Há quase uma década, os belo-horizontinos têm sido privados de uma das trilhas que apresenta a visão mais imponente da capital. A Trilha da Crista, que se estende por 5,3 quilômetros no topo da Serra do Curral, estava prevista para ser reaberta ainda em dezembro, mas, segundo a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), a entrega total do espaço deve ser feita apenas no primeiro trimestre de 2025. O Estado de Minas fez o trajeto e mostra, com detalhes, como é a trilha que será reaberto em breve.
A visitação à trilha, que liga os parques da Serra do Curral e das Mangabeiras, está fechada desde 2016 devido a uma série de fatores. Primeiramente, foi realizada a suspensão temporária para que fossem feitas vistorias em uma parte do trajeto. Depois, para obras de contenção na serra executadas pela Vale, que mantém uma mina no local.
Por fim, uma pesquisa para catalogar espécies raras da flora da Serra do Curral fez com que o acesso à trilha tivesse que receber uma atenção ainda maior. Tanto que, conforme antecipou o presidente da FPMZB e secretário municipal interino de Meio Ambiente, Gelson Leite, a visitação à Trilha da Crista, quando reaberta, será feita apenas mediante agendamento e sob a companhia de guias. O trajeto tem sido revitalizado em um convênio entre a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o Instituto Serra do Curral.
Caminho
A reportagem iniciou a trilha a partir da portaria do Parque das Mangabeiras, com um longo trecho de subida em direção à crista da Serra do Curral. A maior parte é feita num caminho de terra e pedras, mas nos trechos mais íngremes há corrimões e trechos com escadas de madeira. Segundo a FPMZB, a primeira das três etapas da obra de revitalização da trilha é referente à reforma das escadarias de madeira e já foi entregue.
Ao fim da escadaria, a 140 metros acima da portaria do parque, iniciar a travessia parece desafiador. No entanto, cerca de meia hora de caminhada já é suficiente para enfrentar o desafio. Ao chegar na crista, a vista de toda Belo Horizonte lá do alto recompensa o esforço logo no começo da trilha. Para se ter uma ideia, o ponto mais alto da Trilha da Crista fica a 1.360 metros de altitude, ou 480 metros a mais do que a localização da Praça Sete.
Até a década de 1990, era comum pessoas subirem até ali para acompanhar shows que eram realizados no Parque das Mangabeiras. Apesar da visão bem distante do palco, a acústica da serra permitia ouvir as performances.
O local também era um movimentado ponto de lazer apenas para contemplação da cidade e da natureza. “Antes do parque, o acesso era livre, a gente subia sempre. Claro, tem seus riscos, porque é um lugar alto, mas não vejo justificativa para estar fechado”, conta o servidor público Rafael Mascarenhas, de 39 anos.
Segundo ele, a interdição da Trilha da Crista traz muito prejuízo para a cidade, e a reabertura precisa ser bem pesada para que a necessidade de agendamento não impeça as visitas ao local. “Uma sugestão que eu teria talvez fosse regulamentar melhor, com instruções, e também as pessoas assinarem um termo de responsabilidade, com algumas restrições e alertas de conscientização, mas que não fechasse totalmente”, explica.
Recompensa
A Trilha da Crista exige maior esforço dos visitantes, tanto pela sua extensão quanto pelo seu traçado. Em vários trechos é necessário subir e descer em meio a pedras, e a mata fechada ao redor dificulta a visibilidade. Além disso, por ter ficado tanto tempo sem receber muito público, o caminho pode esconder algumas surpresas, como cobras e outros animais peçonhentos.
Ainda assim, os diversos mirantes instalados ao longo da trilha oferecem vistas privilegiadas da paisagem urbana da capital mineira, e que valem a visita quando o trecho for reaberto. Como avalia o engenheiro Guilherme Guerra, de 39 anos, olhando dali a cidade até parece pequena. “Falta essa parte da natureza aqui em Belo Horizonte. A gente ter oportunidade de fazer esses passeios para descansar, mudar o visual do dia a dia”, conta.
Confira também um guia que o Estado de Minas preparou com outros parques para fazer trilha sem sair da capital mineira (saiba mais).
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