Rota do Queijo do Serro, no Vale do Jequitinhonha, promete degustação harmonizada do produto local em todos os pontos receptivos -  (crédito: Wagner Pena/Sebrae/Divulgação)

Rota do Queijo do Serro, no Vale do Jequitinhonha, promete degustação harmonizada do produto local em todos os pontos receptivos

crédito: Wagner Pena/Sebrae/Divulgação

As comemorações oficiais pela conquista do título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade para os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”, reconhecido na quarta-feira pela Unesco (agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), irão até o próximo dia 15, com muitas atrações no interior do estado. Mas nesta semana dividida entre expectativa e a explosão de alegria, há muitos produtores e gestores a todo vapor, pensando no futuro da atividade e abrindo caminhos para garantir, na prática, a importância desse destaque internacional inédito no país.

 


“É festejar e trabalhar”, diz o presidente da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), José Ricardo Ozólio, residente no Serro, no Vale do Jequitinhonha. Segundo ele, o objetivo, agora, está em mostrar às pessoas que “nosso queijo não é um tipo comum, mas reconhecido pela Unesco”. Nesse novo caminho, um dos pilares está no turismo, complementa Ozólio, cheio de confiança na recém-inaugurada “Rota do Queijo da Região do Serro”, parceria do Sebrae Minas e governo de Minas, via Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Secult).

 


“Aqui, no Serro, somos pioneiros em tudo o que se refere ao queijo – e isso vem de 200 anos. Em Minas, já existe a rota da Serra da Canastra, e, nesta semana, a nossa. Esperamos que cada região produtora crie a sua”, diz o presidente da Amiqueijo, associação que congrega 15 entidades representativas de 7 mil produtores.

 

De acordo com o Sebrae Minas, o destino, inaugurado no dia 2, nasceu com a missão de impulsionar o “turismo de experiência” associado à cadeia de valor envolvida na produção do queijo. A região é reconhecida pela arquitetura, pelo patrimônio cultural e por seus diversos atrativos naturais, a exemplo da paisagem da Cordilheira do Espinhaço, que conquistou, em 2005, o título de Reserva da Biosfera, também da Unesco. O material de divulgação do Sebrae informa que em todos os pontos dos receptivos é possível degustar a iguaria harmonizada com frutas, quitandas, vinhos, espumantes, cervejas e principalmente: boa prosa.

 

 

Na Fazenda Córrego do Taboão, em Conceição do Mato Dentro, quem faz a rota pode conhecer a fabricação, visitar o museu da propriedade, ver de perto o moinho d’água, contemplar o riacho e encerrar a experiência com uma degustação de queijos e quitandas servidas ao lado do fogão à lenha. “Cada detalhe é uma lembrança, mantemos a história viva. Quem chega aqui encontra legado, amor e cultura”, revela a proprietária Irenice Bicalho.

 

O título concedido pela Unesco deu ainda mais ânimo à produtora. “Estamos feliz demais da conta. Esperamos muito por esse título. Vai abrir novos caminhos”, completa.


ESFORÇOS

Analista do Sebrae Minas, Kele Vespermann explica que a Rota do Queijo do Serro concilia esforços para valorizar o turismo, a tradição e a história dos produtores locais. “Inicialmente apoiamos os produtores para que tenham acesso ao mercado. Quando caminhamos no sentido da criação da rota, capacitamos para receber os turistas e também para entenderem as características particulares do queijo, seus aromas e sabores”.

 

O titular da Secult, Leônidas Oliveira, lembra que a rota une cultura, patrimônio histórico e turismo, potências na geração de emprego e renda em Minas Gerais, sendo lançada num momento muito especial. “Queremos mostrar também a cidade, os produtores, a experiência, a natureza, o ecoturismo.” Fazem parte da região os municípios de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.

 


Revalidação

As técnicas para fazer o queijo foram reconhecidas, em 2002, como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais e, em 2008, o produto se tornou Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. No último dia 27, o Conselho Estadual do Patrimônio Cultural revalidou e ampliou o reconhecimento, após 20 anos, do Registro dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal da região do Serro.

 

Em nota, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) explica que aprovou, por unanimidade, a segunda revalidação do reconhecimento dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal da Região do Serro como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. “Trata-se de deliberação muito importante. Somos pequenos produtores, produtores familiares, então o que está se preservando é a cultura familiar, nossa capacidade de passar para os filhos e descendentes esses saberes centenários”, disse José Ricardo Ozólio.

 

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Durante a reunião na sede do Iepha, foi apresentado o pedido de abertura de novo processo de registro dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal da Região do Serro, visando à ampliação desse reconhecimento para outras regiões produtoras. “Atualmente, órgãos reguladores da produção alimentar artesanal informam que há, no estado, 10 regiões produtoras de queijos artesanais, as quais o Iepha pretende estudar e proteger a partir da abertura do Registro dos Modos de Fazer os Queijos Artesanais de Minas”, observa a nota divulgada pelo Iepha.