Os "Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal"  -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press - 4/12/24)

Os "Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal"

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press - 4/12/24

Um ano de extremos em Minas Gerais, especialmente nas áreas ambiental e climática, com fogo e água se alternando para deixar um rastro de destruição. E um 2024 também de muitas alegrias, conquistas, vibração nos corações, com recorde de público no carnaval, samba em ritmo de Patrimônio Cultural de Belo Horizonte e os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” ganhando o mundo, em 4 de dezembro, com o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

 


Teve festa para o queijo no Palácio da Liberdade, onde, em 20 de novembro, num gesto de reparação histórica, o retrato de Antônio Francisco Lisboa, o mestre Aleijadinho (1738-1814), patrono das artes no Brasil, entrou para a Sala dos Grandes de Minas. Trata-se do primeiro afrodescendente a figurar em galeria na qual se encontram Santos Dumont (1873-1932), o Pai da Aviação, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), expoente da Inconfidência Mineira, e os ex-governadores de Minas. Esta matéria mostra esses e outros destaques que fizeram história, na capital e no interior, neste ano que termina.


Temperatura nas alturas, fogo destruindo vegetação, e um final de ano permeado de contrastes. Em contraponto à longa estiagem que assolou diversas regiões e deixou Belo Horizonte 174 dias consecutivos sem chuva, com incêndios nas matas e termômetros em elevação, as águas de dezembro já causaram estragos e assustaram moradores. Na véspera do Natal, houve queda de muro no Barreiro, veículos arrastados pela forte correnteza e muita preocupação com os próximos meses.


Em 2024, as temperaturas surpreenderam, principalmente no período de estiagem (de 20 de abril a 9 de outubro). Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/BH), a capital registrou 36,8 graus, na Pampulha, em 8 de outubro. Mas não foi a maior da média histórica: em 22 de outubro de 2015, o termômetro marcou 37,4, no Bairro Santo Agostinho. Já no âmbito estadual, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em 9 de outubro, fez um calorão de 42,8 graus, a maior temperatura do ano no estado.


Outubro também surpreendeu com as chuvas, contabilizando, segundo o Inmet/BH, 288 milímetros de chuva, valor 162% superior à média do mês (110,1mm). Foi o terceiro outubro mais chuvoso da série histórica de BH – atrás apenas de 2009 (344,4mm) e de 1965 (322,7).

 

DE OLHO NO MOSQUITO

 

A chuvarada do verão sempre traz temores pela explosão de casos de dengue. Autoridades alertam sobre os cuidados necessários para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que, desde janeiro, no estado, tem registro de 1,6 milhão de casos e mais de mil mortes. Todo cuidado é pouco também com chikungunya, zika e a febre do Oropouche. Muito repelente no corpo – e nada de água parada, lixo acumulado, recipientes descobertos.


Mas outra explosão, desta vez de alegria, marcou o ano. “Em fevereiro, tem carnaval...”, segundo Jorge Benjor, e em BH a festa bateu recordes de público. O Rei Momo arrastou, durante 23 dias, 5,5 milhões de foliões, dos quais 262 mil turistas, com movimentação financeira de quase R$ 1 bilhão. Centenas de blocos agitaram a cidade, com desfile nas nove regionais.


E juntamente à alegria, vem o orgulho de ser mineiro. O samba se tornou Patrimônio Cultural de BH e, ultrapassando fronteiras, o queijo está em todas as “bocas”, mais famoso do que nunca. Em 4 de dezembro, a Unesco (agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) reconheceu os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Em breve, o produto terá um selo para atestar sua origem e importância. Festas de comemoração, com show de drones, ocorreram no Palácio da Liberdade, na capital, e em cidades das 10 regiões produtoras do “mineirinho cidadão do mundo”.


Por falar no Palácio da Liberdade, a ex-sede do governo de Minas e atual equipamento cultural se encontra em processo de restauração, recebendo a maior intervenção, em 20 anos, para recuperação da pintura original, revitalização de telas artísticas e do forro e outros serviços. Localizado na região mais nobre da capital, a Praça da Liberdade, o Palácio, de 1894, abriu as portas, em 20 de outubro, Dia da Consciência Negra, para reverência à memória de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), nos 210 anos de sua morte. O retrato do artista foi "entronizado" na Sala dos Grandes de Minas – “uma reparação histórica”, conforme disse o secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.

 

CAPITAL EM MOVIMENTO

 

Quem passa hoje na Avenida Afonso Pena, no Centro, já pode ver os efeitos do programa Centro de Todo Mundo, lançado no ano passado, pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para requalificação da área central da capital, com investimentos em mobilidade, segurança e cultura. Em maio, começou a demolição do Edifício Novo Sulamérica (da década de 1940), que vai permitir a construção de uma praça no local e abrir a visão para o Viaduto Santa Tereza, como era originalmente. É o melhor estilo de “quem te viu, quem te vê”.


Novidade também na Região Noroeste, com o fim da longa novela sobre o Aeroporto Carlos Prates, em cujas imediações ocorreram vários acidentes aéreos. Desativado no ano passado, o espaço deverá ser transformado em bairro até 2030, com a construção de 4,5 mil unidades habitacionais. O local ganhará ainda restaurante popular, centro cultural, centro esportivo, escolas, centro de saúde e Museu da Aviação.


Também a Praça Rui Barbosa (Praça da Estação), está de cara nova. O espaço foi reinaugurado em 26 de setembro, com fontes luminosas interativas, paisagismo renovado, troca de pisos, bancos e lixeiras recuperados. Dois dias depois, voltou à cena o Praia da Estação, movimento iniciado há 14 anos para dar uma “refrescada” na turma de banhistas. A “reestreia” teve a presença do prefeito Fuad Noman, que, um mês depois, comemorou a reeleição, com 53,73% dos votos válidos, no segundo turno da eleição municipal.


NO CÉU E NA TERRA

 

Na madrugada de 14 de março, no Bairro Goiânia, na Região Nordeste, um caminhão-tanque tombou, pegou fogo e incendiou casas e carros às margens do Anel Rodoviário. Cenas de horror que desalojaram moradores e causaram prejuízos.


O último trimestre de 2024 trouxe outras tristes notícias para os mineiros. Em 11 de outubro, na região de Ouro Preto, sete pessoas morreram em acidentes aéreos. O primeiro foi com um monomotor em ação no combate a incêndios florestais. O piloto morreu. No segundo, o helicóptero do Corpo de Bombeiros, que atuava nas buscas do monomotor, caiu na mesma região, deixando seis mortos.


No mês seguinte, em 13 de novembro, os belo-horizontinos foram surpreendidos com o rompimento da Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, na Região Norte. A barragem, que continha cerca de 60 milhões de litros de água, não suportou a pressão gerada por chuvas intensas. Com isso, o volume formado também por sedimentos avançou pela Avenida Pedro I, interditando temporariamente a via. Curiosamente, há 70 anos houve o rompimento barragem da Lagoa da Pampulha, inundando várias áreas.


Perto do desfecho deste ano, houve a tragédia na rodovia BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Uma carreta transportando um bloco de granito atingiu um ônibus e deixou 41 mortos. Os corpos foram trazidos para o Instituto Médico Legal (IML), em BH. 

Confira a seguir os 10 fatos que marcaram Minas Gerais em 2024

1) Epidemia de dengue

No Brasil, os casos de dengue aumentaram quase 300% neste ano em relação a 2023, com mais de 6,5 milhões de pessoas infectadas, conforme o Ministério da Saúde. Para piorar a situação, tiveram destaque a chikungunya e a febre do Oropouche. Minas registrou 1,6 milhão de casos e mais de mil mortes causados pela dengue, com 369 em investigação. No caso da chikungunya, foram 122 óbitos com 29 em investigação. 

2) Carnaval de recordes

Com um total de 23 dias, o carnaval 2024 de Belo Horizonte bateu recorde de público. Conforme dados da prefeitura, a festa contabilizou 5,5 milhões de foliões, dos quais 262 mil turistas e movimentação financeira de R$ 943 milhões. O resultado foi positivo, segundo pesquisa do Observatório do Turismo de BH: o megaevento recebeu avaliação média de 8,7.

3) Aeroporto Carlos Prates

A longa novela sobre o Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de BH, chegou ao fim. Desativado no ano passado, o espaço deverá ser transformado em bairro até 2030, com a construção de 4,5 mil unidades habitacionais. O local ganhará ainda restaurante popular, centro cultural, centro esportivo, escolas, centro de saúde e Museu da Aviação.

4) Samba: Patrimônio Cultural de BH

Em 7 de dezembro, o samba foi declarado Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, em decisão do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH. O trabalho de pesquisa investigou os vários modos de fazer samba na capital e considerou história, influência e tradições. Na cidade, o reduto principal é a Lagoinha, onde surgiram vários grupos, compositores e blocos de carnaval.

5) Praça da Estação

Após quase um ano em obras, a Praça Rui Barbosa, conhecida como Praça da Estação, no Centro de BH, foi reinaugurada em 26 de setembro, com fontes luminosas interativas, paisagismo renovado, troca de pisos, bancos e lixeiras recuperados. Dois dias depois, voltou à cena o Praia da Estação, movimento iniciado há 14 anos para dar uma “refrescada” na turma de banhistas.

6) Queijo para o mundo

Uma grande vitória para Minas Gerais e produtores rurais. Os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Unesco. Em 4 de dezembro, data do anúncio da decisão, o Palácio da Liberdade, em BH, abriu as portas para uma comemoração com drones, degustação de queijos e música nas sacadas do icônico monumento.

7) Eleição para prefeito

Na disputa em segundo turno para a Prefeitura de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) foi reeleito com 53,73% dos votos válidos (670,5 mil), enquanto o oponente, Bruno Engler (PL), recebeu 577,5 mil (46,27%). Em seu primeiro discurso, Fuad disse que vai continuar governando para todos os belo-horizontinos. “Foi a vitória do amor, da verdade e do bom senso. A vitória de quem se dedica há 55 anos ao serviço público”.

8) Seca e calor

O período seco deixou Belo Horizonte com o total de 174 dias consecutivos sem chuva. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/BH), a capital registrou a temperatura de 36,8 graus, na Pampulha, em 8 de outubro. Já no âmbito estadual, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em 9 de outubro, fez um calorão de 42,8 graus, a maior temperatura do ano no estado.

9) Lagoa do Nado

Em 13 de novembro, os belo-horizontinos foram surpreendidos com o rompimento da Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, na Região Norte da capital. A barragem, que continha cerca de 60 milhões de litros de água, não suportou a pressão gerada por chuvas intensas. Com isso, o volume formado também por sedimentos avançou pela Avenida Pedro I, interditando temporariamente a via.

10) Acidentes

Na região de Ouro Preto, sete pessoas morreram em acidentes aéreos em 11 de outubro. O primeiro foi com um monomotor em ação no combate a incêndios florestais. O piloto morreu. No segundo, o helicóptero do Corpo de Bombeiros, que atuava nas buscas do monomotor, caiu na mesma região, deixando seis mortos. A quatro dias do Natal, um trágico acidente deixou 41 mortos na rodovia BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.