O veículo teve um curto circuito depois de ter sido usada na chuva  -  (crédito: Folha Uberaba)

A scooter ficou completamente destruída

crédito: Folha Uberaba

Uma mulher pediu ajuda aos bombeiros depois que sua motocicleta elétrica scooter pegou fogo na manhã de domingo (5/1), em Uberaba, na Região do Triângulo Mineiro.

 

 

Conforme registros do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), a condutora acionou os miliatres do 8º batalhão após presenciar seu veículo, que estava desligado, em chamas.

 

 

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) também esteve no local e registrou a ocorrência. A mulher relatou aos militares que ela e a família estavam dormindo em casa quando sentiram um forte cheiro de fumaça. Eles foram à garagem da residência e se depararam com a scooter em chamas.

 

A mulher contou que ela e a família tentaram apagar as chamas, mas não obtiveram sucesso. O fogo só foi controlado com a ação dos bombeiros. A scooter ficou completamente destruída.

 

Segundo a dona do veículo, a moto não estava conectada à tomada para carregamento e não tinha problemas prévios. Por isso, ela não soube explicar o motivo da combustão espontânea.

 

  

Chuva em aparelho elétrico

 

O grande volume de chuvas registrado em Minas Gerais pode ter sido o motivo do acidente. Segundo a condutora, ela havia utilizado a moto enquanto chovia no dia anterior. Dados da Defesa Civil de Uberaba mostram que o município registrou 40 mm de precipitação durante o sábado (4).

 

Para o professor de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG )Thales Alexandre Carvalho Maia, uma hipótese para o incêndio envolve a exposição da bateria do veículo à água.

 

 

“A bateria de uma scooter não é selada. O pack é fechado por um objeto de PVC, suscetível à imersão. Provavelmente, o local onde essa bateria fica armazenada permitiu a entrada de água, o que causou a imersão nas baterias como os elementos que estão lá dentro”, conta o professor.

 

O pack de baterias é um conjunto de baterias, montado quando uma única bateria não é suficiente para fornecer a tensão ou a corrente necessária para o funcionamento da máquina.

 

"O condutor normalmente é de níquel, que oxida, gera resíduo e provoca curto-circuito, esclarece Thales. “Como o curto foi causado pela água, uma bateria aquece a outra, gerando o processo de thermal runaway [processo no qual a temperatura de um componente elétrico aumenta incontrolavelmente] e o pack vai todo embora. Consequentemente, tudo o que estiver próximo a ele se deteriora com o calor”, acrescenta o professor.

 

 

O engenheiro eletricista Sérgio Augusto Novaes apresenta outra hipótese para o incêndio: a junção da composição da bateria da scooter, que geralmente possui íon de lítio, com as sujeiras da água das chuvas. “As águas das chuvas normalmente não são puras e carregam muita sujidade, inclusive materiais salínicos e oleosos, que têm elevada condutividade. Provavelmente, essa água entrou em contato com elementos importantes da bateria com riscos potenciais”, sugere o engenheiro.

 

Segundo ele, os conversores de energia que trabalham com a bateria são peças eletrônicas e sensíveis à água. “Eles vêm com carenagem e proteção, porém não conseguem vedar completamente se submersos, não são herméticos”, comenta Sérgio.

 

“As baterias de lítio, em contato direto com água salgada ou contaminada, com elevada condutividade, vão provocar correntes de fuga que geram um aquecimento excessivo e podem sim gerar uma reação irreversível e ai… "boom", conclui o engenheiro.

 

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Qualidade e conhecimento em xeque

 

Para o professor Thales Alexandre, um outro problema é que muitas scooters que chegam ao Brasil são importadas da China e, segundo ele, o país não segue um padrão de segurança. “Esses veículos sofrem do problema falta fiscalização e falta entendimento, tanto da população quanto até mesmo nas universidades, sobre o funionamento das bateras”, opina.

 

Segundo ele, muitos usuários de veículos elétricos lidam com baterias como se precisassem de menos atenção. “As pessoas tratam o pack da bateria como se fosse um elemento trivial, mas é um armazenador de energia. Não há nada de trivial nesse processo e a gente deveria respeitá-lo”, orienta.