O influenciador Douglas de Paula, que reside em Belo Horizonte, publicou um vídeo no perfil dele do Instagram para denunciar que foi alvo de injúria racial em uma boate na Rua Rio de Janeiro, no Centro, na madrugada desse domingo (1º/12). “Seu sorriso é lindo. Se fosse na época da escravidão, você seria um escravo caríssimo”, teria dito um homem que se aproximou de Douglas dentro do estabelecimento, conforme escreveu o influenciador na legenda do vídeo que acompanha a publicação.
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De acordo com Douglas, o agressor voltou em outro momento acompanhado de uma amiga e, alegando que queria pedir desculpas, disse: "Eu sou formado em história e, na época em que eu estudava, aprendi na faculdade que os escravos com os dentes mais bonitos eram os mais caros. O que falei a você foi em forma de elogio".
Conforme a Polícia Militar, o acusado de ter cometido o crime tem 27 anos. No registro do boletim de ocorrência consta que testemunhas reforçaram as ofensas sofridas por Douglas. Aos policiais, o suspeito não confirmou o teor das declarações.
O rapaz foi detido, mas acabou ouvido e liberado, disse Douglas. “Mesmo após a apresentação de seis testemunhas [na delegacia], a polícia concluiu que não havia provas suficientes para justificar a prisão em flagrante. (...). Senti-me completamente vulnerável, triste, humilhado, e enfrentando uma mistura de sentimentos que nem consigo descrever plenamente”, declarou.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil a fim de confirmar se o caso será investigado e se a prisão de fato não foi ratificada. Esta publicação será atualizada assim que houver retorno da instituição policial.
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Em nota, o Mira!, espaço onde o caso de injúria racial aconteceu, afirmou que "repudia, com veemência, qualquer tipo de preconceito e discriminação. Não compactuamos, sob nenhuma circunstância, com atitudes racistas ou excludentes. Seguiremos sempre trabalhando e nos capacitando com compromisso de garantir um espaço que seja seguro, acolhedor e alinhado aos valores que acreditamos e defendemos".
A organização do espaço também afirmou estar em contato e dando suporte à vítima, além de estar colaborando para a apuração dos fatos, já encaminhados à polícia. O resposável da casa também acompanhou os envolvidos até a manhã de domingo e prestou depoimento.
Injúria racial ou racismo? Entenda a diferença
Injúria racial significa ofender alguém em decorrência de sua raça, cor, etnia, religião, origem e por ser pessoa idosa ou com deficiência (PcD). Já o racismo, previsto na Lei de Crimes Raciais 7.716 de 1989, implica em conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo.
Desde janeiro de 2023, a injúria racial é equiparada ao crime de racismo. A alteração retirou a menção à raça e etnia de item específico do Código Penal (art. 140), que passa a se limitar a contextos de “religião, idade ou deficiência”.
Com isso, um novo artigo foi inserido na Lei de Crimes Raciais, citando “raça, cor ou procedência nacional” como modalidades do racismo e definindo pena de multa e prisão de dois a cinco anos. Na prática, por ser um crime enquadrado na Lei de Racismo, o autor será investigado. Não é mais necessário que a vítima decida se quer ou não prosseguir com a apuração.