Empresa alvo de denúncias estava gerindo aproximadamente R$ 12 milhões nos fundos de formatura, informou a Polícia Civil -  (crédito: Google Street View/Reprodução)

Empresa alvo de denúncias estava gerindo aproximadamente R$ 12 milhões nos fundos de formatura, informou a Polícia Civil

crédito: Google Street View/Reprodução

A empresa Phormar Formaturas e Eventos Ltda. está sendo investigada pela Polícia Civil em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em Minas Gerais, após uma série de ações judiciais impetradas por várias turmas de instituições de ensino superior no município. Estudantes alegam que altas somas de dinheiro foram retiradas dos fundos. A empresa foi alvo de cerca de 25 boletins de ocorrência, informou nesta quarta-feira (11/12) o delegado Samuel Neri ao Estado de Minas. Alunos de colégios da cidade também estão entre as vítimas. 

 

Conforme o titular da 7ª delegacia no município, a Phormar estava gerindo aproximadamente R$ 12 milhões nos fundos de formatura, considerando valores a receber. Computadores da empresa e pouco mais de 150 contratos foram apreendidos e serão submetidos à perícia.

 

 

“A princípio, o proprietário usou o dinheiro dos fundos não em proveito próprio, mas como capital de giro, tirando de um lugar para cobrir outro. Além disso, ele teria procuração para fazer essas movimentações. Embora o dono alegue ter uma dívida em torno de R$ 5 milhões, ele não deixou de entregar nenhuma festa até o momento. Vale dizer que a empresa está há 28 anos no mercado. Então, é preciso cautela. É muito cedo para dizer se houve ou não crime de estelionato. Temos muita avaliação de perícia contábil pela frente. Caso fique provado o dolo do empresário, certamente ele irá responder por isso”, declarou.

 

 

Na última segunda-feira (9/12), a Polícia Civil informou em nota que o proprietário da empresa foi intimado, prestou depoimento na delegacia e entregou espontaneamente o passaporte, comprometendo-se a não sair da cidade. “Várias ocorrências foram registradas, mas, possivelmente, todas devem ser juntadas em um único procedimento. Já apuramos que a empresa administrava fundo de formatura também no estado do Rio de Janeiro e este fato será alvo de apuração”, pontuou a instituição policial.

 

A Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), também na segunda-feira, comunicou a abertura de uma “investigação preliminar” em decorrência do risco de “calote geral”. O órgão determinou a apresentação dos contratos nos quais ocorreram movimentações bancárias não autorizadas.

 

Advogado aponta esquema similar ao de pirâmide financeira

 

No rol de vítimas estão 60 estudantes de medicina da Faculdade Suprema. O grupo é representado pelo advogado Emmanuel Pacheco, que entrou com ação na Justiça no último dia 2. Segundo ele, foi constatado o desvio de aproximadamente R$ 700 mil da conta do fundo dos alunos.

 

As transferências bancárias não autorizadas desde 2022 teriam ido para contas vinculadas à Phormar. A ação judicial visa, portanto, reaver os valores desviados. A festa de formatura está marcada para dezembro de 2025.

 

“Existe a suspeita de que a Phormar estaria utilizando fundos de novas turmas para financiar formaturas em andamento, criando um sistema semelhante a uma pirâmide financeira. Esse modelo, insustentável por natureza, pode colocar em risco outros eventos já contratados, caso novos clientes não ingressem, já que há indícios de que a prática tenha se repetido com outras turmas e cursos”, explicou.

 

Por fim, Emmanuel Pacheco afirmou estar em processo de fechamento de contratos com mais oito turmas de faculdades em Juiz de Fora. Segundo ele, os novos clientes alegam prejuízos que variam de R$ 400 mil a R$ 1 milhão.

 

 

Phormar fecha parceria para cumprir contratos

 

Conforme a Polícia Civil, o Grupo Vision — com sede em Montes Claros, no Norte do estado, e que integra a Associação Brasileira de Empresas de Formatura (Abeform) — irá assumir as operações da Phormar a fim de arcar com as dívidas e assegurar a realização das festas agendadas.

 

“Iniciaremos uma auditoria na documentação e nas tratativas com fornecedores, clientes e colaboradores, a fim de garantir a realização de todos os eventos previstos e a honradez de todos os compromissos assumidos”, declarou o Grupo Vision em comunicado à imprensa, acrescentando que está há mais de 20 anos no mercado de eventos em cidades de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e São Paulo.

 

“Apenas hoje, esse grupo já arcou com R$ 250 mil para viabilizar festas que acontecem nos próximos dias. Os compromissos trabalhistas da Phormar também devem ser assumidos pelo grupo econômico”, pontuou o delegado. Segundo ele, considerando as últimas 24 horas, o montante chega a R$ 500 mil em relação aos pagamentos de boletos referentes a serviços de bufê.

 

O Estado de Minas tentou contato com a Phormar Formaturas e Eventos Ltda. por meio dos telefones informados em seu site e do envio de mensagens, mas não houve retorno até o fechamento da reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.


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