Disposição radial de Belo Horizonte em relação ao centro favorece o acesso a vagas de trabalho por meio do transporte coletivo -  (crédito: Cristina Horta/EM/D.A Press - 26/7/13)

Disposição radial de Belo Horizonte em relação ao centro favorece o acesso a vagas de trabalho por meio do transporte coletivo

crédito: Cristina Horta/EM/D.A Press - 26/7/13

De acordo com o Indicador de Mobilidade Urbana, elaborado pelo núcleo de pesquisa do Instituto Cidades Responsivas, Belo Horizonte é a cidade cuja população tem acesso ao maior número de vagas de trabalho formais em deslocamentos de até 45 minutos por meio transporte público. Na pesquisa, a capital mineira aparece à frente de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Fortaleza.

 

O estudo contabiliza postos de trabalho acessáveis em deslocamentos de até 45 minutos a partir de residências localizadas em oito capitais brasileiras.

 

O Indicador de Mobilidade Urbana também calculou a oferta de postos de trabalho por deslocamentos de 45 minutos de automóvel: nesse caso, Belo Horizonte é a segunda melhor cidade avaliada, atrás de São Paulo. 

 

 

Belo Horizonte registra índice 0,71 para automóveis, enquanto São Paulo foi a única das cidades avaliadas a superar 1 (1,03), que, no indicador, representa número equivalente de vagas e residências. Já quanto ao transporte público, a capital mineira lidera, com 0,35.

 

Para calcular os índices para transporte público e individual nessas cidades, foram utilizados o Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos, do IBGE, fonte da localização das residências, e o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, para as vagas formais.

 

 

Para compensar possíveis distorções neste último parâmetro, como registros em locais diferentes daqueles em que os profissionais atuam, a pesquisa analisou dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para estabelecimentos de ensino, do Ministério da Saúde, para hospitais, unidades de atendimento e outros e de empresas que fornecem mão de obra terceirizada.

 

Já o tempo dos deslocamentos realizados entre 6h30 e 8h de dias úteis foi obtido a partir de simulações feitas nas plataformas Mapbox, para os realizados com automóveis, e de rotas do Google, no caso do transporte público. 


Questão urbanística

 

O Instituto Cidades Responsivas aponta uma relação direta entre a organização das cidades e os resultados obtidos. No caso de Belo Horizonte, a disposição radial da malha urbana reduz as distâncias entre as áreas periféricas e o centro, onde estão concentradas as oportunidades de trabalho. Além disso, a cidade tem grande adensamento e possui a segunda menor área entre as analisadas.

 

 

“Isso possibilita que tanto a malha viária quanto o transporte público tenham alcance mais satisfatório a mais regiões do que o observado em quase todas as capitais avaliadas”, diz Guilherme Dalcin, mestre em planejamento urbano e cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas.

 

A esses fatores, o especialista acrescenta como razões para o bom desempenho da capital mineira o número de empregos acessíveis em deslocamentos de até 45 minutos existentes também nas cidades vizinhas. A Região Metropolitana de Belo Horizonte é a terceira maior do país, com o quarto maior PIB.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

São Paulo também possui disposição radial, mas dimensões da cidade são cinco vezes maiores que as de Belo Horizonte. Por outro lado, o Rio de Janeiro é prejudicado tanto pelas grandes dimensões quanto pelo fragmentado: o centro, que concentra as vagas formais, está mais deslocado ao leste.

 

Apesar da área muito menor, Florianópolis apresenta aspectos geográficos similares aos do Rio de Janeiro, o que compromete o alcance às oportunidades em deslocamentos com transporte público e automóveis.