Mais de um mês após o desaparecimento do fotógrafo mineiro Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, em Paris, na França, a família dele ainda busca respostas. Imagens de câmeras de segurança registraram os últimos momentos em que Flávio foi visto: caminhando sozinho e aparentando desorientação às margens do Rio Sena, na madrugada de 26 de novembro, dia em que deveria retornar ao Brasil depois de um mês na França.
Na véspera do voo, segundo informações de amigos, ele caiu no Rio Sena e foi hospitalizado por hipotermia. Após receber alta, visitou a imobiliária para estender sua estadia por mais um dia e, na sequência, informou aos amigos que descansaria antes de sair para jantar. Às 19h30, enviou sua última mensagem. Depois disso, não houve mais notícias.
Horas depois, entre 1h e 2h da madrugada, câmeras captaram sua imagem próxima ao rio, andando sozinho e desorientado, até se sentar próximo à água. Minutos depois, quando a câmera retorna ao local, Flávio não está mais lá. “Considerando o local, não se descarta a possibilidade que ele tenha caído no Sena novamente. O caso permanece aberto, e as buscas continuam sendo realizadas”, disse Rafael Basso, amigo de Flávio, que liderou as buscas por ele nas primeiras semanas do desaparecimento.
Rafael agora acredita que Flávio pode ter desaparecido por escolha própria. Ele anunciou o afastamento das buscas pelo amigo por meio das redes sociais nesse sábado (28/12) e disse que o caso segue aberto. "A polícia tem trabalhado de forma diligente, analisando imagens e conduzindo investigações. Até o momento, não há indícios de violência", afirmou.
O pesquisador também destacou o estado de vulnerabilidade emocional que Flávio parecia atravessar. "Possivelmente ele vivia em um ambiente solitário e muito desgastante. É importante que não sejam feitos prejulgamentos e que seja dado espaço para a escuta e o respeito pelo outro”, afirma, acrescentando que a mãe de Flávio recebeu informações do andamento das linhas de investigação, mas sem entrar em detalhes.
A auxiliar de enfermagem Marta Maria de Castro, mãe de Flávio, contesta as hipóteses levantadas e a condução das buscas. “Não acredito nisso. Estão achando que ele pulou no Rio Sena novamente, mas cadê o corpo? Tem mais de um mês. Que buscas são essas da brigada fluvial que não são eficientes?”, questiona ela, que diz ter sido contatada pela polícia francesa apenas uma vez.
A mãe mantém apelos nas redes sociais, e a família contratou um advogado para auxiliar no caso. Moradora de Candeias, no Centro-Oeste de Minas Gerais, onde Flávio nasceu, Marta enfrenta a angústia de esperar por notícias enquanto lida com problemas de saúde. “Passa um turbilhão de pensamentos sem resposta. Ele mora em Belo Horizonte e tinha agenda de trabalho a ser cumprida. Sou cardiopata grave, e isso está me dando muita dor de cabeça”, desabafa.
Flávio desembarcou em Paris no início de novembro para participar do casamento de uma amiga. Após a cerimônia, decidiu prolongar a estadia, enquanto seu acompanhante, Lucien Esteban, voltou ao Brasil, como planejado. A última publicação de Flávio nas redes sociais foi no dia 25 de novembro. À noite, se encontrou com Alex Gautier, amigo francês que conheceu pelo Instagram, no bairro de Châtelet.
Os pertences pessoais de Flávio contam uma história incompleta: as malas permaneceram intocadas no apartamento alugado, enquanto seu celular foi encontrado em um vaso de planta na frente de um restaurante próximo ao Sena. A cena deixa um rastro de perguntas sem resposta. Para Marta, a esperança e a dor coexistem. “Estou tomando calmante sem condições para viajar, e arrumar mudança e tudo que vai fazer acaba gastando muito”, afirma.
A polícia francesa, que inicialmente tratava o caso como uma escolha pessoal de Flávio, transferiu o inquérito para um departamento especializado sete dias depois do desaparecimento. O nome de Flávio também foi incluído na lista de difusão amarela da Interpol. Em 12 de dezembro, a polícia francesa recolheu os pertences pessoais de Flávio, como computador, celular e escova de dentes.