus em 8%. Já a pneumocócica aumentou apenas um ponto percentual, agora com 75%.
A cobertura vacinal da Qdengua, contra a dengue, também está muito abaixo do recomendado. Segundo a SMSA, de um público de 222,6 mil pessoas entre 6 e 14 anos, somente 36,4% receberam a primeira dose e apenas 11,9% concluíram o esquema vacinal com a segunda dose.
Além da baixa adesão, outro desafio foi a falta das vacinas de Covid e varicela. Segundo o secretário municipal de saúde, ainda não há previsão de quando os estoques serão reabastecidos.
“A gente gostaria de ter essas duas doses disponíveis na nossa rede, mas dependemos do repasse da Secretaria Estadual de Saúde, que monitora os números de Belo Horizonte, sabe que a gente já esgotou nossos estoques e sabem da nossa demanda. Agora nos resta aguardar e tomar outras medidas de proteção”, afirmou Matias.
Desconfiança sobre as vacinas
Sobre a baixa adesão, uma das possibilidades apontadas pela SMSA é a desconfiança dos pais a respeito dos imunizantes. Notícias falsas disseminaram a ideia de que as vacinas transmitem doenças ou tem graves efeitos colaterais, por exemplo, o que é desmentido pela pasta.
“Há algumas falsas informações em relação a algumas vacinas que não são verdadeiras. As vacinas são seguras, então a gente precisa desconstruir isso. Especificamente a questão da vacina contra coqueluche, que as primeiras doses são nas crianças ainda antes de completar um ano, há também uma resistência maior dos pais estarem levando essas crianças para vacinar”, explica Thaysa Drummond, subsecretária de Promoção e Vigilância e saúde de Belo Horizonte.
A subsecretária ainda lembra que somente este ano foram registrados 280 casos de coqueluche no município e frisou a importância da vacinação das gestantes com o imunizante, uma vez que o mesmo passa para o bebê ainda no útero.
“Isso reforça a importância das pessoas estarem se vacinando. O fato de não lembrarmos mais de uma doença não quer dizer que ela não exista mais. Então nós reforçamos que o que garante que a gente não lembre das doenças são as vacinas”, declarou Drummond.
Já o infectologista Carlos Starling avalia como crítico o índice de vacinação entre as crianças menores que 1 ano e entre o público-alvo para dengue em Belo Horizonte. Segundo o médico, as notícias falsas relacionadas à eficácia da imunização ainda são uma barreira para a ampliação desses índices.
"As campanhas de esclarecimento são fundamentais para incentivar a vacinação e contrapor as fakenews, as quais espalham inverdades sobre as vacinas. Essas informações devem ocorrer em todas as mídias e contar com toda rede de educação para orientar pais e alunos", salienta Starling.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
O médico também ressalta a importância de medidas como ampliação do horário de atendimento das salas de vacinação, melhor comunicação com pais e responsáveis com convocações para vacinação, além de defender que sejam estabelecidas penalidades para quem não levar os filhos para vacinar.