Mercado de trabalho para os palhaços será discutido em Montes Claros -  (crédito: redes sociais)

Mercado de trabalho para os palhaços será discutido em Montes Claros

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Um encontro de palhaços. Sim. É isso mesmo que você leu. Esta é a reunião que acontece em Montes Claros, no Norte de Minas, nesta terça-feira (10/12), Dia do Palhaço. Embora seus organizadores e participantes vivem “fazendo graça”, o evento não tem nada de “palhaçada”.

 

Pelo contrário: trata-se de coisa séria. O objetivo da iniciativa é discutir a garantia do sustento dos palhaços e dos demais profissionais do picadeiro, que vivem dificuldades de trabalho e renda diante da desvalorização do circo, que compreende uma arte milenar, oriunda dos tempos do Império Romano.

 

O 1º Encontro Regional Coletivo de Palhaços do Norte de Minas será realizado no Centro Cultural de Montes Claros, a partir das 14 horas. O evento traz à discussão a proposta de criação do Coletivo de Palhaços do Norte de Minas, com o cadastramento dos artistas circenses da região. Haverá roda de conversa, visando a formalização de documento a ser enviado para órgãos públicos e lideranças, destacando a necessidade de valorizar o circo e seus artistas.

 

 

A agente cultural Fabíola Versiani vai estar à frente de uma palestra sobre a elaboração de projetos a serem apresentados em editais de leis de incentivo à cultura. O evento será encerrado com apresentação circense. Foram convidados os palhaços e demais profissionais do Circo Nacional Fofoquinha, de Joaquim Felício; e do Circo Victória, de Mato Verde, ambos do Norte do estado.

 

Responsável pela criação do Coletivo de Palhaços do Norte de Minas, o artista popular Haroldo Soares, que interpreta o icônico palhaço Charlie Chaplin, explica que o objetivo da mobilização é despertar a atenção e a sensibilidade do Poder Público e da população em geral para o apoio ao circo e aos seus trabalhadores. “As pessoas precisam entender que o circo não pode morrer”, salienta Haroldo.

 

O ator reclama que, hoje, palhaços e outros batalhadores do picadeiro enfrentam barreiras para sobreviver devido às dificuldades vividas pelos circos. “Temos que entender que os palhaços levam diversão e fazem as pessoas irem, não somente aos circos, mas também a outros locais, como hospitais”, ressalta Haroldo Soares.

 

Ele lembra que muitos acrobatas, palhaços e outros artistas circenses estão buscando a sobrevivência ao ar livre, em vias públicas e até nos semáforos.

 

Soares ressalta que a intenção do Coletivo de Palhaços do Norte de Minas também é criar novos espaços de formação de artistas de circo. “A proposta é ensinar a arte circense para adolescentes e crianças de baixa renda, de tal maneira que eles possam aprender uma arte lúdica”, destaca o ator.

 

Recriar antigos espaços de formação como o antigo “Circo dos Bairros” seria uma forma de estimular a continuidade da profissão, explica o artista. O projeto fora instalado pela Prefeitura de Montes Claros na primeira gestão do ex-prefeito Luiz Tadeu Leite (1983 a 1988) e é semelhante ao Grande Circo Popular do Brasil, do ator Marcos Frota, que, no início dos anos 2000 foi instalado na cidade, mas permaneceu por pouco mais de um ano.

 

 

A presidente da Rede de Apoio ao Circo (RAC), Sula Mavrudis, destaca a importância da campanha deflagrada em Montes Claros para valorização dos palhaços e dos demais artistas circenses. Ela ressalta que esses artistas levam a arte, a cultura e o sorriso para as crianças e, principalmente, para pessoas de baixa renda.

 

Mesmo com a importância na difusão cultural, eles estão enfrentando a falta de espaço para mostrar sua arte, devido às dificuldades vividas pelos circos.

 

Sula Mavrudis afirma que os circos são itinerantes, historicamente, levam alegria e diversão às cidades do interior. “Mas, o que assistimos hoje é a imposição de uma série de exigências e cobrança de taxas que impedem a entrada do circo nas cidades”, reclama a presidente da RAC.

 

Ela lembra que 90% dos circos são de pequeno e médio portes, não dispõem de recursos para pagar taxas caras de aluguel em locais mais sofisticados como áreas de shoppings centers e outros imóveis particulares. Por isso, precisam recorrer a terrenos públicos. Além disso, os donos de circos precisam de arcar com contas de água e luz, despesas de manutenção e impostos. 

 

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A presidente da RCA afirma que o circo é uma alternativa para possibilitar o acesso ao entretenimento e à cultura das pessoas de baixa renda. “Muitas vezes, quando um circo chega numa cidade pequena, de até seis mil habitantes, a arrecadação da bilheteria nem paga os custos de instalação. Faltam politicas públicas para o incentivo às cidades para recebem o circo”, conclui Sula Mavrudis.