“Para a pessoa que faz a crueldade era só um cachorro, mas pra nós, era um filho”, é o que conta a empresária Barbara Muniz, tutora do cão da raça Buldogue, Zeus, de dois anos, que morreu nesse domingo (3/1) em Esmeraldas, Região Central do estado. O animal fugiu de casa, no ultimo sábado (2/1) no bairro Fernão Dias, e foi encontrado duas horas depois, em uma residência no bairro Nova Esmeraldas com sangramentos, convulsão e ferimentos na pata.
A tutora contou que estava almoçando na casa da mãe, quando deu falta do animal. “Demos falta rápido, já saímos, eu e meu marido, em dois carros para procurar ele”. Bárbara contou que durante as buscas, testemunhas relataram terem visto dois adolescentes e um homem (pai de um deles) pegando o cachorro e entrando em um veículo preto. “Eu cheguei a passar pelos meninos antes, e perguntar, mostrar fotos, e eles negaram”.
Bárbara e o marido procuraram a casa de um dos adolescentes, onde um membro da família indicou a casa do pai do outro menor. Eles se deslocaram então até o endereço dos suspeitos. “A gente chegou, o homem já estava com um cão da raça Rottweiler na porta, parecia que queria intimidar a gente”. O marido de Muniz entrou na residencia, e ao se deparar com Zeus convulsionando no chão, saiu às pressas para buscar atendimento ao animal. “O homem viu ele se debatendo e não ajudou”, relembra Bárbara.
No veterinário, o médico informou que haviam tentado de tudo e que restava esperar a recuperação do animal, que não resistiu e veio a óbito na manhã seguinte. “Eu acho que ele soube que eu tinha conhecimento de onde o Zeus estava, e antes da gente chegar, ele bateu no meu cachorro ou até mesmo o envenenou”, supôs Bárbara.
Após o falecimento de Zeus, a empresária e o marido voltaram à residência e acionaram a polícia.O suspeito foi levado a uma delegacia da Polícia Civil onde foi registrado um boletim de ocorrência. Para as autoridades, o homem informou que havia resgatado o cachorro na rua “passando mal”.
Imagens de câmeras de segurança compartilhadas com a reportagem mostram o animal momentos antes de ser pego pelos suspeitos, andando normalmente pela rua, sem sinais de mal estar. O vídeo também mostra os dois adolescentes descendo de um veículo e perseguindo o cachorro.
Após o registro do boletim, o suspeito foi liberado, e o caso segue sendo investigado pela PC. “Depois do acontecido apareceram um monte de relatos. Um amigo me disse que já comprou cachorro com ele pela internet, e que ele publica anúncios na OLX. O que eu sei é que ele deixou meu cachorro se debatendo sem prestar ajuda e agiu com indiferença na delegacia, me disseram que ele falou: ‘Isso tudo por causa dessa bosta’”.
O laudo de necropsia do animal, que deve apontar a causa da morte, ainda não foi finalizado. Bárbara e o marido seguem muito abalados e buscando por justiça: “A minha outra cachorrinha não tá comendo direito, estamos sem chão, cuidávamos dele como um filho. Essa semana é aniversário do meu marido e não temos nem clima para comemorações”.
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Gilberto Silva, advogado de Bárbara, explicou que trata-se de um caso em que possivelmente tenha a classificação de furto do animal, que sofreu maus tratos na posse ilegal do suspeito, vindo a óbito posteriormente: “Desta forma, ele pode pegar de 2 a 5 anos de prisão e multa. A ação também pode ocasionar a proibição do suspeito de ter posse de animais de estimação”.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos