Paulo é apaixonado por surf e pratica o esporte há 35 anos em Governador Valadares, interior de Minas -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Paulo é apaixonado por surf e pratica o esporte há 35 anos em Governador Valadares, interior de Minas

crédito: Reprodução/Redes Sociais

Já que Minas não tem mar, o representante comercial de uma multinacional Paulo Guido Coelho, de 53 anos, surfa no rio. Ele ganhou as redes sociais nos últimos dias ao aparecer surfando nas correntezas do Rio Doce, em Governador Valadares, sua cidade-natal. Em uma das postagens, chama a experiência de "liquidificador ligado". 


A paixão pelo surf surgiu ainda na adolescência, quando assistia a filmes e via os atores desbravando as ondas em cima da prancha. Como ele morava longe do litoral, o jeito era se aventurar no rio e investir na canoagem. Em 1985, viajou para Alcobaça, na Bahia, onde surfou pela primeira vez, aos 13 anos. 

 


“A gente ficava utilizando o caiaque para simular o surfe em algumas corredeiras menores, próximas à Ilha dos Araújos. Mas foi em 1985 que subi em uma prancha pela primeira vez, no mar”, conta. 


 

Desde então, a paixão cresceu. Em 1989, um amigo apresentou a ele filmagens sobre canoagem que tinha feito na Europa, e, entre elas, havia um registro de um surfista nas águas de um rio, o que despertou a curiosidade de Paulo: “Se tem uns caras surfando em corredeiras na Europa, a gente pode fazer isso aqui (em Minas Gerais) também”.


Foi assim que Paulo, junto com outros quatro amigos, iniciou a prática no interior de Minas, a mais de 300 km do mar.

 


Segurança em primeiro lugar


O representante comercial revela que, para surfar no rio, usa os mesmos equipamentos são utilizados no surfe convencional e que as manobras são semelhantes, apesar de existir certa limitação devido ao tamanho reduzido das ondas. A principal diferença está na dinâmica das águas: enquanto no mar, o atleta precisa lidar com o vai e vem das ondas, no rio, a correnteza leva sempre para o mesmo sentido.


O mineiro ainda explica que as ondas surgem a partir de um grande volume de água passando por uma bancada de pedras e que, de acordo com o tamanho e formato da pedra, pode surgir uma onda propícia para o surfe. Apesar da mudança na profundidade do rio em períodos de cheia e seca, Paulo garante que é possível surfar o ano todo. 

 


Entretanto, o surfista diz que a prática não é para qualquer um. “Não recomendo ninguém que não tenha prática do surf se envolver. Mesmo quem já tem a prática de surfe há bastante tempo tem que entrar em contato com nós para que possamos direcionar onde tem ondas, pontos de segurança e de atenção para a pessoa não correr risco desnecessário”, declara.

 


O mineiro afirma que sempre vai surfar acompanhado, para o caso de uma emergência. Hoje, os amigos pioneiros do esporte em Governador Valadares já não moram na cidade, mas um grupo de cinco surfistas perpetua a prática ao lado de Paulo.

 

Ele lembra que, no ano passado, estava praticando o esporte quando a corda que o prendia à prancha se soltou, e teve dificuldade em voltar para a margem do rio. O surfista conseguiu alcançar uma ilha, já quase sem fôlego, onde um amigo foi a seu encontro. Já a prancha, se perdeu para sempre. 

 


Das águas para a vida


Mais do que um esporte, o surfe é um estilo de vida para Paulo. Durante a semana, ele trabalha como representante comercial de uma multinacional; já nos fins de semana, anda pelas ruas de Governador Valadares com a prancha debaixo do braço em direção ao Rio Doce.

 


“Estou aqui conversando e usando uniforme, mas quando chega o fim de semana estou dentro da água, em uma trilha ou fazendo alguma coisa com a família a fim de recarregar as energias para mais uma semana”, conta.


Como ele acredita que “coisa boa tem que ser passada para frente”, Paulo costuma surfar no Rio Doce com o sobrinho Caique, de 28 anos. E já levou os filhos Guido, de 14, e Yara, 18, para aprender a surfar no mar. Porém, ainda se sentem receosos em enfrentar as correntezas do rio.


Sobre o surfe no mar, ele também se sai bem: foi campeão mineiro em Búzios, no Rio de Janeiro, em 2010, e na edição do ano seguinte, ficou em terceiro lugar. Em 2022, repetiu a medalha de bronze em Cabo Frio e foi campeão em Ubatuba, em São Paulo. 


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Ele também é um dos responsáveis pela primeira edição do Campeonato Mineiro de Surfe em solo mineiro. Durante 14 anos, a competição foi realizada no litoral dos estados de São Paulo ou Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2023, pela primeira vez, aconteceu no Rio Doce e contou com a presença de atletas de Belo Horizonte, Lagoa Santa, Jaboticatuba, Governador Valadares, Cataguases e Juiz de Fora.