Quatro regionais de Belo Horizonte já ultrapassaram a média histórica de chuva para o mês de dezembro, enquanto outras cinco, por pouco, ainda não atingiram a marca. Os dados, que são parte de um balanço divulgado pela Defesa Civil Municipal, detalham o alto volume de chuvas que tem atingido a capital neste mês, o que contribui para o aumento do risco geológico. Na Região Nordeste, uma das que ultrapassaram a média histórica, quatro pessoas ficaram feridas devido ao desabamento de uma casa na quarta-feira (25/12).

 

  

 

Até a manhã de ontem (26/12), as regionais Barreiro, Leste, Nordeste e Oeste registraram volume de chuva acima de 339,1 mm, e ultrapassaram o esperado para o mês de dezembro. Até então, com 356,4 mm, a regional Oeste é a que registra maior volume acumulado de chuva. A previsão para os próximos dias é de céu encoberto com chuva a qualquer hora, com possíveis raios e rajadas de ventos ocasionais. A Defesa Civil emitiu um alerta de risco geológico alto válido para todas as regionais até hoje (27/12).

 



 

O incidente mais recente de desabamento ocorreu depois das fortes chuvas da noite de Natal, quando uma casa de dois andares desabou no Conjunto Paulo VI, na Região Nordeste, na manhã do dia 25. Engenheiros da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vistoriaram imóveis vizinhos à casa e não identificaram danos estruturais.

 

 

Entre as quatro pessoas atingidas estão três rapazes, que foram resgatados por vizinhos e receberam atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Eles tinham apenas ferimentos leves e receberam alta. A quarta vítima, uma adolescente de 15 anos, foi retirada dos escombros pelo Corpo de Bombeiros e levada para um hospital com fratura na perna.

 


Suspeitas

No momento do desabamento, os quatro jovens tinham acabado de voltar de um baile funk, quando foram surpreendidos pela movimentação do terreno e, por consequência, da estrutura da casa – um automóvel também foi soterrado. Um vizinho conta que os moradores ao redor sabiam que a casa corria risco de desabar devido a um vazamento constante de água no local, além de que o imóvel teria sido construído em um terreno onde existe uma mina d’água.

 

Contudo, Douglas Marcelino da Silva, de 36 anos, irmão da proprietária da casa, alega que ela não sabia sobre o risco de desabamento. A casa estava alugada para a tia de Douglas e era frequentada principalmente pelos primos. “Muita gente falando que ela sabia. Ela não tinha esse conhecimento, até porque ela está grávida e ia morar em breve aqui, com os filhos”, conta.

 

 

Segundo a Defesa Civil, a área do terreno da casa que desabou precisou ser isolada preventivamente, pois há risco de movimentação dos escombros. “Todos os responsáveis pelos imóveis envolvidos foram devidamente notificados e orientados quanto aos procedimentos de segurança a serem seguidos”, explicou o órgão.

 

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Mitigar riscos

O imóvel que desabou fica localizado em uma área definida pela prefeitura como sendo de vilas e favelas. Bem próximo dali há uma grande mancha urbana que foi mapeada com risco de erosão e assoreamento. A regional Nordeste concentra áreas deste tipo, conforme registrado no mapa oficial da PBH.

 

As vilas e favelas da capital estão todas incluídas no Programa Estrutural em Área de Risco (Pear), promovido pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel).

 

A iniciativa tem início com a vistoria de imóveis em áreas de risco geológico e de inundação. Se identificado alguma ameaça à edificação, são realizadas obras para eliminação e mitigação dos riscos. Caso o risco seja classificado como muito alto, a família é removida imediatamente da casa, explica a diretora de Manutenção e Áreas de Risco Geológico da Urbel, Isabel Volponi.

 

“Em 1993, foi realizado o primeiro levantamento nas vilas e favelas e, na época, se chegou a 15 mil edificações com risco alto e muito alto. Nós conseguimos reduzir esse número para 1.200 atualmente, mesmo com a dinâmica de crescimento de ocupação dessas áreas”, detalha Isabel.

 

A diretora explica que o risco geológico dos terrenos é motivado, principalmente, por dois fatores.

 

“O risco geológico é extremamente dinâmico. Às vezes cai uma chuva de forma muito intensa, num curto espaço de tempo, e gera instabilidades que não haviam sido identificadas. Se uma pessoa faz uma modificação no seu terreno, como um corte, uma situação de risco que não existia passa a existir”, detalha Isabel.

 

Até o final de outubro, a Urbel promoveu 1.247 vistorias em imóveis localizados em vilas e favelas. Foram realizadas 55 remoções temporárias, sendo que, efetivamente, 20 famílias tiveram de deixar suas casas. Ao longo deste ano, a companhia fez 32 obras de eliminação de risco geológico, o que beneficiou 138 famílias.

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Oliveira

 

 
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