Amigos, vizinhos e os filhos de Katy Emanuela da Costa, de 37 anos, foram até o Cemitério da Paz, no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte, para se despedir da mulher, na tarde desta quinta-feira (12/12). Ela foi morta pelo marido, de 30 anos, a facadas na tarde de terça-feira (10/12), no Bairro São Marcos, na Região Nordeste da capital. Os golpes foram desferidos enquanto a vítima estava na calçada, na frente dos filhos. Marcos Vinicius Costa foi preso em flagrante no dia do crime, hoje a Justiça converteu a detenção em preventiva.
Katy tinha medida protetiva contra o suspeito. Os dois têm seis filhos juntos – outros dois, de 19 e de 16, são do relacionamento anterior da mulher. Ao tentar ajudar a mãe, o filho de 13 anos foi ferido pelo pai com golpes no pescoço, mas passa bem e está fora de perigo.
Nesta tarde, pessoas próximas à família chegaram ao velório em um ônibus fretado. Todos juntos acompanharam o último adeus à Katy. Os filhos da mulher não quiseram falar com a imprensa. A líder comunitária, Shirley Fonseca, que os têm acompanhado desde o ataque afirmou que as crianças e adolescentes vão ficar com o irmão mais velho.
De acordo com ela, o imóvel em que moravam está em situação de abandono, mas com a ajuda da comunidade e de outras pessoas foi possível comprar novos móveis e arrecadar alimentos. A vaquinha online para ajudar a família já bateu R$ 23.800. A meta é de R$ 30 mil. Quem quiser doar pode acessar o site da Campanha do Bem.
“É uma situação de vulnerabilidade, mas isso nós já estamos conseguindo com os próprios moradores para ajudar a fazer a reforma do imóvel. Nós estamos fazendo uma corrente do bem, onde cada um está ajudando com o que pode. Somos várias pessoas. Tem uma vaquinha online. Tem arrecadação de alimentos, na escola onde um deles estuda também está arrecadando. Então estamos fazendo de tudo. Vizinhos e moradores. A comoção é muito grande”, disse Shirley.
Uma das preocupações de vizinhos e amigos da família é que os irmãos menores de idade sejam separados. À polícia, o filho mais velho da vítima, de 19 anos, afirmou que irá cuidar dos mais novos. Quem convive com eles acredita que, com o amparo necessário, a família irá se reerguer, apesar da tragédia.
“O mais velho é muito responsável. Sempre trabalhou desde novo e nós vamos ampará-los. Não vamos soltar a mão desses meninos. O que a gente não pode é separar essa família. A comunidade está motivada a fazer isso. Acredito que ele vai dar conta sim, hoje nós temos escolas em tempo integral, onde os meninos podem ficar para que ele consiga trabalhar. O de 16 anos pode entrar em uma Associação Profissional do Menor de Belo Horizonte, apesar de que ele já trabalha. Na verdade, Deus ajuda e eu acredito que ele vai conseguir sim”, disse a líder comunitária.
O ataque
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que Katy é atacada. Marco aparece nas gravações desferindo uma sequência de golpes na esposa, que estava na calçada. Enquanto alguns moradores tentam cercá-lo com pedaços de madeira e pedras, é possível ouvir, ao fundo, algumas mulheres gritando, e uma delas pergunta: “Matou ela? Matou!”.
Depoimentos de testemunhas – os vizinhos da família – contaram situações assustadoras. Não foi só o fato de o casal viver uma vida conturbada, cheia de atritos, mas hábitos macabros de Marcos, que seria viciado em drogas. Uma delas relatou que ele tinha o hábito de assustar as pessoas, ao beber o sangue de animais na frente dos outros.
Vizinhos relataram, ainda, que o homem teria passado a noite que antecedeu ao crime usando entorpecentes. Em dias anteriores, ele teria pintado, em cima da porta da casa de Katy, a palavra “Psico”. O resultado da perícia ainda não é conhecido, mas foi encontrado sangue nas paredes internas da casa, assim como no passeio e na rua, para onde Katy correu para tentar escapar da fúria de Marcos. Além disso, ele tinha sangue espalhado pelo corpo.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
“Ali ficou muito claro, e espero que fique claro para a Justiça, que ele queria matá-la, e quando viu que não conseguiu, ele voltou e terminou o serviço. Aquilo foi uma crueldade, para mim ele é um monstro que tem que ficar na cadeia. Ele já não era bom, porque pela situação que a gente viu que estava a casa ele não era bom”, concluiu a vizinha Shirley Fonseca.