A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclarece a divergência entre o número de mortos no acidente da BR-116 estipulado pela corporação e a Emtram, empresa responsável pelo ônibus envolvido no acidente. A dúvida foi explicada em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (26/12) em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, onde aconteceu o acidente.
O perito criminal Felipe Dapieve explica que a quantidade de 41 mortos é relativa ao número de sacos mortuários coletados no dia do acidente, 21 de dezembro. No entanto, ele ressalta que foi divulgado que havia 45 passageiros no ônibus, dos quais seis pessoas sobreviveram, o que resultaria em 39 mortos, como apontado pela empresa do ônibus.
“Não é descartada a possibilidade desse número [39], porém, a gente tem que trabalhar com 41 porque foi a quantidade de sacos mortuários encaminhados à perícia”, afirmou Dapieve.
O perito destaca que, devido ao grau de carbonização dos corpos, é possível que tenha havido uma separação de uma mesma vítima em mais de um saco, mas isso só vai poder ser esclarecido com o fim da perícia.
O desencontro entre as informações já havia sido questionado pelo Estado de Minas no dia seguinte do acidente. Na ocasião, a corporação sustentou que havia 41 corpos. Entre as razões por trás da divergência, foi levantada a hipótese de que bebês de colo poderiam não ter sido contabilizados, mas como outros bebês entraram na listagem divulgada e por ser também uma viagem longa demais, essa hipótese não ganhou muita aderência na empresa e no IML de Teófilo Otoni, onde a informação era de 39 vítimas.
A possibilidade de passageiros terem pegado carona seria ainda mais remota, uma vez que não há relatos dos sobreviventes que indiquem tal procedimento, que seria irregular.
Vítimas identificadas
O número de corpos identificados subiu para 16. A atualização foi dada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (26/12). Desse total, 14 corpos já foram retirados do Instituto Médico Legal (IML).
As demais vítimas seguem passando por procedimentos de análise para identificação.
Ainda de acordo com a PCMG, parentes de todas as vítimas já entraram em contato para envio de materiais a serem usados no processo de identificação. Caso seja necessário entregar mais materiais, a corporação entrará em contato com os familiares.
A empresa Emtram, responsável pelo ônibus que se envolveu no acidente, se comprometeu a custear o funeral dos passageiros que morreram e a hospedar os familiares durante os trâmites funerários.
Investigações
Na coletiva, a PCMG também informou que as investigações seguem em andamento e não há prazo para conclusão do inquérito policial, uma vez que o objetivo é detalhar ao máximo para compreender como se deu o trágico acidente.
A corporação também afirmou que ainda não há conclusões da dinâmica do acidente que envolveu uma carreta, um ônibus e um carro. No entanto, procedimentos como oitiva de testemunhas, coleta do tacógrafo e análise do peso da carga que estava sendo transportada foram realizados.
O acidente
No sábado, um ônibus da empresa Emtram levava 45 passageiros de São Paulo para a Bahia quando colidiu com uma carreta que transportava um bloco de granito e vinha no sentido contrário. Um carro de passeio que vinha atrás bateu na traseira do caminhão.
A Polícia Civil havia informado que a principal hipótese para o acidente é que houve o tombamento do semirreboque da carreta que transportava um bloco de granito, o que levou o ônibus a bater de frente com a rocha, causando um incêndio. Em seguida, um automóvel de passeio bateu na carreta deixando os três ocupantes feridos.
Outra hipótese foi apresentada à Polícia Rodoviária Federal por Aldimar Ferreira Ribeiro, de 61 anos, que alega ser o condutor do caminhão que aparece em imagens de uma câmera de segurança segundos antes da colisão. Segundo ele, o ônibus estava em alta velocidade e o ultrapassou pouco antes do acidente.
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O motorista da carreta, que fugiu do local, alega que o pneu do coletivo estourou e a perda de controle do veículo causou o acidente. Ele se entregou à polícia na segunda-feira (23/12) na sede do 15º Departamento de Polícia Civil, em Teófilo Otoni, acompanhado de advogados e foi liberado em seguida. Segundo a defesa, o homem fugiu do local por ter entrado em estado de pânico após o acidente.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice