A reportagem flagrou em dezembro de 2020 uma rachadura na liga entre dois blocos de concreto após acidente que vitimou 19 pessoas 
 -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

A reportagem flagrou em dezembro de 2020 uma rachadura na liga entre dois blocos de concreto após acidente que vitimou 19 pessoas

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press

Um vídeo que viralizou nas redes sociais está causando apreensão entre motoristas que transitam pela BR-381, na altura do quilômetro 351, em João Monlevade, Região Central de Minas Gerais. A gravação mostra supostas rachaduras atravessando a ponte de ponta a ponta, enquanto o narrador alerta sobre o aumento das fissuras e o risco iminente para quem passa por ali.


A estrutura em questão é a conhecida “Ponte Torta”, uma construção dos anos 1970 que já carrega um histórico de acidentes graves e críticas à sua conservação. Com apenas uma faixa em cada sentido, a ponte passa sobre a avenida Vereador João Braga, a Estrada de Ferro Vitória a Minas e o rio Piracicaba, em uma região de tráfego intenso, especialmente de caminhões e carretas.

 

Diante da repercussão, a reportagem procurou a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que informou que a manutenção e vistoria de rodovias federais, quando não privatizadas, são de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Porém, até o fechamento desta matéria, o Dnit não se manifestou sobre o caso.

 

 

A assessoria de comunicação da PRF afirmou ainda que o vídeo mistura imagens antigas e recentes e que, a princípio, não há indícios de abalo estrutural. O órgão indicou que as rachaduras aparentes podem ser resultado da remoção do asfalto na junta de dilatação – elemento estrutural projetado para absorver movimentos e vibrações, comum em pontes e grandes obras de engenharia.

 

 

"Com as chuvas e o movimento pesado, o asfalto da junta de dilatação na cabeceira foi removido, mas não há confirmação de abalo estrutural nem de outros problemas", declarou o órgão à reportagem. Ainda segundo a PRF, o Dnit foi acionado e estaria monitorando a situação. O órgão ainda reforçou que somente os engenheiros do DNIT estão aptos a realizar vistoria no local e tomar as decisões técnicas necessárias.

 

Na época do acidente que vitimou 19 passageiros em um ônibus que partiu de Mata Grande, Alagoas, com destino a São Paulo, o Estado de Minas destacou a precariedade da estrutura da ponte. A reportagem registrou uma rachadura na ligação entre dois blocos de concreto. Apenas um mês depois, outro grave incidente ocorreu no local: um caminhão carregado de asfalto despencou no rio, resultando na morte de quatro ocupantes.


A polêmica surge em um momento delicado, poucos dias após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre o Maranhão e o Tocantins, ocorrido no último dia dia 22, o que só intensificou o debate sobre a segurança no local.