Depois de enfrentar a pior epidemia de dengue da história em 2024, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) espera menos casos relacionados a arbovirose para o próximo ano. De acordo com a administração municipal, cerca de 200 mil casos da doença foram confirmados na capital mineira em 2024. Para 2025, a previsão é que a doença não tenha uma crescente tão elevada. No entanto, o baixo índice de vacinação para a dengue ainda é um ponto de preocupação.
Conforme o subsecretário de atenção à saúde de Belo Horizonte, André Luiz Menezes, a dengue é típica dos meses mais quentes, quando os números relacionados à arbovirose tendem a subir. “A gente segue monitorando todos os nossos indicadores em relação à dengue, que vem nos mostrando, até esse momento, que a gente não tem uma tendência para 2025 de um crescimento do número de casos ou de uma epidemia tão grave como a gente teve em 2024”, ressalta André Menezes.
Apesar do quadro positivo para o próximo ano, o subsecretário de atenção à saúde de Belo Horizonte reforça a necessidade de a população manter os cuidados relacionados à dengue. De acordo com André Menezes, o combate aos focos de proliferação da doença é essencial para evitar novos casos e mortes.
“É muito importante a gente seguir com as orientações para a população. Conforme a gente tem visto em todos esses últimos anos, os maiores focos do mosquito continuam sendo os inservíveis como vasos de planta, caixas d'água e outros recipientes nos quintais que acumulam água. Então, a população precisa ter atenção ao cuidado com o quintal e com a área externa da casa. Além do cuidado com a parte de dentro de casa também, como os vasinhos de planta, com a geladeira que acumula água atrás e às vezes a gente não enxerga, com as calhas”, reforça o subsecretário de atenção à saúde.
Outra frente de combate à arbovirose é a vacinação. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a capital mineira conta com imunizantes para a dengue para o público de 6 a 14 anos. A baixa procura pelo imunizante, no entanto, é um ponto de preocupação.
A cobertura vacinal recomendada pelo Ministério da Saúde para a Qdenga é de no mínimo 90%. Apesar disso, conforme a pasta da saúde, em um público de 222,6 mil pessoas, apenas 36,7% receberam a primeira dose. O número do índice do esquema vacinal completo é ainda menor, quando a imunização cai para 11,90%.
“A queda da cobertura vacinal nos deixa vulneráveis a surtos pelas doenças com baixa cobertura, o que eleva a mortalidade por essas doenças, sobrecarrega o sistema de saúde e aumenta os custos assistenciais para toda a sociedade”, reforça o infectologista Carlos Starling.
Ações de prevenção e combate
Além da vacinação, a Prefeitura de Belo Horizonte também realiza visitas em imóveis da cidade por meio dos Agentes de Combate a Endemias (ACE). O objetivo é orientar a população acerca dos riscos do acúmulo de água, além de repassar dicas sobre como eliminar os focos e, caso necessário, realizar a aplicação de biolarvicidas. Apenas em 2024, os agentes de combate a endemias já realizaram cerca de 3,7 milhões de visitas.
Para combater os mosquitos adultos, foram realizadas ações de aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) em mais de 169 mil imóveis, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte. A estratégia é bem parecida com a dos “carros de fumacê”, mas ao invés do uso de veículos, a dispersão do produto é realizada por agentes com bombas costais motorizadas.
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Monitoramento de focos por meio de drones, mutirões de limpeza, armadilhas instaladas em pontos estratégicos e orientações voltadas para crianças e adolescentes são outras estratégias de combate à doença usadas pela Prefeitura de Belo Horizonte. Um método complementar a essas ações é o Wolbachia, uma bactéria transmitida para humanos ou animais. Conforme a pasta da saúde, os mosquitos que carregam esse microrganismo têm a capacidade reduzida na transmissão da dengue.