Casa da autônoma Dardânia de Souza foi tomada pela água -  (crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Casa da autônoma Dardânia de Souza foi tomada pela água

crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

A chuva que atingiu o Bairro Palmares, em Ibirité, na Grande BH, nesta terça-feira (7/1), causou estragos significativos nas ruas. Carros arrastados, buracos, asfalto arrancado, entulho, lama e lixo foram deixados como marcas da tempestade. Moradores relatam que esses danos se repetem a cada período chuvoso, o que gera constante apreensão.

 

No entanto, as laterais da Rua Doutor Paulo de Souza Lima foram as mais afetadas, com o transbordamento de um córrego canalizado no meio da via, que invadiu as casas, destruiu móveis e eletrodomésticos, e intensificou o medo dos residentes da área.

 

A força da água foi tão grande que arrastou veículos e até arrancou o portão da casa de Sônia Aparecida Paula de Oliveira, uma cuidadora. “A chuva começou e, em menos de cinco minutos, a água invadiu. Viemos aqui para ajudar as crianças e deixamos tudo para trás, porque não há como salvar nada. Quando a água chega, vem de uma vez. O que a gente pode salvar é a vida, o resto não tem como proteger”, relata Sônia.

 

Confira reportagem em vídeo no local da enchente:

 

 


A família da cuidadora enfrenta enchentes há bastante tempo. No último ano, essa foi a segunda vez que a casa foi invadida pelas águas. O prejuízo, desta vez, foi significativo: geladeira e fogão foram arrastados pela correnteza, sofás ficaram molhados e colchões foram deixados para secar, na tentativa de minimizar os danos da melhor forma possível.

 


Ao longo da tarde, vizinhos e familiares se uniram para ajudar na limpeza da casa. Mesmo assim, o forte cheiro das águas da enchente impediu que a família dormisse no local. Além do odor, a queda do portão causou temor, pois, como relata Sônia: "Vai que chove de novo e não há mais essa barreira para segurar a água". "A gente só tem que rezar e pedir a Deus para nos livrar do pior, que é alguém morrer ou algo assim acontecer. O importante é não perder a fé e a vida, porque o resto já está perdido", desabafa.

 


Água da enchente chegou na altura dos bancos de quatro ônibus no ponto final do Bairro Palmares e os coletivos tiveram calço hidráulico - e precisaram ser recolhidos para a garagem

Água da enchente chegou na altura dos bancos de quatro ônibus no ponto final do Bairro Palmares e os coletivos tiveram calço hidráulico - e precisaram ser recolhidos para a garagem

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Descaso


Na mesma chuva que invadiu a casa de Sônia, outra vítima foi a autônoma Dardânia Souza, que mora do outro lado da rua com seus dois filhos pequenos: uma menina de seis anos e um recém-nascido de três meses. Tanto nesta enchente quanto na mais recente, a família estava fora quando a casa foi tomada pela água. "Recebi o vídeo da padaria e, logo em seguida, vi uma ligação perdida na minha tela. Aí percebi que tinha entrado água. Juntou isso com todo mundo me chamando", relata.

 

Ao conversar com a reportagem, Dardânia ainda estava sem reação ao ver o interior de sua casa tomado por sujeira e móveis revirados. Sem conseguir calcular o prejuízo material, ela sabe que as contas de casa ficarão mais difíceis para repor o que eventualmente foi perdido. A autônoma, que é mãe solo, ainda precisa conciliar as despesas com os filhos e com a parcela da motocicleta que usa para trabalhar com aplicativo, mesmo tendo dado à luz há cerca de três meses.

 


A falta de assistência também ocorreu na enchente anterior, quando funcionários da prefeitura informaram que não poderiam fazer a limpeza da casa dela por ser uma ocupação e que só poderiam retirar o lixo caso ela mesma o colocasse na rua. "Eu me senti menos importante do que os outros, porque só os outros, que moram no asfalto e têm documentação, é que são importantes para eles. O poder público tem que olhar para o todo, para quem mais precisa", desabafa.

 

Enchente de córrego no Bairro Palmares provocou estragos nas ruas da região

Enchente de córrego no Bairro Palmares provocou estragos nas ruas da região

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


A autônoma conta que, nesta primeira noite, vai dormir com seus filhos na casa da mãe. Para o futuro, ela sonha em conseguir elevar o piso da casa para, assim, tentar evitar que a água invada novamente — e, sim, invadir novamente, pois ela diz não ter esperanças de que as autoridades resolvam os problemas de enchente do córrego. “Não sei o que fazer. É ficar de olho e, se acontecer alguma coisa, sair correndo. Se der, procurar um abrigo na casa de alguém”, conta.

 


Para realizar as obras, a autônoma tem aceitado doações de material de construção. Caso deseje ajudar, pode entrar em contato pelo e-mail, que também é a chave Pix por onde ela tem recebido doações de valores:souzadardania3@gmail.com


Chave pix: souzadardania3@gmail.com

Nome: Dardânia de Souza Martins

Instituição: Nubank

 

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