As causas do acidente seguem sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais -  (crédito: Sala de Imprensa/CBMMG)

As causas do acidente seguem sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais

crédito: Sala de Imprensa/CBMMG

A defesa do motorista da carreta suspeito de provocar o acidente na BR-116 que resultou nas mortes de 41 ocupantes de um ônibus disse, nessa segunda-feira (23/12), que seu cliente entrou em pânico e, por isso, deixou o local logo após a batida. O desastre aconteceu na madrugada de sábado (21/12), na altura do distrito de Lajinha, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, e envolveu, além da carreta e do coletivo, um carro de passeio. 

 

Uma câmera às margens da rodovia registrou o acidente. Veja:

 

 

“Ele desceu da carreta, foi verificar o que aconteceu e entrou em pânico quando viu a gravidade do acidente. Ele também se preocupou com a sua integridade física e deixou o local, também, porque não tinha nenhuma condição de prestar qualquer tipo de assistência”, declarou o advogado Raony Scheffer, acrescentando que seu cliente havia se deslocado para a cidade de Barra de São Francisco, no Espírito Santo, onde reside.

 

O homem era considerado foragido e se entregou à polícia, nessa segunda-feira, ao comparecer à sede do 15º Departamento de Polícia Civil, em Teófilo Otoni, acompanhado de advogados. Na saída da delegacia, ele cobriu o rosto e não quis falar com a imprensa.

 

 

Scheffer ainda contestou a informação divulgada pela Polícia Militar (PMMG) de que o motorista estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa desde 2022, quando se recusou a realizar o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca em Mantena, perto da divisa com o Espírito Santo. “Ele tem uma decisão judicial que revogou a suspensão da CNH, estando perfeitamente apto para dirigir”, frisou.

 

 

Para a Polícia Civil, a principal hipótese para o acidente é que houve o tombamento do semirreboque da carreta que transportava um bloco de granito, o que fez o ônibus com 45 ocupantes, trafegando no sentido contrário, colidir de frente com a rocha, causando um incêndio. Em seguida, um automóvel Fiat Argo, que seguia logo atrás, também bateu na carreta, deixando os três ocupantes gravemente feridos.

 

O delegado e porta-voz da Polícia Civil de Minas, Saulo Castro, também considera a versão sustentada pela defesa do motorista da carreta de que possa ter ocorrido uma falha mecânica no coletivo. “Todas as informações, imagens e relatos de feridos estão sendo colhidos. A informação inicial das testemunhas no carro de passeio era de que o pneu do ônibus teria estourado”, explicou.

 

  

Em análise da nota fiscal da carreta, a Polícia Civil constatou que houve excesso de carga. “Aí já haveria um indicativo de responsabilidade por parte do condutor”, acrescentou o delegado. Questionado, o advogado do motorista rebateu: “Não nos foi apresentada nenhuma prova nesse sentido”.

 

Em nota, a Emtram, empresa responsável pelo ônibus, lamentou a tragédia e disse que o coletivo trafegava em condições regulares, pois “estava com sua revisão em dia, pneus novos e possuía sistema de monitoramento”. “A Emtram está à disposição das autoridades e colaborando com toda a investigação”, informou.

 

Justiça negou pedido de prisão preventiva, diz Polícia Civil

 

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que havia solicitado a prisão preventiva do motorista da carreta, mas a Justiça não acatou, pois o motorista não estava mais na condição de flagrante — ou seja, quando a pessoa é detida enquanto comete ou logo após cometer a infração, conforme determina o artigo 302 do Código Penal.

 

 

Na manhã desta terça-feira (24/12), a Polícia Civil confirmou a identificação de 14 corpos, sendo que 11 deles foram retirados pelas famílias. Inicialmente, de acordo com informações do IML em Teófilo Otoni, 36 pessoas morreram instantaneamente no acidente e outras duas tiveram as mortes confirmadas após atendimentos hospitalares, totalizando 38 óbitos.

 

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A empresa responsável pelo ônibus, porém, retificou esse número ao informar os nomes de 39 mortos (veja a lista aqui). Nesse domingo, o quantitativo foi novamente atualizado pela PCMG, quando a instituição comunicou a chegada de 41 corpos no IML da capital.

 

Dos 44 passageiros no ônibus, 21 iriam a Vitória da Conquista, 12 para Santa Inês e 11 para Elísio Medrado, a parada final. Todos embarcaram em São Paulo.