A fachada do supermercado Verdemar, unidade Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi ocupada por manifestantes da Jornada Natal Sem Fome, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). A ação, organizada entre moradores de ocupações na capital, ocorreu na tarde deste sábado (21/12). O policiamento militar foi reforçado e contou com sete viaturas, incluindo agentes do Batalhão de Choque.

 




O ato, no entanto, seguiu pacificamente e o grupo terminou vitorioso em sua reivindicação, recebendo 400 cestas básicas do supermercado e apoio na realização da ceia comunitária, celebrada anualmente entre as 500 famílias que vivem nas ocupações, vilas e favelas. O grupo seguiu em caminhada até a Praça da Savassi, onde começou a dispersão. 

 

 

“Viemos para a porta do supermercado porque esses empresários gastam milhões e ainda jogam alimentos fora, enquanto as nossas panelas estão vazias. As pessoas na periferia passam fome e viemos aqui denunciar isso. Que a gente saia daqui com cestas básicas para passar um Natal digno, igual aos ricos e milionários”, disse o coordenador estadual de Vilas e Favelas Adriel Cássio. 

 


O coordenador ainda afirmou que a corporação e a gerência do estabelecimento estariam tentando coibir a manifestação.  "É mais uma atitude ostensiva da polícia do que nossa. Chegamos aqui e a gerente, inclusive, foi racista com as famílias dizendo que daria emprego, que preto tem que trabalhar. A polícia tem tentado oprimir a gente”, contou. 

 

 

Emily Tainá, de 19 anos, levou o filho, que está nos primeiros meses de vida, para a manifestação. A jovem é moradora da ocupação Portelinha, no Bairro Vila Santa Rita, na Região Centro-Sul. “Vim atrás de uma cesta, a situação não está fácil. Fui mãe muito nova e estou sem trabalhar, ainda não recebo Bolsa Família. A gente que é pobre sempre tem que correr atrás de tudo. As pessoas que têm condições não ajudam, somos injustiçados e temos poucas oportunidades, então o que dá para fazer, nós estamos fazendo”, disse. 


 

Fabiana Antunes, da ocupação Horta 2, no Barreiro, também levou a filha, ainda no colo, para reivindicar a cesta básica para o Natal. “Nós queremos ter dignidade para as famílias. O pessoal hoje em dia pensa só neles e não pensa nos pobres. Nós sempre ficamos para trás, somos cidadãos de bem e só estamos lutando pelos nossos direitos. Não é pela cesta, é pelo direito”, afirmou. 


A reportagem esteve no local durante o ato e funcionários da loja, que não quiseram se identificar, relataram temer uma invasão dos manifestantes. Os colaboradores do Verdemar disseram ainda que pediram por mais policiamento. O MLB garantiu que a ocupação seria pacífica e o grupo não chegou a entrar no estabelecimento. 


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O Supermercado Verdemar foi procurado pelo Estado de Minas sobre o suposto caso de racismo e aguarda retorno. 

 

Ocupação na prefeitura 

Este é o segundo ato de ocupação do grupo em dezembro. No dia 11, o MLB ocupou a sede da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, Região Centro-Sul, pedindo que o Executivo se manifestasse no processo de reintegração de posse contra o despejo da Ocupação Eliana Silva e apresentasse o programa de urbanização e regularização fundiária previsto, já em desenvolvimento, para a região.

 

Além disso, pede que a administração municipal garanta que todos os outros processos das ocupações que compõem o Vale das Ocupações do Barreiro tenham a participação e manifestação com a mesma articulação para impedir futuros despejos. 

 

 

Após o encontro com representantes da PBH, conforme o MLB, a procuradoria do município se propôs a se manifestar sobre o processo, apresentando os impactos sociais e econômicos de eventual despejo, solicitando o encaminhamento da demanda para o Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

 

Além disso, ficou decidido que a PBH, na figura dos agentes públicos presentes, irá fazer visita técnica nas ocupações e liberar serviços e água e esgoto. 

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