Um caminhoneiro de Governador Valadares, na região do Vale do Rio Doce, se apresentou nesta terça-feira (24/12) como testemunha do acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, que causou a morte de 41 ocupantes de um ônibus, incluindo o motorista. Aldimar Ferreira Ribeiro, de 61 anos, alega ser o condutor do caminhão que aparece em imagens de uma câmera de segurança segundos antes da colisão envolvendo uma carreta, o coletivo e um carro de passeio.

 

 

O caminhoneiro seguia à frente do ônibus e relatou ter visto a explosão pelo retrovisor. Segundo contou, a carreta passou por ele como um "vulto". "Ele [o veículo] estava em alta velocidade", contou Aldimar em entrevista à rádio e TV Imigrantes, logo após prestar depoimento no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Teófilo Otoni. 

 



 

A Polícia Civil havia informado que a principal hipótese para o acidente, ocorrido na madrugada de sábado (21/12), é que houve o tombamento do semirreboque da carreta que transportava um bloco de granito, o que fez o ônibus com 45 ocupantes, trafegando no sentido contrário, colidir de frente com a rocha, causando um incêndio. Em seguida, um automóvel Fiat Argo, que vinha logo atrás, também bateu na carreta, deixando os três ocupantes feridos.

 

 

O delegado e porta-voz da Polícia Civil de Minas, Saulo Castro, também considera a versão sustentada pela defesa do motorista da carreta de que possa ter ocorrido uma falha mecânica no coletivo. "Todas as informações, imagens e relatos de feridos estão sendo colhidos. A informação inicial das testemunhas no carro de passeio era de que o pneu do ônibus teria estourado", explicou.

 

Pneu de ônibus estourou após explosão, diz testemunha

 

Segundo a versão da nova testemunha, não houve falha mecânica. Nesse sentido, o caminhoneiro contou que o pneu do ônibus estourou após a explosão e não antes da batida, conforme alega a defesa do motorista da carreta. O cenário, conforme conta, era de terror. “Parei e socorri três crianças que estavam saindo do meio do fogo. Não entendi como elas saíram dali. Uma delas perguntou pela mãe, mas o fogo subiu rápido. Nunca tinha visto nada assim na minha vida”, lembrou.

 

Ainda conforme o homem, o caminhão dele foi atingido na lateral pela carreta pouco antes de ela tombar e causar a tragédia. A testemunha mostrou à reportagem de TV alguns pequenos danos que teriam sido provocados pelo choque.

 

O Estado de Minas entrou em contato com a assessoria da PRF e questionou sobre o depoimento prestado pelo motorista. A publicação será atualizada caso a instituição responda. 

 

Em análise da nota fiscal da carreta, a Polícia Civil constatou que houve excesso de carga. "Isso já indicaria uma possível responsabilidade por parte do condutor", acrescentou o delegado. O advogado do motorista, por sua vez, rebateu a acusação: "Não nos foi apresentada nenhuma prova nesse sentido".

 

Em nota, a Emtram, empresa responsável pelo ônibus, lamentou a tragédia e afirmou que o coletivo trafegava em condições regulares, com revisão em dia, pneus novos e sistema de monitoramento. "A Emtram está à disposição das autoridades e colaborando com a investigação", informou.

 

Justiça negou pedido de prisão preventiva, diz Polícia Civil

 

O motorista da carreta era considerado foragido e se entregou à polícia, nessa segunda-feira, ao comparecer à sede do 15º Departamento de Polícia Civil, em Teófilo Otoni, acompanhado de advogados. Na saída da delegacia, ele cobriu o rosto e não quis falar com a imprensa.

 

Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que havia solicitado a prisão preventiva do motorista, mas a Justiça não acatou o pedido, pois ele não estava mais na condição de flagrante — ou seja, quando a pessoa é detida enquanto comete ou logo após cometer a infração, conforme estabelece o artigo 302 do Código Penal.

 

O advogado Raony Scheffer contestou a informação divulgada pela Polícia Militar (PMMG) de que o motorista estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa desde 2022, quando se recusou a realizar o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca em Mantena, perto da divisa com o Espírito Santo. “Ele tem uma decisão judicial que revogou a suspensão da CNH, estando perfeitamente apto para dirigir”, declarou Scheffer ontem (23/12) na saída da delegacia.

 

Dos 44 passageiros no ônibus, que embarcaram em São Paulo, 21 iriam para Vitória da Conquista, 12 para Santa Inês e 11 para Elísio Medrado, todas cidades da Bahia. 


 

 

 

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