A Polícia Civil de Minas Gerais deu início, na manhã desta quinta-feira (18/11), à Operação Banhammer, que visa um esquema de escravização virtual pela plataforma digital Discord. Os mandados de busca e apreensão tiveram como alvo uma jovem de 15 anos, em Belo Horizonte, e um adolescente de 13, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Eles são suspeitos de incitar automutilação e suicídio pelo aplicativo.


A jovem de 15 anos também foi levada para a internação provisória. Segundo a delegada Carolina Máximo, da Delegacia Especializada em Investigação de Ato Infracional em BH, ela havia confirmado ser usuária da rede em função de administradora. Já o delegado Bruno Testa, da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Ribeirão das Neves, confirmou que o garoto de 13 anos era somente membro do grupo, então não tinha poder de comando, mas instigava as atividades no chat.

 




Ele ressalta que o jovem era ao mesmo tempo autor, por incentivar “rituais”, e vítima, já que praticava automutilação. A investigação procura também o suspeito de incitá-lo a praticar atos de violência contra si mesmo.


De acordo com a Polícia Civil, a perícia vai analisar os aparelhos para a continuidade das investigações. Ao todo, incluindo Distrito Federal, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo, foram 12 mandados de busca e apreensão domiciliar, duas apreensões de adolescentes para internação provisória e um mandado de prisão de um jovem de 18 anos, até o momento, o único adulto sendo investigado. 

 

 

Na prática, como explicou a delegada, os jovens do grupo eram induzidos e forçados, durante conversas no chat ou transmissões ao vivo pela plataforma, a se automutilarem com objetos da própria casa, seja uma faca da cozinha ou uma lâmina de barbear; a beber produtos de limpeza; a praticar crueldade em animais; e, ainda, foi identificado a troca de imagens envolvendo pornografia infantil, o que é enquadrado como estupro de vulnerável. 


Eles explicaram que há certa hierarquização no grupo, assim, aqueles que se recusam a praticar os atos acabam sendo banidos do servidor. Para retornar, então, era exigido que cometessem algum tipo de automutilação, normalmente, para que se cortassem em forma de frases em alusão ao poder que “os chefes” exerciam no grupo.

 


A investigação foi iniciada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos do Distrito Federal e, consequentemente, pelo Laboratório de Operações Cibernéticas, que demandou as demais delegacias espalhadas pelo país. O nome da operação, Banhammer, significa banir ou expulsar alguém de ambientes digitais.

 


A delegada Carolina Máximo comenta que o Discord, um aplicativo criado inicialmente para gamers, “foi desvirtuado para fins de confabulação de ataques e massacres em escolas” e que há um monitoramento constante da plataforma, que não é brasileira. De acordo com o delegado, não é possível “abrir muito” a investigação a fim de resguardar os jovens e, ainda, que será preciso a ressocialização desses adolescentes.


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Ambos reiteraram que o caso segue em apuração.


 

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