Cidade das 'super casas'? As residências de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, possuem a maior proporção de cômodos entre todas as cidades brasileiras. É o que aponta um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de dados do Censo 2022. O cenário relaciona-se com o aumento do mercado de imóveis de luxo experimentado pela cidade nos últimos anos. Além disso, um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) colocou Nova Lima como a cidade com maior renda média por habitante do país.
De acordo com a pesquisa recente do IBGE, um a cada cinco domicílios (21,71%) de Nova Lima têm ao menos dez cômodos. O número é três vezes maior que a média em Minas Gerais (7,03%) e quatro vezes maior que a média nacional (5,11%).
Vale destacar que a cidade, com pouco mais de 97 mil habitantes, foi apontada pela pesquisa "Mapa da Riqueza no Brasil", da FGV Social, como a cidade mais rica do Brasil. O estudo, feio a partir de dados do Imposto de Renda de 2020, contabilizou a renda média da cidade em R$ 8.897.
A explicação para esta concentração de renda está relacionada ao mercado imobiliário da cidade, impulsionado nos últimos anos pela migração de moradores de condomínios de alto luxo da capital mineira para Nova Lima.
Desigualdade
Na outra ponta do ranking do IBGE, o dez municípios com maior proporção de residências com apenas um cômodo encontram-se no estado de Rondônia. Em Minas Gerais, quem lidera este recorte é Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri, município que fica na 14ª posição do ranking nacional. Em todo o Brasil, 0,25% dos domicílios têm apenas um cômodo - em Minas, a média é de 0,07%.
Outra dado apresentado pelo levantamento diz respeito à relação entre número de cômodos nas residências e a cor ou raça dos moradores. Em Minas Gerais, a maior parte das pessoas que vivem em casas com dez cômodos ou mais se declaram brancos (58,6%), enquanto que nas casas com apenas um cômodo, a maioria dos moradores se declaram pardas (50,6%).
Todos estes resultados foram obtidos a partir do chamado questionário da amostra, mais extenso do que o comum e que foi aplicado a cerca de 10% da população brasileira durante a pesquisa do Censo Demográfico 2022, explica o coordenador técnico do IBGE, Humberto Sette. Segundo o especialista, este questionário apresenta perguntas mais específicas e, portanto, não é aplicado à toda população consultada pelo Censo pois tornaria as entrevistas muito extensas.
Ainda, Humberto explica que na contabilização dos cômodos das residências são somados quartos, banheiros, cozinhas e outros ambientes. "Qualquer espaço que seja cercado por paredes e tampado por teto é contado. A gente só não vai contar corredor, varanda e garagem", detalha.
Mais destaques
A pesquisa do IBGE mostram também que houve uma queda no número de residências próprias em Minas Gerais, acompanhada de um aumento nas residências alugadas, em comparação ao Censo de 2010. No ano de 2022, as residências próprias passaram de 72,59% para 70,69% e as residências alugadas foram de 18,03% para 22,47% - o mesmo cenário foi observado no cenário nacional.
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A cidade com maior proporção de domicílio próprio de algum dos moradores foi Cônego Marinho, no Norte de Minas, e a cidade com menor proporção foi União de Minas, no Triângulo Mineiro.