Quem passar entre as Avenidas Antônio Carlos e Antônio Abrahão Caram, próximo ao estádio Mineirão e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), poderá notar a nova microfloresta de 1.105 mudas de 90 espécies nativas do bioma da Mata Atlântica. A área verde de cerca de 1.000 m2 passou a ocupar o espaço na Região da Pampulha, nessa quarta-feira (4/12).
Outros 19 locais do Brasil podem entrar para a lista de novas mudas da Mata Atlântica.
O plantio é uma iniciativa da marca de cerveja holandesa Heineken, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o paisagista Ricardo Cardim, idealizador do projeto e responsável pela metodologia "Floresta de Bolso", que, desde 2011, busca trazer a dinâmica natural de florestas nativas em florestas menores. Estas podem ocupar (e salvar) pequenos espaços do ambiente urbano.
“Aplicamos a ideia de contenção e cooperação positiva entre as árvores. fazendo um plantio respeitando a ciência, porque não é amontoar árvores. A disposição das espécies é fundamental para que elas cresçam rápido e se ajudem; dessa forma não precisa de manutenção. O solo é preparado para que a vida aconteça de maneira independente”, explicou o botânico e paisagista paisagista Ricardo Cardim.
De acordo com a cervejaria holandesa, a ação foi realizada com a ajuda de um mutirão voluntário, que reuniu cerca de 60 pessoas como parceiros do grupo Heineken, colaboradores voluntários e agentes do poder público.
Cardim destacou que a instalação das microflorestas exige que uma máquina de tração cave um buraco no solo de 1 m: “O solo das grandes cidades é ruim, o trator abre o solo e mistura adubo orgânico para preparar uma terra melhor, onde as raízes das árvores podem crescer à vontade para buscar suas necessidades”.
Segundo ele, é um processo diferente dos plantios políticos, feitos em grandes números de uma vez só, por exemplo, já que há uma maior preocupação com a vida a longo prazo dessas árvores.
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Para os envolvidos no projeto, essa iniciativa é essencial para a melhoria da qualidade de vida da população. E os benefícios dessas microflorestas incluem a redução da temperatura, o aumento da umidade do ar, a retenção da água das chuvas, a diminuição da poluição sonora, a filtragem de gases tóxicos e a mitigação da poluição e uma contribuição positiva para a biodiversidade da região.
O botânico destacou ainda que é uma maneira de “trazer de volta uma paisagem que foi extinta pelo humano”: “Os benefícios são para as pessoas e a fauna e flora. Podemos proporcionar mais equilíbrio ecológico das cidades. Isso reflete na saúde e no bem-estar da população. Ajuda a diminuir o calor, as enchentes e a proliferação de pragas urbanas como o Aedes aegypti”.
19 microflorestas até 2030
A primeira microfloresta implementada pela Heineken foi criada no Rio de Janeiro, em 2022, no Rock in Rio, onde a maioria da cenografia da ativação da marca no festival era composta por vegetação do bioma da Mata Atlântica. Após o evento, as plantas foram todas replantadas em uma área de 1.500 m².
A segunda foi plantada em 2023 na Marginal Tietê, em São Paulo. A área que recebeu a floresta é local de encontro entre os rios Tietê e Tamanduateí. A terceira, tem suas raízes em Minas Gerais.
Essa iniciativa faz parte das metas "Green Your City", plataforma de sustentabilidade e cultura criada em 2021 pela marca Heineken, que promete plantar outras 19 microflorestas pelo País até 2030.
Compensar os danos?
A linha de produção da indústria cervejeira gera grandes impactos ambientais. Dados do World Wide Fund for Nature (WWF) indicam que a água utilizada nas plantações de cevada chega a ser 30 vezes maior que o volume utilizado no processo industrial, por exemplo.
Questionado a respeito da importância de empresas como a Heineken se envolverem em projetos de sustentabilidade, Ricardo Cardim respondeu: “É fundamental que qualquer indústria aprimore suas técnicas de produção para ter sustentabilidade na fabricação do produto, mas sabemos que isso é um grande desafio. Essa ação publicitária pode impactar outras empresas e vai persistir por séculos melhorando a vida natureza e das pessoas”.
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O Grupo Heineken informou que "Nosso objetivo com a meta de plantio de 19 microflorestas até 2030, que faz parte da nossa plataforma de cultura e sustentabilidade Green Your City, é contribuir positivamente para a regeneração de áreas urbanas, promovendo biodiversidade, qualidade do ar e conscientização ambiental. Além disso, estamos constantemente investindo em tecnologias e processos para reduzir os impactos da produção cervejeira, alinhados à nossa estratégia de neutralidade de carbono em toda a cadeia até 2040. A sustentabilidade está no centro da estratégia global da marca e o envolvimento em projetos neste segmento reflete o compromisso e a responsabilidade em reduzir impactos ambientais e gerar valor para a sociedade."
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata