Belo-horizontinos se reuniram na Praça Sete, no Hipercentro de Belo Horizonte -  (crédito: Divulgação)

Belo-horizontinos se reuniram na Praça Sete, no Hipercentro de Belo Horizonte

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Manifestantes se reuniram na Praça Sete, no Hipercentro de Belo Horizonte, nesta terça-feira (10/12), para protestar a favor do fim da escala 6x1 e, conforme mencionam movimentos sociais e sindicais em nota conjunta, "contra a anistia aos golpistas" — uma referência à tentativa de golpe de Estado atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 36 indiciados pela Polícia Federal (PF). O ato também ocorreu em apoio à valorização do salário mínimo e das aposentadorias.

 

A mobilização é a segunda realizada em menos de um mês. No dia 15 de novembro, aproximadamente 3 mil pessoas foram ao centro da capital para reivindicar a redução da jornada de trabalho. Na ocasião, o ato contou com o apoio de representantes do partido Unidade Popular (UP), PSTU e do PSOL, partido da deputada federal Erika Hilton, autora da proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a duração do trabalho de até oito horas diárias e 36 horas semanais, em uma escala 4x3. Com menor projeção, a manifestação, que aconteceu das 17h às 19h nesta terça-feira, contou com cerca de 500 pessoas.

 

Representante da central sindical CSP-Conlutas, a professora Vanessa Portugal avalia que "a solicitação de prisão para os golpistas é uma pauta da classe trabalhadora".

 

"No entanto, essa pauta precisa ser agregada a outras que de fato mexem na consciência das pessoas. Isso é algo que conseguimos fazer em Belo Horizonte. O fim da jornada 6x1 e o repúdio ao pacote fiscal no que diz respeito às mudanças no salário mínimo e à retirada de dinheiro da educação terão muito peso neste momento", pontuou.  

 

 

Antes do ato, voluntários realizaram uma ação de panfletagem em vários pontos da capital, convidando as pessoas para a manifestação. A estudante de veterinária Karla Vitória, integrante do Movimento Trabalho e Dignidade (MTeD), disse que os panfletos foram bem recebidos.

 

“Quando os vendedores recebem o material, eles até agradecem por esse movimento estar acontecendo. Todos estão cansados de trabalhar tanto para receber pouco e não ter tempo para nada. Muitos falam que não aguentam mais e querem uma mudança na escala de trabalho o mais rápido possível”, afirmou.

 

Dados da Organização Internacional do Trabalho, braço da Organização das Nações Unidas (OIT-ONU), mostram que o brasileiro trabalha, em média, 39 horas semanais. Os dados de 2023 contemplam 169 países, colocando o Brasil atrás de economias desenvolvidas como os Estados Unidos (38h), Alemanha (34h) e França (36h), mas também atrás de economias emergentes, como Uruguai (37h) e Argentina (37h).

 

“Sem anistia”: mobilização nacional

 

A manifestação intitulada "Sem anistia para golpistas" foi convocada em 20 estados e no Distrito Federal pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em Minas, além da capital, atos estavam marcados em Juiz de Fora, Poços de Caldas e São João del-Rei.

 

As privatizações da Cemig e Copasa

 

A manifestação em Belo Horizonte nesta terça-feira também foi contra os projetos de privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). As propostas foram enviadas em 14 de novembro à Assembleia Legislativa (ALMG).

 

Nas estimativas do governo de Romeu Zema (Novo), as empresas valem cerca de R$ 15 bilhões. As participações acionárias do estado em cada companhia, no entanto, são distintas. Na Cemig, 17% das ações estão sob controle estatal, enquanto na Copasa, Minas possui mais de 50% do controle.