Depois do último teste de eficácia em Belo Horizonte no domingo (1º/12), o novo sistema de alerta de emergência da Defesa Civil está disponível para todos os mineiros desde quarta-feira (4/12). Além de Minas Gerais, outros estados do Sudeste e Sul do país também contam com o sistema. Com a nova ferramenta, em emergências como vendavais, granizos e chuvas intensas, residentes ou visitantes, inclusive estrangeiros, poderão receber dois tipos de alertas direto nos celulares, sem necessidade de cadastro. Neste fim de semana, o sistema, que até ontem não havia sido acionado em nenhum município mineiro, pode ter seu “teste de fogo” no Sul do país, onde são esperadas chuvas severas. Em Minas, por sua vez, a previsão, de maneira geral, é de tempo estável este fim de semana.
De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia, durante todo este final de semana e até a próxima segunda-feira (9/12), a Região Sul do país tem previsão de muitas chuvas, que já começam nesta sexta-feira (6/11), em cidades dos três estados. Nesta sexta, por exemplo, as chuvas devem ser localizadas e, podem ser intensas em algumas áreas. No sábado (7/12), a instabilidade deverá se intensificar deixando as nuvens ainda mais carregadas e potencialmente favoráveis a ocorrências de temporais associados a queda de raios, rajadas de vento que podem superar os 80 km/h e elevados volumes de chuva, que podem superar os 150 mm, especialmente sobre áreas do norte/noroeste do Rio Grande do Sul, centro-oeste e norte de Santa Catarina e oeste e centro-sul do Paraná.
Antes de começar a valer, o Defesa Civil Alerta foi testado também em 36 municípios do Rio Grande do Sul. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, o alerta é dividido em duas classificações de eventos: severos e extremos. O superintendente técnico-operacional da Defesa Civil de Minas Gerais, major Mardell Alves, explica que o primeiro tipo de alerta é emitido em forma de um pop-up e um barulho, como de uma notificação. Já o segundo “trava” o celular do usuário, ao passo que mostra o texto e o som de alerta extremo.
De acordo o superintendente, o alerta vai contar com uma breve orientação para o usuário diante da situação de risco. “De acordo com a natureza do evento que aquele alerta indicar, a pessoa vai adotar determinada providência. Então chuva de granizo, procure um local seguro, procure um abrigo. Chuvas fortes, risco de enchente e inundação, a pessoa vai ter que ir para um local, um ponto mais alto em relação àquela área que está sujeita a esse tipo de evento. No risco de deslizamento é a mesma coisa, a pessoa vai ter que sair do local onde está e procurar um local seguro”, detalha o major Mardell Alves.
Segundo o major, as defesas civis municipais já têm um mapeamento das áreas de risco. Em alguns casos, esses locais são sinalizados. Além disso, Mardel Alves ressalta que o órgão também tem um trabalho de orientação em conjunto com as comunidades. “No momento em que receber esses alertas, a população do local deve adotar as providências que já tem como padrão e como orientação. A ideia é que a informação chegue para a população o mais rápido possível para que ela adote as medidas auto protetivas”, enfatiza.
O novo sistema é coordenado pela Defesa Civil Nacional em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ministério das Comunicações (MCom) e operadoras de telefonia. O superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais explica que o Defesa Civil Alerta usa a rede de telefonia para emitir os avisos gratuitos, com mensagem de texto e som, o que suspende o conteúdo em uso na tela do aparelho. Conforme o major Mardel Alves todos os aparelhos vão receber o alerta, mas somente naqueles com tecnologia 4G ou superior o aviso será no formato testado no domingo em Belo Horizonte.
“Sempre que esse alerta de evento severo ou extremo for disparado, a pessoa vai receber a ligação ou
o pop-up. No entanto, aqueles que têm tecnologia 3G ou inferior receberão apenas uma mensagem em SMS com a mesma informação enviada às outras pessoas, mas com um pequeno delay entre a chegada da mensagem de texto e a ligação ou o pop-up. Dá aproximadamente uns 10, 20 segundos”, esclarece Mardel Alves.
Além disso, o superintendente também detalha que os alertas serão direcionados ao local que está sujeito ao evento diverso. Nesse sentido, independentemente de cadastro, DDD, ou Código de Endereçamento Postal (CEP), todas as pessoas dentro do perímetro de risco vão receber o Defesa Civil Alerta. “O profissional responsável por realizar o alerta vai abrir um mapa e desenhar o perímetro daquele local das pessoas que vão receber o aviso. Por exemplo, há uma vila em Belo Horizonte que tem risco de deslizamento e está vindo uma pancada de chuva muito forte com volume de água alto e rápido agora. Então, a gente vai soltar esse alerta e somente aquelas pessoas dentro do perímetro que a gente desenhou vão receber.”
A TECNOLOGIA
A tecnologia usada é a Cell Broadcast, adaptada para o Brasil em um projeto em conjunto com a Anatel. O coordenador de Alerta e Inovação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Ricardo Branco, ressalta que a tecnologia é moderna e utilizada em poucos países no mundo.
“A pessoa pode estar utilizando o seu telefone celular, assistindo a vídeos, mexendo em outros aplicativos, inclusive em modo silencioso, mas o telefone sobrepõe qualquer atividade que a pessoa esteja fazendo para mostrar a mensagem de alerta e emite um sinal sonoro por alguns segundos. Então, a pessoa confia no recebimento dessa mensagem. Lembrando que não precisa de nenhum tipo de cadastro prévio, quem estiver passando pelo local ou morar em alguma área para a qual for designado o alerta de risco vai receber essa mensagem em tempo real”, explica Branco.
O teste do alerta realizado no último domingo (1º/12) em Belo Horizonte deixou alguns moradores sem entender o que estava acontecendo. O tema se tornou um dos assuntos mais comentados na rede social X, antigo Twitter, por meio das palavras “susto” e “Defesa Civil”. Um usuário, em tom de humor, comparou o toque emitido pelo celular às “trombetas do apocalipse”.
O órgão responsável pelos disparos avalia o teste como exitoso. “A gente recebeu um feedback nas redes sociais, comentários das pessoas e contato telefônico. Algumas ficaram muito assustadas, o que repercutiu até bastante na imprensa também, mas o resultado foi bem positivo. Todo mundo ou boa parte da população recebeu esses alertas, a mensagem foi conforme a gente tinha escrito, então o retorno foi muito positivo”, an avalia Mardel Alves.
De acordo com o superintendente, para o teste de domingo, foi necessário segmentar o teste em três envios com cinco minutos de diferença, sendo o primeiro às 13h. “O nosso objetivo era testar se o alerta ia chegar para todo mundo, se faria o beep, se todos conseguiriam identificar esses alertas, ele foi exitoso. Então, a gente já tem alguns feedbacks também de alguns telefones que não tocaram, mas isso tudo consta também no relatório das empresas de telefonia para poder fazer alguns ajustes. Então foram poucos os feedbacks entre positivos e negativos, e as pessoas que não receberam esse alerta, o que é passível de correção entre as empresas de telefonia.”
PRESERVAÇÃO DE VIDAS
Com o funcionamento do sistema em todas as cidades do Sudeste e Sul do país a partir de hoje a Defesa Civil espera preservar o máximo de vidas possíveis. “Uma forma que o mundo hoje trabalha para poder informar a população que um desastre está na iminência de acontecer ou que está ocorrendo é exatamente alertar sobre esse evento. E hoje, a forma mais rápida de alertar é por meio do aparelho telefônico, que basicamente todas as pessoas têm ou alguma pessoa próxima dessa pessoa vai ter”, ressalta o major Mardel Alves.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho