Depois de um mês da tragédia que matou 39 pessoas, em 21 de dezembro, na BR-116, em Teófilo Otoni, na Região do Vale do Mucuri, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decretou a prisão do motorista do caminhão que estaria em alta velocidade. Na ocasião, o veículo de carga, que transportava bloco de granito, colidiu com o ônibus de viagem. Ele estaria sob efeito de álcool e drogas.
O motorista da carreta, que fugiu do local, alega que o pneu do coletivo estourou e a perda de controle do veículo causou o acidente. Ele se entregou à polícia dois dias depois da ocorrência, em 23 de dezembro, na sede do 15º Departamento de Polícia Civil, em Teófilo Otoni, acompanhado de advogados e foi liberado em seguida. Segundo a defesa, o homem fugiu do local por ter entrado em estado de pânico após o acidente.
Durante o depoimento, a perícia da corporação coletou amostras de urina para realização de exames clínicos. Os resultados apontaram o uso de álcool e drogas. Entre elas: cocaína e ecstasy. Além disso, a investigação apontou que, em ocasiões anteriores, ele foi abordado por policiais e demonstrava sintomas de embriaguez.
Além disso, conforme o juiz Danilo de Mello Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni, a prisão foi determinada por outros fatores como: ausência do motorista no local do acidente, o sobrepeso da carga da carreta, a ausência de conferência das condições de transporte da carga pelo motorista, o excesso de velocidade do veículo, a jornada exaustiva de viagem, a falta de descanso adequado.
Ainda segundo o magistrado, o motorista não demonstrou disposição de colaborar com as investigações, negando-se a disponibilizar seu aparelho celular para análise. Outro ponto apontado na decisão é que a teoria, colocada em depoimento pelo preso, de que o pneu do ônibus teria estourado foi refutada pela investigação.
Investigação
Em 26 de dezembro, a PC compareceu ao local da batida, que vitimou pelo menos 39 pessoas para colher informações. Para isso, foi usado um scanner 3D, equipamento que permite coletar imagens e, posteriormente, criar modelos de simulação da dinâmica do acidente.
O delegado de polícia Amaury Albuquerque destacou em coletiva de imprensa que ainda não é possível concluir o que de fato aconteceu, que as investigações seguem em andamento e não há prazo para conclusão do inquérito policial.
A produção de provas leva, até o momento, a acreditar no sobrepeso da carga que a carreta comportava, mas eles explicaram que ainda é preciso analisar todo o conjunto probatório, afirmando ainda que nenhuma hipótese foi descartada.
Dúvida no número de vítimas
Ainda na coletiva após o Natal, a Polícia Civil esclareceu a divergência entre o número de mortos no acidente estipulado pela corporação e a Emtram, empresa responsável pelo ônibus envolvido no acidente. A dúvida foi explicada em coletiva de imprensa em Teófilo Otoni.
O perito criminal Felipe Dapieve explica que a quantidade de 41 mortos é relativa ao número de sacos mortuários coletados no dia do acidente, 21 de dezembro. No entanto, ele ressalta que foi divulgado que havia 45 passageiros no ônibus, dos quais seis pessoas sobreviveram, o que resultaria em 39 mortos, como apontado pela empresa do ônibus.
Dapieve ainda destaca que, devido ao grau de carbonização dos corpos, é possível que tenha havido uma separação de uma mesma vítima em mais de um saco, mas isso só vai poder ser esclarecido com o fim da perícia.
O acidente
Na madrugada do dia 21 de dezembro, um ônibus da empresa Emtram levava 45 passageiros de São Paulo para a Bahia quando colidiu com uma carreta que transportava um bloco de granito e vinha no sentido contrário. Um carro de passeio que vinha atrás bateu na traseira do caminhão.
A Polícia Civil havia informado que a principal hipótese para o acidente é que houve o tombamento do semirreboque da carreta que transportava um bloco de granito, o que levou o ônibus a bater de frente com a rocha, causando um incêndio. Em seguida, um automóvel de passeio bateu na carreta deixando os três ocupantes feridos.
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Outra hipótese foi apresentada à Polícia Rodoviária Federal por Aldimar Ferreira Ribeiro, de 61 anos, que alega ser o condutor do caminhão que aparece em imagens de uma câmera de segurança segundos antes da colisão. Segundo ele, a carreta estava em alta velocidade e o ultrapassou pouco antes do acidente.