O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deve anunciar nesta terça-feira (14/1) novas medidas de apoio às famílias afetadas pelas chuvas em Ipatinga, no Vale do Aço. O município foi duramente atingido na madrugada de domingo para esta segunda (13/1), quando as fortes tempestades deixaram dez mortos e cerca de 220 famílias desalojadas.
Entre as ações previstas será avaliada a possibilidade de concessão de auxílio financeiro às famílias afetadas e linhas de crédito emergenciais para pequenos empresários que sofreram prejuízos, adiantou o governador em coletiva de imprensa, após visita aos locais atingidos.
"Fui pessoalmente a uma das áreas afetadas, conversei com moradores que perderam familiares. Estou levando as solicitações da população, mas precisamos reforçar o apelo para que as pessoas em áreas de risco deixem suas casas. Com o solo encharcado, novos deslizamentos podem ocorrer", alertou o governador.
Logo após os temporais, a Defesa Civil iniciou a distribuição de kits de limpeza, colchões e outros itens básicos às famílias atingidas. A previsão de mais chuvas mantém a região em alerta, e a Defesa Civil recomenda que os moradores das áreas de risco não retornem às suas casas até que seja seguro.
A reportagem solicitou à prefeitura informações detalhadas sobre as áreas de risco mapeadas na cidade, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. “Nós tivemos dezenas de deslizamentos de terra, então, em cada local exige uma organização para levantar recursos e pensar em obras de contenção nesses locais”, disse o prefeito de Ipatinga Gustavo Nunes (PL).
Durante visita à região, Zema destacou a gravidade da situação em bairros como Bethânia, que registrou seis mortes, incluindo duas crianças, devido a deslizamentos de terra causados pelas chuvas intensas. A cidade vizinha Santana do Paraíso também contabilizou uma morte. No total, Ipatinga teve 220 pessoas desalojadas apenas no último domingo.
No ano passado, um estudo do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional apontou que 5,5% da população de Ipatinga – mais de 14 mil pessoas – residiam em áreas de risco. Questionado pela imprensa sobre o que foi feito preventivamente diante desses dados, Zema frisou que a ocupação dessas regiões reflete uma questão histórica e nacional: o déficit habitacional. Segundo ele, embora o Estado tenha realizado obras importantes para reduzir riscos geológicos em algumas regiões, especialmente na Grande BH, resolver o problema de forma estrutural levará anos.
"Infelizmente, há um déficit habitacional no Brasil. Os programas federais, estaduais e municipais de construir novas moradias, não tem sido suficiente para realocar essas famílias. O que está ao nosso alcance está sendo feito, mas muitas pessoas ainda resistem a evacuar áreas de risco, dificultando os esforços de proteção", disse.
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A temporada de chuvas deste ano em Minas Gerais já entrou para a lista das mais trágicas dos últimos anos. Onze pessoas morreram na madrugada de domingo em decorrência do temporal que atingiu os municípios de Ipatinga e Santana do Paraíso, no Vale do Aço. Com essas mortes, o número de vítimas durante o período chuvoso em Minas Gerais chega a 24, quatro vezes o registrado em todo o ano passado, quando foram contabilizadas seis mortes, conforme dados da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MG). A previsão para hoje é de mais chuvas.