Pompéu – O imponente e bem preservado sobrado guarda histórias, documentos, objetos, retratos, memória familiares e parte preciosa de Minas. Estamos no Centro Cultural Dona Joaquina do Pompéu, onde se encontram o Museu Genealógico e Histórico (IHG) de Pompéu, a Diretoria Municipal de Patrimônio Cultural, Artístico e Histórico, o Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu e a Biblioteca Municipal. O prédio do século 19 tem uma origem curiosa. Antigo Casarão do Laranjo, ele foi desmontado para a construção da represa do Retiro Baixo, e reconstituído no Bairro São José, na cidade do Centro-Oeste distante 170 quilômetros de Belo Horizonte.
A inauguração ocorreu em 2011, conta o diretor Municipal de Patrimônio Cultural, Artístico e Histórico, Hugo de Castro Machado, também presidente do IHG Pompéu: “A quase totalidade do acervo do Museu Genealógico, incluindo a história de Dona Joaquina do Pompéu, pertence do IHG de Pompéu”. Mineira de reconhecida influência nas Gerais na segunda metade do século 18 e início do 19, e participação até nas lutas pela independência do Brasil, dona Joaquina do Pompéu (1752-1824) tem milhares de descendentes no município e na região.
Se alguém chegar na cidade e perguntar quem descende da poderosa “Dama do Sertão”, como dona Joaquina era chamada, certamente quase todos vão levantar a mão. “Nossa história se confunde com o legado da matriarca, grande cidadã brasileira”, orgulha-se Hugo, que também está no grupo de descendentes. No sábado (7), nas efemérides de homenagem pelos 200 anos de falecimento da mineira natural de Mariana (Região Central de Minas) e sepultada na Capela de Nossa Senhora da Conceição do Pompéu, uma iniciativa da prefeitura local foi lançada para não só homenagear a fazendeira, pois atravessa suas antigas terras, como favorecer o turismo, a economia, o lazer. Trata-se da Rota Turística da Serra do Mucambinho, com recursos do Fundo Municipal de Turismo, que já está com sinalização para orientar os que gostam de uma boa trilha entre planície e montanhas.
As pessoas poderão percorrer a pé, de bicicleta, a cavalo. O circuito totaliza 43 quilômetros, sendo 24,3 quilômetros da porta da Matriz Nossa Senhora da Conceição, no Centro, até a Serra do Mucambinho. No caminho, com a moldura da vegetação de cerrado, há fazendas “e vistas espetaculares”. A iniciativa da prefeitura tem participação da secretária Municipal de Cultura, Esporte e Turismo, Alexssânia Cunha.
ACERVO
Conhecer o Centro Cultural Dona Joaquina do Pompéu é fazer uma viagem no tempo e descobrir detalhes da Região Centro-Oeste de Minas, por onde passava o Caminho de Goiás ou Picada de Goiás, uma das “estradas reais” abertas no Brasil, no século 18, em função da mineração.
Fazem parte do acervo uma imagem de Santa Rita esculpida em calcita, moenda de cana, espada curva, candeia oriunda do sobrado de Dona Joaquina (prédio demolido em 1954), banco de parteira, roca de fiar e as abotoaduras de topázio da farda do capitão Inácio Campos, com quem Joaquina se casou aos 12 anos. “O casal teve 10 filhos, os quais geraram 87 netos, 333 bisnetos e 1.108 trinetos. O número de descendentes chega a 80 mil, com pessoas espalhadas pelo Brasil e documentadas em livro”, informa Hugo.
OURO PRETO RECEBERÁ RECURSOS PARA...
Primeira cidade brasileira reconhecida como Patrimônio Mundial (1980), Ouro Preto receberá R$ 1,3 milhão para restauro do Casarão do Vira Saia, no Bairro Antônio Dias. O recurso vem de um convênio firmado entre a prefeitura local e a Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial. Após recuperada da situação precária em que se encontra, e requalificada, a edificação sediará o Centro de Interpretação Cultural e Turismo. O serviço trará novo modelo de aproximação e conexão dos visitantes com o território, proporcionando experiências de interação por meio da história.
...RESTAURAR O CASARÃO DO VIRA SAIA
A mobilização da prefeitura para salvar o casarão começou há três anos, na gestão de Angelo Oswaldo. Em abril de 2022, o imóvel foi desapropriado. Vira Saia, codinome de Antônio Francisco Alves, viveu no século 18 e tinha a missão de interceptar o ouro retirado em Minas com destino ao Rio de Janeiro, para a coroa portuguesa. Era tipo um Robin Hood do pedaço. Dizem que se valia da imagem de uma santa, em seu oratório, para indicar o destino do ouro. Com o movimento, era possível saber o rumo dos carregamentos em direção aos portos do Rio
PAREDE DA MEMÓRIA
Tudo na vida é passageiro, menos o condutor e o motorneiro. O dito popular acompanhou uma geração de mineiros no período em que os bondes circularam no estado. Os últimos saíram de cena em 1969, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Neste mês de homenagens a Belo Horizonte pelos 127 anos de sua inauguração, comemorados na quinta-feira (12), vai aqui o retrato de uma “viagem” em 28 de dezembro de 1947. Para quem morre de saudade desse transporte, vale a pena visitar o Museu Histórico Abílio Barreto, no Bairro Cidade Jardim, onde fica exposto um exemplar que deixou os trilhos em 1963.
DORES DO TURVO
Será lançado no sábado (21) o livro “Dores do Turvo: História, devoção, arte e patrimônio cultural”, organizado pelo historiador André Colombo. A obra reúne pesquisa de 15 autores sobre temas diversos referentes à cidade da Zona da Mata. Partindo de fontes históricas locais, como acervos familiares e de irmandades, os autores lançam novas luzes sobre a tricentenária localidade que conecta os sertões dos rios Piranga e Pomba, importante fronteira econômica e política no século 18. Lançamento às 20h, na Matriz Nossa Senhora das Dores do Turvo. O valor (R$ 50, cada exemplar) obtido com a venda dos livros será integralmente revertido para o restauro do órgão de tubo da igreja. Informações: (32) 99161-7424 ou colombohistoria@gmail.com
“PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE”
Está em cartaz no Museu Boulieu, em Ouro Preto, a exposição “Patrimônio da humanidade – Arte sacra na América Latina”. São 17 quadros do artista plástico paulista Percival Tirapelli celebrando o legado artístico das missões jesuíticas. As obras incluem colagens de fotografias e pinturas do próprio Tirapelli, que é especialista em arte barroca latino-americana e contribui na criação de textos expográficos do Boulieu. A mostra fica até o final de fevereiro. O museu fica na Rua Padre Rolim, 412, no Centro Histórico. Informações: @museuboulieu e museuboulieu.org.br
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PROJETO DE PESQUISA
Começa em fevereiro uma grande pesquisa bibliográfica sobre a história da capital e do estado para preservação da memória. À frente, o Instituto Cultural Amilcar Martins (Icam), com apoio do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura. A partir do trabalho, serão elaboradas duas publicações, viabilizadas por meio de parceria da SMC/PBH com o Ministério Público de Minas Gerais. Na primeira, as referências bibliográficas abrangendo o conjunto de informações sobre os 300 anos de história de Minas (completados em 2020) e, na segunda, as específicas sobre a historiografia dos 125 anos de BH (completados em 2022). Além de democratizar o acesso às informações e incentivar a pesquisa histórica e cultural, a iniciativa vai disponibilizar a programação on-line do atual catálogo da Coleção Mineiriana do Icam.