Minas Gerais registrou 11.899 internações por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e doença alcoólica do fígado, de janeiro de 2023 a outubro de 2024, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Os números vêm ao encontro resultado da pesquisa realizada pelo Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa), que coloca Minas em 4º lugar do ranking de estados com mais internações atribuíveis ao álcool em 2023. Do total, 6.500 hospitalizações aconteceram no ano passado, e 5.399 de janeiro a outubro, deste ano.

 

 

Por outro lado, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), 1.159 belo-horizontinos foram hospitalizados pelo mesmo motivo este ano, enquanto no ano passado, a capital mineira teve 2.311 registros. Os casos incluem atendimentos devido a doenças do fígado, esôfago e pâncreas, além de internações devido a transtornos mentais e comportamentais por uso de bebidas alcoólicas. Os dados também justificam a 6ª posição que BH ocupa na lista do Cisa de capitais brasileiras com maior prevalência de consumo abusivo de álcool na população adulta. 

 

Essa prevalência é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "Beber Pesado Episódico" (BPE), equivalente ao consumo de 60g ou mais de álcool puro (cerca de quatro doses ou mais no Brasil) em pelo menos uma ocasião, no último mês. No primeiro ano do estudo, a capital mineira apresentou uma prevalência de 20,9%. Em 2023, considerando os 30 dias anteriores à pesquisa, BH registrou 22,4%. 

 



  

De acordo com o Cisa, esse comportamento está associado a um maior risco de prejuízos imediatos, como amnésia alcoólica, quedas, envolvimento em brigas, acidentes de trânsito, sexo desprotegido e intoxicação alcoólica. Quando frequente, o BPE pode intensificar o impacto negativo do álcool em diversos órgãos e sistemas, especialmente no trato gastrointestinal, sistema nervoso e sistema cardiovascular.

 

 

Assistência

Procurada pelo Estado de Minas para saber quais as medidas existentes para auxiliar o público que sofre com a dependência, a SES-MG esclareceu que a responsabilidade pela gestão do acesso, consultas, priorização e agendamentos de procedimentos, exames e tratamentos de natureza eletiva é das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), bem como atendimentos relacionados a doenças psiquiátricas.

 

 

"A assistência em saúde mental pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a toda a população que apresente sofrimento ou transtorno mental e/ou com necessidades de saúde decorrentes do uso prejudicial de álcool e drogas se dá por meio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que é composta por diversos serviços", diz em nota.

 

 

O atendimento é iniciado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) existentes em todos os municípios mineiros. "A equipe da UBS avalia a necessidade clínica do usuário e, caso necessário, ele é encaminhado para a atenção especializada, especificamente os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de referência dos territórios", prossegue o comunicado.

 

Já em BH, a prefeitura informou que, atualmente, conta com cinco Centros de Referência em Saúde Mental - Álcool e outras Drogas (CERSAMs-AD). Essas unidades realizam o acompanhamento em urgência ou crise de pessoas com necessidades decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas. 

 

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"Os CERSAMs-AD são compostos por equipe multiprofissional, que conta com gerente, redutor de danos, arte-educador, médicos clínicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem. A prefeitura também conta oito equipes do Consultório na Rua, que atuam junto ao público adulto em situação de rua e crianças e adolescentes que estejam em situação de risco e vulnerabilidade. As oito equipes multiprofissionais são compostas por psicólogos, redutores de danos, médicos, enfermeiros, arte-educadores e dois assistentes sociais", afirma o órgão municipal.

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

 

 

 

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