Na terra onde distâncias homéricas são resumidas a um “logo ali”, andar por quilômetros no meio do mato em busca de uma cachoeira, um rio ou uma lagoa não é nada estranho para os mineiros. Entre os principais destinos para esta aventura estão a Serra do Cipó, a do Cantareira, entre outros. Contudo, para quem está com a grana curta ou até mesmo com preguiça de pegar a estrada, não faltam opções para se conectar com a natureza sem sair de Belo Horizonte.
O Estado de Minas traz um guia com trilhas em parques na capital mineira para trocar a cor cinza dos arranha-céus pelo verde da natureza. Parques nos quais é possível chegar até mesmo usando transporte público, e caminhos que iniciantes podem dar o primeiro passo no esporte. Há ainda uma terceira trilha no Parque Serra do Curral que oferece uma vista magnífica de Belo Horizonte e prevista para ser reaberta ainda no primeiro trimestre deste ano (saiba mais).
Parque Estadual da Serra do Rola Moça
Com trilhas para os mais ou menos aventureiros, engloba quase 4 mil hectares e é o terceiro maior parque de preservação ambiental em área urbana do Brasil. É tão extenso que atravessa quatro municípios: Belo Horizonte, Nova Lima, Brumadinho e Ibirité.
Bem em frente à portaria principal do parque, no Jardim Canadá, inicia-se a Trilha do Cerrado, uma das mais indicadas para iniciantes. O caminho é bem demarcado no chão, especialmente por ser um trecho bem movimentado. Em alguns momentos é preciso ficar atento às pedras no caminho, mas não é algo que chegue a ser desafiador.
Os arredores combinam vegetação rasteira com árvores de pequeno porte, características típicas do Cerrado – o parque carrega características deste bioma e também da Mata Atlântica por ficar localizado na faixa de transição entre ambas. Poucos minutos depois de iniciar o trajeto, a trilha é abraçada por uma vegetação mais fechada, tendo até um pequeno bosque conhecido como “matinha” onde é possível sentar em alguns troncos de madeira e contemplar o ambiente, enquanto escuta-se os sons dos pássaros.
O médico Sávio Cota, de 27 anos, tem esta trilha entre as suas favoritas. Ele, que tem o costume de viajar para se aventurar em caminhadas na natureza, conta que visita o Rola Moça ao menos duas vezes por ano. Estar bem acompanhado é um dos estímulos para as trilhas, explica Sávio, que, na última visita, esteve acompanhado dos amigos Lucas e Vinícius. “Uma boa trilha não pode ser nem muito longa nem muito difícil, e não pode ter muita subida. De preferência, tem de ter atrações naturais, como cachoeiras. E também que dê para ir com várias pessoas”, detalha o médico.
Em frente na Trilha do Cerrado, uma bifurcação separa o trajeto para pessoas a pé e o usado por praticantes de mountain bike – neste segundo, há algumas plataformas em meio à descida para que os praticantes possam dar saltos mais “radicais” com as bicicletas.
Após pouco mais de dois quilômetros de caminhada, é chegada uma das cristas da serra, onde é possível ter uma vista em 360º da região metropolitana. Mais adiante fica o Mirante dos Planetas, um dos sete espalhados pelo parque, e que traz uma vista ampla da porção Sul da capital mineira.
Além deste trajeto, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça reúne várias outras trilhas. Algumas são indicadas para o público iniciante, outras devem ser realizadas apenas acompanhadas por guias mediante agendamento por estarem dentro de áreas de mananciais da Copasa. O contato com a natureza e as paisagens em todo o parque já são boas recompensas para as caminhadas, mas para os mais aventureiros, há trilhas que levam para cachoeiras e outras que permitem maior contato com a fauna e flora.
Para chegar à portaria principal do parque, localizada no Jardim Canadá, basta acessar o bairro pela BR-040, ou utilizar as linhas de ônibus metropolitanas 3900, 3910 ou 3942, que partem do Centro de BH. Informações sobre as trilhas e agendamento de visitas guiadas podem ser obtidos pelo telefone: (31) 3581-3782.
Parque Estadual Serra Verde
À primeira vista, o Parque Estadual Serra Verde, em Venda Nova, não apresenta uma fachada convidativa, pois sua principal entrada fica escondida dentro de um dos estacionamentos da Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais. No entanto, ali dentro fica guardado um emaranhado de trilhas que merece maior atenção dos praticantes de hiking – e também do poder público.
Logo após subir uma pequena escadaria, uma placa indica o início da Trilha da Mata. O trajeto é bem delimitado no chão, mas é preciso tomar bastante atenção pois há trechos com muitas pedras, além de travessias em pontes. Novamente, não é nada muito desafiador em comparação às trilhas do Rola Moça, e há corrimões e parapeitos nos locais mais perigosos.
A manutenção das trilhas é feita pela administração do parque, que cuida dos 142 hectares do espaço, implantado em 2007 em razão da construção da sede do governo estadual. Anteriormente, ali era uma mata adjacente ao Jóquei Clube, local que recebeu corridas de cavalo por décadas, e era um dos principais pontos de lazer da capital mineira.
“É um parque em implantação ainda. Tanto é que nós vamos ter agora, depois de 15 anos, uma sede própria e que ficará dentro do parque", explica o monitor ambiental Miguel Filho. Atualmente, a administração e a recepção do parque ficam em uma casa alugada numa rua sem saída, distante mais de 500 metros da entrada da trilha.
Uma das iniciativas criadas pelos monitores ambientais para atrair visitantes são as trilhas temáticas, que buscam mostrar alguma característica da natureza. É o caso, por exemplo, da Trilha da Água, que desemboca em uma das nascentes da cabeceira do Córrego Isidoro, que faz parte da bacia do Rio das Velhas.
Todos os meses, em um sábado, o parque promove uma trilha guiada com monitores e que explora temáticas do local, como a do solo e a das árvores. Há também, mensalmente, uma trilha noturna, feita durante a semana. Há ainda a possibilidade de os visitantes fazerem o trajeto por conta própria.
“As trilhas são todas muito tranquilas, fáceis, até de se fazer com crianças. Não passa de três quilômetros de extensão A não ser a trilha que fazemos uma vez por ano, chamada circuito, que tem mais de 6 quilômetros e exige um pouco mais de preparo”, explica o monitor ambiental.
Os trajetos pelo parque se conectam uns aos outros em meio a pequenos lagos e quedas d’água. Uma das pontas do caminho leva até a Avenida Oceano Atlântico, no Bairro Nova York. A subida até ali é mais desafiadora, especialmente porque o espaço, dedicado ao mountain-bike, encontra-se com mato alto. No entanto, a recompensa da caminhada é a vista do alto de toda região de Venda Nova. É particularmente linda no pôr do sol.
Para chegar ao Parque Estadual Serra Verde, basta seguir em direção à Cidade Administrativa ou utilizar as linhas 609, 637, 641 e 642, que passam por Venda Nova. Informações sobre as trilhas guiadas são sempre divulgadas nos perfis do parque no Facebook e no Instagram (@peserraverdeminasgerais). O telefone de contato é: 31 3455-5266.
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