Belo celebra na Praça da Liberdade, o título inédito para o queijo artesanal -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press)

BH celebra na Praça da Liberdade o título inédito para o queijo artesanal

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

Música para celebrar uma grande conquista. Tecnologia apontando o futuro e muita alegria na saudação a um título inédito no país. Tudo embalado pelo genuíno charme das Gerais. Na noite desta quarta-feira (4/12), em Belo Horizonte, moradores e visitantes festejam os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”, reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

 

A decisão da agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) ocorreu às 11h (horário de Brasília) durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em Assunção, no Paraguai.


Conforme divulgado pela Unesco, a inscrição dos “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial contribuirá para a visibilidade, reconhecimento – particularmente em relação às práticas e aos elementos da vida social que se manifestam em saberes tradicionais, ofícios e modos de fazer – bem como para a ampliação do diálogo, refletindo a diversidade cultural e fomento à criatividade.

 

Em janeiro, o governo mineiro fará um trabalho de mobilização com os produtores a fim de mostrar a importância desse destaque internacional e agregar valor à atividade.

 

“Os ‘Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal’ simbolizam a rica diversidade cultural e os saberes tradicionais do país, que conectam gerações e fortalecem a identidade das comunidades locais.

 

A inclusão de mais um elemento do Brasil na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco representa também um reconhecimento de sua relevância para o desenvolvimento econômico, inclusivo e sustentável”, destacou a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.

 


No início da noite, o governador Romeu Zema falou sobre a conquista do título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

 

“Hoje é um dos dias mais especiais do meu governo. Depois de um longo trabalho, de um longo percurso, nós conseguimos! Conquistamos a declaração e os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal são oficialmente, com confirmação da Unesco, um patrimônio cultural e imaterial da humanidade. É uma grande felicidade ter esse reconhecimento", disse o governador Romeu Zema, em pronunciamento no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.

O governador visitou estandes de produtores de várias regiões do estado que estavam no pátio do Palácio da Liberdade mostrando seus queijos

O governador visitou estandes de produtores de várias regiões do estado que estavam no pátio do Palácio da Liberdade mostrando seus queijos

Túlio Santos/EM/D.A Press

Zema disse ainda que "o queijo é um produto nosso, que representa a mineiridade e poderá aumentar o turismo no estado". Com consequência, contribuir para renda de milhares de produtores familiares. A partir de agora, nós temos aqui, no nosso estado, um dos pouquíssimos alimentos do mundo declarados Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, e o primeiro a ser declarado no Brasil."

 



VOZ DO POVO 


Quem está na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, pode assistir, na noite desta quarta-feira (4/12), à apresentação do violinista e compositor Marcus Viana e do Coro Sinfônico do Palácio das Artes, que mostram sua arte nas janelas e varandas da ex-sede do governo de Minas e atual equipamento cultural.

 

Em homenagem, Marcus Viana alterou os versos do seu famoso sucesso “Pátria Minas”, incluindo o queijo e o nome das regiões produtoras.


 

"Com o título, temos a oportunidade de perpetuar uma receita simples, mas que, se não valorizada, pode se perder com o tempo ", disse a produtora Tereza Rodrigues, da Fazenda Saudade, em Ibertioga, na Região do Campo das Vertentes. Juntamente com o marido, Mateus Brandão, ela produz há, cinco anos, o queijo Lasquinha.


Também apresentando os três queijos que produz - Imperatriz, Caliara e Tropeiro -, João Melo, de Serra do Salitre, na Região do Alto Paranaíba, espera que o título conquistado ajude a conter o êxodo rural. "Sou da quarta geração de uma família de produtores de queijo artesanal. Precisamos de una atividade sustentável e de jovens na atividade", disse João Melo.


Mesmo com chuva, os drones fizeram bonito, deslizando no céu ao som de "Pátria Minas". Primeiro, desenharam a palavra “queijo” no céu, e depois vieram as montanhas e um Sol. Finalmente,  “Patrimônio da Humanidade".

 

Houve aplausos e emoção, sob guarda-chuvas e sombrinhas. "Estou encantada com esse espetáculo e honrada por ser mineira. É a valorização da nossa cultura,  das tradições", disse a advogada Liliane Ferreira, natural de Divinópolis (Centro-Oeste de Minas) e residente em BH. 

 

Festa teve show de drones

Festa teve show de drones

Túlio Santos/EM/D.A Press


Com os filhos Ana Beatriz, de 18 anos, e Pablo, de 25, Rosmilene Ricarda Pereira dos Santos veio de Contagem,  na Grande BH. "Valeu a pena enfrentar a chuva, nesta noite. Amei tudo o que vi. Viva o queijo."


 

ECONOMIA 


Satisfeito com a conquista e cheio de orgulho pela honraria que vem para Minas, o secretário de Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), Leônidas Oliveira, comemorou, com entusiasmo, o resultado.

 

“A declaração do Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Unesco, vai além de um reconhecimento gastronômico. É um marco histórico que une pertencimento, valoriza a cultura mineira e impulsiona o turismo sustentável no estado.”


 

Para o titular da Secult-MG, o queijo, com seus sabores únicos e modos de fazer transmitidos de geração em geração, representa um símbolo profundo da mineiridade.

 

"O título fortalece a identidade mineira e promove um sentimento de orgulho coletivo nas comunidades produtoras, que se tornam legítimas guardiãs de um patrimônio global. Mais do que um alimento, o queijo reflete a relação dos mineiros com o território, a tradição e os valores comunitários”, explicou Leônidas.

 

O secretário da Cultura e Turismo de Minas Gerais , Leônidas Oliveira, comemorou comemorou com entusiasmo o resultado

O secretário da Cultura e Turismo de Minas Gerais , Leônidas Oliveira, comemorou comemorou com entusiasmo o resultado

Túlio Santos/EM/D.A Press


Culturalmente, o reconhecimento internacional enaltece saberes e práticas que integram o cotidiano rural e urbano, colocando Minas Gerais como referência global em sustentabilidade e criatividade. O título, conforme o texto oficial da candidatura, valoriza não apenas o produto, mas toda uma cadeia de tradições, histórias e modos de vida que definem o estado, ressaltando que a produção artesanal do queijo é parte fundamental da diversidade cultural brasileira.


No turismo, de acordo com o secretário, os impactos são igualmente significativos, pois as rotas do queijo, espalhadas pelas 10 regiões produtoras, ganham nova projeção, atraindo visitantes do Brasil e do mundo. "A declaração promove o turismo de experiência, integrando visitas às queijarias, degustações, festivais gastronômicos e o contato direto com a natureza e o patrimônio cultural mineiro. Tudo isso consolida Minas como destino sustentável, criativo e autêntico, gerando desenvolvimento econômico e promovendo a permanência prolongada dos visitantes.”


Também satisfeito com a chancela da Unesco, o presidente da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), José Ricardo Ozólio, residente no Serro, no Vale do Jequitinhonha. “O modo de fazer o queijo minas artesanal está vivo na nossa cultura, na nossa história. É uma atividade familiar que atravessa os séculos, tem mais de 200 anos, passa de geração a geração. Por isso, o produto reúne características muito próprias, algo único, só tem mesmo em Minas Gerais”, destaca. A Amiqueijo congrega 15 entidades (total de 7 mil produtores).

 

 

As técnicas para fazer o queijo foram reconhecidas, em 2002, como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais e, em 2008, o produto se tornou Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. “A agricultura familiar precisa ser bastante respeitada. O reconhecimento mundial vai dar mais visibilidade, potencializar a atividade e nos ajudar muito na preservação dos saberes. As famílias são detentoras desses saberes, dessa tradição, e é por eles que trabalhamos”, ressalta o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, que seguiu para Assunção.


À frente da empreitada para obter o reconhecimento para os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”, pela Unesco, estiveram o governo de Minas, via Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). Segundo o titular da Secult, secretário Leônidas Oliveira, as atividades integraram um esforço coordenado para valorizar o Queijo Minas Artesanal e sua importância como símbolo da mineiridade, além de consolidar a relevância global dos territórios mineiros e suas tradições.


NO INTERIOR 

 

Para valorizar não apenas o Queijo Minas Artesanal como um dos grandes símbolos da mineiridade, mas também a importância dos territórios produtores e suas tradições, o governo de Minas realizará, entre os próximos dias 6 e 14, espetáculos de drones em 10 cidades pertencentes às 10 regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal. 


 

 Os shows ocorrerão em São Roque de Minas (6/12), Diamantina (6/12), Araxá (7/12), Serro (7/12), Serra do Salitre (8/12), Santa Bárbara (8/12), Patos de Minas (13/12), Coronel Xavier (13/12), Uberlândia (14/12) e Lima Duarte (14/12), projetando imagens de queijos, montanhas e símbolos da cultura mineira. As apresentações serão nas praças centrais dos municípios.

 

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Vale lembrar que no Brasil, já são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial seis expressões culturais: o Samba de Roda no Recôncavo Baiano; a Arte Kusiwa: Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi; o Frevo: Expressão Artística do Carnaval de Recife; o Círio de Nossa Senhora de Nazaré; a Roda de Capoeira; e o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão. O título para os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal é o primeiro associado à cultura alimentar.


LINHA DO TEMPO


  • 2002: Em agosto, o modo de fazer o queijo artesanal da região do Serro, no Vale do Jequitinhonha, se torna o primeiro bem registrado como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.


  • 15 de maio de 2008: o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprova o registro do modo artesanal de fazer o queijo de Minas como Patrimônio Imaterial brasileiro.


  • Setembro de 2022: é lançada a candidatura a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, durante o 4º Festival do Queijo Artesanal Mineiro, em Belo Horizonte.


  • 2022: Entre o fim de novembro e o início de dezembro, o governo estadual, via Secretaria de Estado da Cultura e Turismo de Minas (Secult-MG), promove os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal na 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em Rabat, no Marrocos.


  • 2023: Em março, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan entrega oficialmente à Unesco a  candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal.


  • 2024: Em 19 de outubro, ocorrem as ações da etapa final de mobilização e promoção da candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, na reunião da Comissão para Promoção e Difusão dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio. Há também o lançamento da marca promocional e o encontro de produtores das 10 regiões do Queijo Minas Artesanal com uma feira na Praça da Liberdade, em BH.


  • 2024: Em 4 de outubro, durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em Assunção, no Paraguai, os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” são reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.