Iolanda Ribeiro Conti em comemoração de sua formatura -  (crédito: Arquivo pessoal)

Iolanda Ribeiro Conti em comemoração de sua formatura

crédito: Arquivo pessoal

Nascida em Piranguçu, no Sul de Minas, Iolanda Ribeiro Conti, de 91 anos, realizou seu sonho no último dia 11, em Guarulhos (SP), onde mora. Ela recebeu o diploma do Ensino Médio, que simboliza a realização de um sonho de décadas. Ela frequentou as aulas pelo programa Educação de Jovens e Adultos (EJA).

 

 

"Eu queria muito escrever meu nome. Sempre me incomodou não saber ler e escrever. Mas nunca deixei de sonhar e consegui. Querer é poder, mas temos que correr atrás. Nada é fácil. Tem que ter muita fé em Deus e não perder a esperança. Quanto mais se vive mais se aprende. A idade não importa", contou em entrevista ao G1.

 

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Dona Iolanda não pôde frequentar a escola quando era criança. Ela começou a trabalhar na roça quando tinha 8 anos. Além disso, ela tinha a responsabilidade de cuidar dos irmãos. Aos 11 anos, ela foi levada por uma família para São Paulo. A promessa era colocá-la na escola, mas, na realidade, foi submetida a trabalho doméstico e exploração. 

 

 

Anos depois, ela conseguiu sair da jornada de exploração. Dona Iolanda formou uma família, teve três filhos e trabalhou em diversos empregos, como faxineira, padeira e lavadeira. Mas o sonho de estudar continuava vivo.

 

 

Quando tinha 85 anos, ela deu o primeiro passo: escreveu seu nome pela primeira vez. Sua filha, Vera Lúcia Ribeiro Conti, que é fisioterapeuta, foi a principal incentivadora desse processo. "Sempre falou o quanto queria estudar, aprender a escrever e a ler. Foi então que a matriculei numa escola. Ela escreveu o nome dela pela primeira vez aos 85 anos. Foi emocionante", disse ao G1.

 

Uma jornada inspiradora

 

Foi Vera que matriculou a mãe na Escola Estadual Padre Conrado Sivila, onde Iolanda concluiu o ensino fundamental e, posteriormente, o ensino médio. Durante todo o percurso, Vera a acompanhou diariamente, mostrando a força dos laços familiares.

 

"Acompanhava todos os dias nas aulas, que eram aqui perto de casa. Sou fisioterapeuta e deixei de atender clientes à noite para ir com ela. E valeu a pena. Faria tudo de novo porque ela fez muito por mim. Eu sou adotada por ela e sou muito grata", afirmou.

 

 

Para Iolanda, a escola foi além do que imaginava. "Fiquei muito contente, graças a Deus me deram oportunidade. Conheci pessoas muito boas que cuidaram bem de mim, me deram a maior força. Sou feliz. E eu não faltava nas aulas, mesmo na chuva e no frio", contou.

 

Agora, com o ensino médio completo, Iolanda sonha em entrar na faculdade. O curso escolhido foi Nutrição. Quando era mais jovem, o sonho era ser enfermeira.  "Eu vou para a faculdade, vou fazer aquilo que quero fazer. Querer é poder. Se Deus quiser, né? Deus é quem sabe. Mas se consegui até agora, consigo o resto", disse.

 

 

Vera já se prepara para realizar mais esse sonho. "Tem gente que fala que ela está tão senhorinha. Mas se for preciso eu vou com ela nas aulas, vou ajudar porque ela merece. É um sonho que ela tem", declarou.