Para encerrar as celebrações pela conquista do reconhecimento dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, um queijo de duas toneladas foi transportado para a capital mineira neste domingo (16/12). Os presentes receberam porções de 250g para levar para casa.

 

 

O céu nublado e a previsão de chuva não desanimaram a população, que acompanhou o corte do queijão, servido com um cafezinho e goiabada, dois outros símbolos tradicionalmente mineiros. Como pano de fundo, outro patrimônio: a Igreja de São Francisco de Assis, carinhosamente conhecida como igrejinha da Pampulha.

 



 

"Nesta manhã, escolhemos justamente este lugar porque temos a igrejinha da Pampulha, patrimônio mundial no que se refere à arquitetura, e o queijo artesanal, novo patrimônio imaterial do Brasil. Isso é importante porque é o único alimento do Brasil a merecer esse reconhecimento. Com isso, Minas Gerais lidera o número de patrimônios mundiais com folga, reforçando a centralidade do nosso estado, da nossa gente e da mineridade", afirmou o secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.

 

 

O primeiro pedaço foi cortado pelo governador Romeu Zema (Novo) e pelo vice-governador Matheus. O evento também contou com a presença do prefeito de Ipanema, no Vale do Rio Doce, cidade que produziu o maior queijo do mundo.

 

Participantes recebem porções de 250g de queijo para levar para casa

Edésio Ferreira/EM/D.A/Press

 

"É uma felicidade muito grande estar aqui, confirmando também o nosso recorde de maior queijo do mundo. Temos agora um motivo extra para comemorar, que é o queijo Minas Artesanal ser reconhecido pela UNESCO. É de uma importância enorme para nós mineiros, que apreciamos tanto esse produto e que está sempre presente em nossas mesas", disse Zema.

 

Orgulho dos mineiros

 

Queijos representando as dez regiões produtoras, que foram reconhecidas pela UNESCO, também foram dispostos para apreciação dos visitantes. A música de Marcus Viana, compositor de "Pátria Minas", embalou a degustação.

 

A professora Madrith Duarte foi à Pampulha com os filhos, Davi (16) e Laura (9), exclusivamente para ver um dos maiores queijos do mundo. Natural do Espírito Santo e casada com um mineiro, ela vive há mais de 20 anos em BH e ama queijo.

 

Ela conta que, sempre que a família viaja para a terra natal, passam pela cidade de Ipanema. "A gente veio para ver o queijo e nem sabia que ia conseguir pegar um pedaço. Degustamos os outros queijos também. Gostamos muito dessa área, conhecemos o centro de referência do queijo artesanal e estávamos curiosos para saber o sabor de um queijo de duas toneladas. Gostamos demais", diz a educadora.

 

Ney Filho, contador de 40 anos, foi pego de surpresa pelo evento. Ele levou a filha Auane, de 11 anos, para andar de patins quando viu a movimentação e decidiu entrar na fila para experimentar o queijo.

 

"A expectativa para provar esse queijo é a melhor possível. Ele ter sido tombado é bom demais, porque valoriza cada vez mais nosso estado", declara.

 

Quem também curtiu o evento foi Vinícius Oliveira (40), representante comercial, que estava com a esposa, Daiane Oliveira (38). “O queijo é perfeito. O evento, a música, tudo muito bom”, afirma ela.

 

O orgulho de ser mineiro e ter o queijo reconhecido internacionalmente foi tanto que o casal tirou uma selfie com o queijo que receberam. “Estamos muito satisfeitos, experimentamos e estamos levando queijo para casa também. Isso representa para a gente uma alegria de morar em um estado que produz esse mérito, essa conquista”, declarou Vinícius.

 

Expandindo os horizontes

 

Romeu Zema declarou que a expectativa é a de expansão da venda do queijo mineiro para outros estados, fortalecendo o produto no mercado nacional. Além disso, também está sendo desenvolvido um trabalho junto ao Ministério da Agricultura para o reconhecimento da equivalência do serviço de inspeção.

 

"Se o município aprovou o queijo, ele deveria automaticamente ser aprovado pelos estados e pela União, porque é a mesma bactéria. Não existe bactéria municipal, estadual ou federal. Estamos trabalhando para atender todas as normas, inclusive as mais exigentes”, disse o governador.

 

O secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Thales Fernandes, explicou que hoje Minas Gerais tem em torno de 30 mil produtores de queijo artesanal, e que a secretaria tem trabalhado para reconhecer e certificar as queijarias de Minas.

 

"Para nós, é importante que eles continuem pequenos, afinal de contas, o que foi reconhecido pela Unesco é justamente o modo familiar de produção. Eles nunca serão industrializados porque, se forem, perdem a proteção da Unesco. O que a gente precisa é recuperar essa população que está desalentada e indo para a cidade viver de cesta básica, para que fiquem na pequena propriedade e consigam viver bem a partir da venda do queijo com valor agregado", defendeu Fernandes.


 

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