Já com luz do dia, o tamanho da tragédia: ônibus incendiado, carro destruído, a carreta por cima; acidente em Teófilo Otoni, na BR-116, foi trágico -  (crédito: CBMMG)

Já com luz do dia, o tamanho da tragédia: ônibus incendiado, carro destruído, a carreta por cima; acidente em Teófilo Otoni, na BR-116, foi trágico

crédito: CBMMG

Mesmo sem contabilizar o maior desastre rodoviário do Brasil em estradas federais desde 2007 - ano que começaram as estatísticas - com pelo menos 39 óbitos, a BR-116 já é a mais letal de Minas Gerais em 2024 e está muito perto de ser a que vai fechar o ano com mais mortes. Entre janeiro e novembro, a cada nove acidentes registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), pelo menos uma pessoa morreu na estrada.

 

A letalidade é maior do que toda a BR-381, incluindo a Rodovia da Morte e a Fernão Dias, por exemplo, com índice de 16 acidentes para uma pessoa morrer. Na BR-040 foram 14,5 ocorrências por óbito e, na BR-262, 12 registros por vítima.

 

 

A rodovia BR-116 pode passar pela primeira vez a BR-381 em número total de óbitos depois do desastre com pelo menos 39 mortos entre um ônibus, uma carreta e um carro, por volta das 3h30 do dia 21/12, na altura do KM286 da BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri (MG).

 


Entre janeiro e novembro de 2024, 138 pessoas morreram na BR-116, enquanto que 154 perderam suas vidas na BR-381. A diferença é de 16 pessoas. Contudo, nos meses de dezembro dos últimos 5 anos, entre 2019 e 2023, a BR-381 registrou uma média de 20,6 mortes - enquanto a BR-116 chegou a 10,8. Assim, com a tragédia inflando os números, a BR-116 tem tudo para ser a triste campeã de mortos em 2024.

 

 

Um dos motivos para a letalidade da BR-381 ser menor do que nas demais grandes vias que cruzam Minas ligando dois outros estados é o grande volume de veículos sobretudo no trecho de ligação com São Paulo - o maior mineiro - pulverizar mais a proporção de acidentes por vítimas.

 

 

Para se ter uma ideia, 91,5% dos registros de acidentes na BR-116 não tiveram vítimas. Pode parecer muito, mas na BR-040, 93,6% terminaram sem pessoas mortas, índice que na BR-262 foi de 93,15% e na BR-381 de 94,4% de registros sem óbitos.

 

Carreta, carro e ônibus se envolveram em grave acidente em Teófilo Otoni, no Vale do Rio Mucuri

Carreta, carro e ônibus se envolveram em grave acidente em Teófilo Otoni, no Vale do Rio Mucuri

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Ao se observar as causas de acidentes na BR-116 observadas pelos agentes da PRF, em 2024, até novembro, o motivo mais frequente foi a ausência de reação dos motoristas no momento do desastre, com 22 casos. Em seguida, com 20 registros, vem o trafegar pela contramão, o excesso de velocidade (11) e as ultrapassagens indevidas (11).

 


Os tipos de acidentes mais observados na BR-116 foram as colisões frontais, com 40 indicações dos agentes, seguidas pelas saídas de pista, com 15, as colisões laterais (10), colisões transversais (9) e tombamentos (9).

 


Antes do desastre com pelo menos 39 vítimas, o acidente mais grave do ano tinha ocorrido na tarde do dia 12 de janeiro, em Campanário, no Vale do Rio Doce, na altura do KM343. Um ônibus e uma caminhonete Chevrolet Veraneio bateram na ponte sobre o Rio Itambacuri e o veículo de passageiros caiu no leito do curso d'água. No dia, seis morreram, mas outros dois não resistiram aos ferimentos e perderam a vida no dia seguinte, elevando a oito mortos na tragédia e um total de 43 feridos.

 

 

Segundo a ocorrência da PRF, a Veraneio apresentou uma falha mecânica ou elétrica que resultou em colisão lateral contra o veículo pesado.

 

 

Levando em conta apenas os 107 acidentes que deixaram pessoas mortas de janeiro a novembro de 2024, o quilômetro com mais acidentes mortais entre janeiro e novembro de 2024 foi o KM68, em Medina, no Vale do Jequitinhonha, com duas ocorrências que somaram cinco mortos.

 


Nesses mil metros, em um dos acidentes o condutor dormiu, enquanto no outro, o motorista transitava pela contramão. Ambos resultaram em colisões frontais. O local é uma longa reta entre curvas, de pista simples com limite de 80 km/h, acostamentos e dotada de placas que trazem os alertas: "Só ultrapasse com segurança", "Mantenha-se em sua faixa" e "Atenção: entrada e saída de carretas (longas)".

 


Um total de sete trechos da BR-116 dentro dos municípios mineiros apresentaram mais acidentes com mortos, até novembro de 2024. O mais crítico deles é o de Leopoldina, na Zona da Mata, com 13 mortes em sete acidentes, a maioria deles por transitar na contramão e por terem os motoristas reagido tardiamente a situações de acidentes. A quase totalidade desses desastres se deu por colisões frontais.

 

 

Em seguida, aparece mais uma vez Medina, onde quatro desastres totalizaram dez mortes em mistos de alta velocidade, transitar pela contramão e que terminaram batidas de frente.

 

 

Outros cinco municípios somaram nove óbitos. Em Frei Inocêncio, no Vale do Rio Doce, nove pessoas perderam suas vidas em seis acidentes, a maioria por transitar na contramão e que terminaram em batidas de frente.

 

 

Em Governador Valadares, na mesma região, nove vítimas em oito registros de batidas, a maioria ultrapassagens indevidas ou tráfego pela contramão, que causaram acidentes com batidas frontais e traseiras.

 

 

Manhuaçu, na Zona da Mata, teve nove mortos em oito acidentes, os mais numerosos por reações tardias dos motoristas e alta velocidade, sendo os tipos mais frequentes as colisões frontais entre veículos. Na mesma região, Muriaé computou sete acidentes e nove mortes, com ocorrências de ultrapassagens indevidas e alta velocidade gerando tombamentos e colisões de frente.


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Fechando a lista de desastres da BR-116 vem Teófilo Otoni, no Vale do Rio Mucuri, onde oito acidentes deixaram nove mortos. Os registros mais numerosos ocorreram por trafegar pela contramão e por ausência de reação do motorista, em colisões frontais.

 

 

O Governo de Minas, por meio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), informa que até o momento foram identificados 32 corpos de vítimas do acidente de Teófilo Otoni, na BR 116, dos quais 16 já foram retirados pelos familiares. As quinze identificações mais recentes ocorreram por meio de exames de DNA

 

 

"A PCMG reforça que o acolhimento aos familiares e os esclarecimentos sobre o processo de identificação e liberação dos corpos continuam a ser realizados pelo setor de assistência social do Instituto Médico Legal, pelo telefone (31) 3379-5059", informou.