Engenheiros da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vistoriaram os imóveis vizinhos à casa que desabou nessa quarta-feira (25/12) no Conjunto Pedro VI, Região Nordeste de Belo Horizonte. Segundo eles, não houve danos estruturais e não há perigo iminente de desabamento.
Entretanto, a Defesa Civil de BH emitiu um alerta de chuvas intensas para a capital. A previsão é de chuva de até 40 milímetros (mm), além de raios e rajadas de vento de até 50 km/h até a manhã de sexta (27). A média climatológica para a capital em dezembro é de 339,1 mm, mas quatro das nove regionais já ultrapassaram a média esperada.
Entre as vítimas estão três rapazes que foram resgatados por vizinhos, receberam atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e já receberam alta. Eles tinham apenas ferimentos leves: um braço quebrado e cortes pelo corpo.
Já uma jovem de 15 anos foi retirada dos escombros pelo Corpo de Bombeiros. Ela teve fraturas nas pernas e um corte que não pôde receber pontos pois se encontra muito inchado e, por isso, ainda se encontra no Hospital Odilon Behrens.
Susto no Natal
No momento do desabamento, quatro jovens se encontravam na casa. Eles tinham acabado de voltar de um baile funk quando foram surpreendidos. Além disso, um automóvel, também foi soterrado.
Três vítimas foram retiradas dos escombros com a ajuda de moradores da rua. "Os rapazes estavam embaixo dos escombros, sangrando muito, e nós tiramos eles de lá. Levantamos pedaço de laje e cinta que estavam em cima deles”, conta Pedro Luís Pereira Teixeira, 25 anos, dono da barbearia que fica ao lado da casa que desabou.
Segundo o barbeiro, foi preciso arrombar o portão para poder chegar às vítimas. Devido ao desabamento, houve danos no piso e nas paredes do estabelecimento. "Estou desolado. É minha única renda. Vou ter que mandar consertar a porta, ver a questão das rachaduras", lamenta.
Marcelo Guimarães de Oliveira, 39 anos, conta que se assustou com o barulho da casa desabando e, quando chegou no local, viu muita poeira. Ele também ajudou no resgate, mas não conseguiu chegar até a jovem de 15 anos.
“Machuquei a perna, pé e ombro tentando socorrer a menina, mas não passei no buraco. Os bombeiros chegaram logo em seguida e graças a Deus deu tudo certo”, relata mostrando as escoriações. “O que me motivou foi sempre querer ajudar o próximo, seja quem for. E eu tenho curso de primeiro socorro, entendo de obras, e pensei ‘posso fazer algo’”, completa.
Tiago da Paz Miranda Chaves é dono do imóvel onde fica a barbearia e teve a entrada de sua casa impedida por escombros. Ele passou a noite na casa de parentes e ainda não sabe quando poderá retornar.
“A gente paga IPTU, água, luz, que não é barato. A prefeitura podia olhar para nós o mais rápido possível, estamos sem luz ainda. O que a gente precisa é de ajuda, para não sentir que estamos abandonados”, declara Chaves.
Contradições
Segundo Pedro Teixeira, de 25 anos, vizinho do imóvel que desabou, toda a vizinhança sabia que a casa corria risco de desabar, devido a um vazamento constante de água no local e também porque ela foi construída em um terreno onde existe uma mina d’água.
Porém, Douglas Marcelino da Silva, 36, irmão da proprietária do ímóvel, alegou que ela não sabia sobre o risco de desabamento. A casa estava alugada para a tia de Douglas e era frequentada principalmente pelos primos.
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"Muita gente falando que ela sabia. Ela não tinha esse conhecimento, até porque ela está grávida e ia morar em breve aqui com os filhos", conta.
A tragédia poderia ser maior se tivesse acontecido no dia anterior. Segundo os vizinhos, um salão de beleza que ficava na parte inferior da casa, ontem, véspera do Natal, recebeu muitas clientes e um churrasco de confraternização de fim de ano aconteceu em cima da laje do imóvel.