Hora de torcer, com muito gosto, para nosso queijo ganhar mais visibilidade internacional, conquistar paladares mundo afora e fortalecer a economia de um setor que é a própria tradução de Minas Gerais. Na quarta-feira (4/12), o produto poderá ganhar o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em Assunção, no Paraguai. A candidatura na categoria de Patrimônio Cultural Imaterial se refere aos “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”. O que seria um título inédito no país na área da cultura alimentar.
Caso conquiste o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, o queijo estará em excelentes companhias. No âmbito do patrimônio cultural, ambiental, documental e gastronômico, Minas já tem muitos títulos, registros, inscrições e, claro, reconhecimento em nível internacional.
Importante destacar que dois importantes arquivos incluídos como Memória do Mundo pela Unesco não ficam em Minas: o referente ao escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), mineiro de Cordisburgo, se encontra na Universidade de São Paulo (USP), enquanto o Acervo Inconfidência Mineira (1799-1789) está no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
A coluna Nossa História, Nosso Patrimônio mostra, então, quais são as merecidas honrarias, em vários campos. Para começar a lista, está Ouro Preto, ex-capital do estado e primeira cidade brasileira destacada como Patrimônio Mundial, onde fica a Igreja São Francisco de Assis, uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo. Confira a lista:
Patrimônio Mundial
• 1) Ouro Preto, na Região Central – Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, a ex-Vila Rica, atual Ouro Preto, recebeu o título como Cidade Histórica, em 1980.
• 2) Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na Região Central – Em 1985, o conjunto com as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814) se destacou como monumento cultural.
• 3) Diamantina, no Vale do Jequitinhonha – O título conquistado pela cidade completa 25 anos neste mês e serviu para alavancar o turismo, atrair mais visitantes e abrir novas frentes de negócios.
• 4) Pampulha, em Belo Horizonte – Conjunto Moderno projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), à beira do espelho d’água, foi agraciado, em 2016 com o título também de Paisagem Cultural.
Reserva da Biosfera do Espinhaço
• 5) Nessa categoria criada pela Unesco se encontram tesouros da biodiversidade e patrimônios históricos ao longo da Estrada Real (Caminho dos Diamantes). No território mineiro da Serra do Espinhaço, reconhecido em 2005, se destacam as serras da Piedade, de Ouro Branco, do Cipó e do Caraça, na Região Central.
Patrimônio Agrícola Mundial
• 6) Em março de 2020, a cultura das sempre-vivas em Diamantina (Vale do Jequitinhonha) e entorno recebeu o selo conferido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como integrante do programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam). Foi a primeira experiência com tal destaque no Brasil e a quarta na América Latina, contemplando famílias apanhadoras de sempre-vivas.
Geoparque
• 7) Em março deste ano, a Unesco valorizou o patrimônio cultural, arqueológico, paleontológico, pecuário e espiritual de Uberaba, na Região do Triângulo, conferindo a ele o título de Geoparque “Terra de Gigantes”. A iniciativa teve como suporte três atributos de representatividade internacional: a terra dos dinossauros no Brasil, a capital mundial do Zebu e o local onde Chico Xavier (1910-2002) se revelou ao espiritismo mundial.
• 8) Em outubro de 2019, foi a vez de Belo Horizonte receber o título de Cidade Criativa da Gastronomia. O registro consolidou a importância da cultura gastronômica da capital, que une tradição e inovação. Ao integrar a Rede de Cidades Criativas da Unesco, BH estabeleceu conexão com mais de 350 cidades do mundo.
Programa Memória do Mundo (Patrimônio Documental da Humanidade)
• 9) 2012 – Documentação da Câmara Municipal de Ouro Preto, sob guarda do Arquivo Público Mineiro, em BH.
• 10) 2014 – Coleção Francisco Curt Lange, com documentação sob guarda do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.
• 11) 2015 – Acervo da Comissão Construtora de Nova Capital Belo Horizonte (1892-1903). Documentação sob guarda do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, Museu Histórico Abílio Barreto e Arquivo Público Mineiro, na capital.
• 12) 2015 – Processos judiciais trabalhistas: Doenças ocupacionais na mineração de Minas Gerais – Dissídios individuais e coletivos (1941-2005). Documentação sob guarda do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.
• 13) 2016 – Coleção de obras raras da Biblioteca Mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins, em BH
• 14) 2017 – Testamento do senhor Martim Afonso de Souza e de sua mulher, dona Ana Pimentel, sob guarda da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
• 15) 2018 – Inventário post-mortem do Cartório do Primeiro Ofício de Mariana (1713-1920), sob guarda do Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana.
• 16) 2018 – Livro de inventários da Catedral de Mariana (1749-1904), sob guarda do Arquivo Eclesiástico Dom Oscar de Oliveira, em Mariana.
NA REGIÃO NORTE DO ESTADO, PERUAÇU...
Harmonia entre natureza e história na moldura de uma paisagem deslumbrante. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, na Região Norte do estado, é o próximo da lista mineira para se tornar Patrimônio Natural da Humanidade. Em outubro, o conjunto de sítios arqueológicos recebeu vistoria técnica do cientista português José Bernardes Rodrigues Brilha, representantes da Unesco. Ele fez inspeção “in loco” como penúltima etapa do processo de reconhecimento do Peruaçu.
...ESTÁ NA LISTA COMO PATRIMÔNIO NATURAL
Localizado entre Januária, Itacarambi e São João das Missões, a 662 quilômetros de Belo Horizonte, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é considerado um dos patrimônios naturais mais importantes do país e do mundo, com vestígios de ocupação humana que datam de 12 mil anos. Compreende um conjunto de sítios arqueológicos, com mais de 180 cavernas e grutas, numa área total de156 hectares. A partir da visita, o cientista português elabora relatório que será enviado à Unesco.
FORÇA DA FÉ
Com seus 310 anos de história, o Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, em Santa Luzia, na Grande BH, festeja no próximo domingo (8/12) o dia da padroeira. Haverá missas solenes às 10h30 e 15h e terço, às 15h. Em 2024, são celebrados os 170 anos do dogma da Imaculada Conceição, proclamado pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854. Sempre preocupadas com a preservação do patrimônio e a questão ambiental, as irmãs concepcionistas estão fazendo campanha para custear a implantação do sistema de energia solar no mosteiro. Quem quiser contribuir pode enviar qualquer quantia no Pix 19.538.388/0001-07.
Orações, apelos e esperança infinita. Duas vezes furtada, a imagem de Santana Mestra (foto) do distrito de Inhaí, a 45 quilômetros de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, está sempre presente nas preces dos fiéis e nas campanhas de resgate dos bens desaparecidos. Integrante do acervo da Igreja Matriz de Santana, a escultura do século 18 foi levada por ladrões, na primeira vez, em 1997. Os moradores aguardam o retorno do objeto de fé, e renovam as súplicas principalmente em 26 de julho, data consagrada à avó de Jesus. Quem souber do paradeiro da imagem, pode acessar a plataforma Sondar, do Ministério Público de Minas Gerais (sondar.mpmg.mp.br), na qual se encontra disponível um acervo com cerca de 2,5 mil bens culturais mineiros, a exemplo de documentos e peças de arte sacra.
ARTE E MEMÓRIA
O distrito de Cachoeira do Brumado, em Mariana, é rico em história, cultura e artesanato. Filha da terra, a jornalista e escritora Thalia Gonçalves revela um pouco do que vê e ouve no seu primeiro livro “Mãos que contam histórias: vida e obra de artesãos cachoeirenses”. A partir de entrevistas, pesquisa documental, memórias e afetos, Thalia mostra a trajetória de Cassiana Ferreira Nunes, Arthur Pereira, Adão de Lourdes Cassiano, Mário Ramos Eleutério e Geraldo José Teixeira. Para adquirir a obra, entre em contato com a autora pelo seu perfil no Instagram: @thaliajorn
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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
Hora de voltar a estudar para quem quer buscar especialização na área do patrimônio. Estão abertas as inscrições para a pós-graduação “lato sensu” em Conservação Preventiva de Bens Culturais Móveis Eclesiásticos, na PUC Minas. O curso vai capacitar profissionais para trabalhar com os bens culturais da Igreja, sendo ofertado na modalidade híbrida: aulas a distância no decorrer do ano e dois encontros presenciais em julho e dezembro de 2025. Como parte do compromisso com a preservação do patrimônio eclesiástico, a PUC Minas oferece 50% de desconto para presbíteros, religiosos e funcionários registrados em paróquias e dioceses. Para mais detalhes sobre o curso e inscrições, acesse:
www.pucminas.br/pos.