A angústia tomou conta da casa de Marta Maria de Castro, auxiliar de enfermagem e mãe do fotógrafo Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, que está desaparecido há 13 dias em Paris. Em entrevista ao programa Fantástico, transmitido pela Rede Globo neste domingo (8/12), Marta expressou a dor que vem enfrentando desde o sumiço do filho. “Eu não desejo que nenhuma mãe nesse mundo venha passar pelo que eu estou passando. Parece que é o infinito”, desabafou.

 

Apesar da dor, ela busca forças e mantém viva a esperança de reencontrar seu filho. “Eu preciso estar aqui de pé para receber meu filho de volta, porque ele é o meu mundo”, disse. Flávio desapareceu no dia 26 de novembro, o mesmo em que deveria retornar ao Brasil após um mês na França. Fotógrafo profissional especializado em registrar eventos, ele viajou a Paris para cobrir um casamento e aproveitou a estadia para explorar a cidade que tanto admirava. O último contato com a mãe foi um dia antes do desaparecimento.

 

O que deveria ser um retorno tranquilo ao Brasil se transformou em um quebra-cabeça. Na véspera do voo, Flávio caiu no Rio Sena e foi hospitalizado por hipotermia. Segundo amigos, ele deixou o hospital Georges Pompidou por volta do meio-dia, visitou a imobiliária que havia alugado o apartamento para estender sua estadia por mais um dia e avisou que descansaria antes de jantar. Às 19h30, enviou sua última mensagem. Depois disso, não houve mais notícias.

 



 

Dias depois, seu celular foi encontrado dentro de um vaso de flores, do lado de fora do bistrô Les Ondes, próximo ao Sena e a apenas 1,5 km do hospital onde esteve internado. A localização alimentou ainda mais as especulações sobre o que poderia ter acontecido.

 

A espera por notícias tem sido desesperadora. A pequena cidade mineira de Candeias, no Centro-Oeste de Minas Gerais, onde Flávio nasceu, está mobilizada em orações. Helena de Castro Barbosa, tia do fotógrafo, contou à reportagem do Fantástico sobre os esforços da comunidade para apoiar a família. “A cidade em peso está orando, temos grupos no WhatsApp e eu faço as minhas orações particulares que eu sempre faço nos momentos de aflição”, disse.

 

Mistério ainda sem respostas

 

O fotógrafo desembarcou em Paris no dia 1º de novembro para assistir a um casamento, acompanhado de Lucien Esteban, que retornou ao Brasil no dia 8, conforme previsto. Flávio, no entanto, decidiu permanecer na capital francesa. Sua última publicação nas redes sociais foi no dia 25 de novembro, um dia antes do voo que o traria de volta ao Brasil. Naquela mesma noite, ele se despediu do amigo francês Alex Gautier, que conheceu pelo Instagram, no bairro de Châtelet.

 

 

Em Paris, amigos como Rafael Basso e Pablo Araújo têm distribuído cartazes e buscado informações, mas enfrentam dificuldades. A polícia francesa, que inicialmente tratava o caso como uma escolha pessoal de Flávio, transferiu o inquérito para um departamento especializado sete dias após o desaparecimento. Com isso, o caso deverá ser acompanhado de perto pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty). O nome de Flávio também foi incluído na lista de difusão amarela da Interpol.

 

Por questões legais, as autoridades francesas ainda não liberaram imagens de câmeras de segurança ou informações bancárias de Flávio. Amigos e familiares acreditam que a intervenção do Itamaraty será crucial para avançar nas investigações. As malas do fotógrafo mineiro foram abertas, mas a polícia francesa não aceitou ficar com os pertences do fotógrafo.

 

Paixão pela fotografia


Natural de uma cidade de 14 mil habitantes, Flávio sempre foi um garoto curioso e apaixonado por cultura. Mais tarde, mudou-se para Belo Horizonte, onde estudou artes plásticas e consolidou sua carreira como fotógrafo. Durante a viagem a Paris, ele conciliou trabalho e lazer, unindo duas de suas grandes paixões.

 

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A amiga Isabella de Lima, cujo casamento foi registrado por Flávio em Paris, falou com emoção sobre a dedicação do fotógrafo em entrevista ao programa da Rede Globo. “Flávio sempre capturou os momentos mais importantes da minha vida. Ele tinha um olhar único, sensível. Não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo”, declarou.

 

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