O primeiro caso de contaminação por Febre Amarela de 2025 foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta quarta-feira (8/1). O paciente é um homem, de 65 anos, morador de Camanducaia, no Sul do estado. Ele está internado em um hospital de São Paulo, onde faz tratamento oncológico para tratar um linfoma, mas não corre risco de morte.
A suspeita é de que a contaminação tenha ocorrido no sítio do paciente, localizado perto de Itapeva, também no Sul do estado. Segundo o Governo de Minas, o município recentemente recebeu a classificação de "área de epizootia", devido ao surto de contaminação entre diversos animais, o que pode ou não resultar em suas mortes.
Em 2024, uma pessoa morreu vítima da doença em Águas de Lindóia, em São Paulo. Na época, Monte Sião, na mesma região onde ocorreu a contaminação em 2025, foi apontado como o local provável de infecção. Já em 2023, confirmou-se um óbito em Monte Santo de Minas, no Sul do estado. O paciente, do sexo masculino e não vacinado, havia se deslocado para São Sebastião do Grama, em São Paulo.
Vacinação
A imunização é a principal ferramenta para a prevenção e controle da Febre Amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina para a população em todas as Unidades Básicas de Saúde do estado. Segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), até o dia 1º de novembro, a cobertura vacinal contra a Febre Amarela em Minas Gerais era de 86,27% do público-alvo, menores de 1 ano de idade. Em Itapeva, onde foram registrados casos de animais infectados, 83,3% do grupo se imunizou. A meta de cobertura estipulada pelo Ministério da Saúde é de 95%.
A vacina é indicada conforme recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para pessoas a partir de 9 meses de idade. O esquema vacinal em crianças menores de 5 anos de idade compreende duas doses, sendo a primeira aos 9 meses de vida e uma dose de reforço aos 4 anos de idade.
Em pessoas de 5 a 59 anos de idade, não vacinadas, a recomendação é administrar uma dose única. Nas demais situações, caso a pessoa tenha recebido apenas uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade, deve ser administrada uma dose de reforço, independentemente da idade atual.
Pessoas com 60 anos ou mais de idade poderão ser vacinadas após avaliação das condições de saúde e da existência de possíveis contraindicações à vacinação. Viajantes internacionais e viajantes para áreas com evidência de circulação do vírus da Febre Amarela (em humanos ou epizootias), não vacinados, devem receber uma dose da vacina com pelo menos 15 dias de antecedência da viagem.
País em alerta
Nessa segunda-feira (6/1), o Ministério da Saúde entregou 100 mil doses extras de vacina contra a Febre Amarela para São Paulo, após registros de casos da doença em macacos. Na mesma data, a Secretaria Estadual de Saúde paulista confirmou que exames realizados em quatro primatas do campus da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, testaram positivo.
Embora os mamíferos não transmitam a doença, a contaminação é um indicativo da circulação do vírus. Por isso, na cidade, a campanha de imunização foi intensificada. Segundo a administração municipal, equipes da Vigilância Epidemiológica da cidade iniciaram, na última sexta-feira (3/1), a aplicação de doses em pessoas que moram ou trabalham no campus e que nunca receberam a vacina.
"Estamos realizando uma busca ativa por essas crianças [que não completaram o esquema vacinal]. A secretaria está entrando em contato com todas essas famílias para que as crianças sejam vacinadas. Não é preciso que a população faça filas nos postos de saúde", disse Maurício Godinho, secretário municipal da Saúde. De acordo com Godinho, após esta idade, uma única dose da vacina garante a proteção contra a doença.
A doença
No Brasil, o ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Os últimos casos de Febre Amarela urbana foram registrados no país em 1942, e todos os casos confirmados desde então são atribuídos ao ciclo de transmissão em zonas de mata ou rurais.
A doença é endêmica na região amazônica, mas, de tempos em tempos, emerge na região extra-amazônica. O padrão é sazonal, com a maior parte dos casos ocorrendo entre dezembro e maio. Surtos acontecem quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão, como altas temperaturas, baixas coberturas vacinais e alta densidade de vetores (os mosquitos) e hospedeiros (macacos e seres humanos).
A partir de 2014, o vírus reemergiu na região Centro-Oeste do país, se espalhando nos anos seguintes para as demais regiões. Entre 2014 e 2023, foram registrados 2.304 casos de Febre Amarela em humanos, sendo que 790 chegaram a óbitos no Brasil. Em Minas, o pior período ocorreu entre 2016 e 2018.
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Entre as recomendações do Ministério da Saúde estão o alerta para que equipes de vigilância e de imunização intensifiquem as ações nas áreas afetadas, com ampliação para municípios vizinhos; a notificação do adoecimento ou morte de macacos; e a atenção aos sintomas de febre leve e moderada em pessoas não vacinadas.
Em casos graves, a pessoa infectada por Febre Amarela pode desenvolver alguns sintomas, como: febre alta, icterícia, hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Ainda conforme o Governo Federal, de 20% a 50% dos pacientes que desenvolvem a doença podem morrer. "Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata."